Empreendedorismo

Pequenos negócios locais ganham força na pandemia

Sete em cada dez consumidores passaram a comprar em comerciantes de bairro durante a Covid-19
Angela Miguel é editora de conteúdos customizados em HSM Management e MIT Sloan Review Brasil.

Compartilhar:

Com a pandemia da Covid-19, muitos comerciantes sofreram grandes revezes e precisaram fechar as portas. No entanto, levantamento realizado pelo Facebook, em parceria com a Deloitte indicou um sinal otimista para a comunidade PME: os consumidores passaram a comprar mais de pequenos negócios locais.

No estudo Pesquisa do uso das ferramentas digitais pelo consumidor, realizada em julho de 2020 com habitantes de 13 países, incluindo Brasil, Facebook e Deloitte demonstraram que os consumidores modificaram não apenas o que consomem, mas como consomem, onde consomem e como descobrem novos negócios durante a pandemia.

Nesse movimento, quem largou na frente foram os comerciantes de bairro, uma vez que 73% dos entrevistados começaram a comprar de lojas locais no período. Como principal razão para essa mudança de hábito, os participantes apontaram a sobrevivência dos negócios locais (48%).

## Hábitos em mutação
A decisão de priorizar o comércio local não se baseou apenas na preocupação da população com a perenidade desses negócios e da sustentação da própria comunidade local na Covid-19. Outro forte motivo apontado pelos entrevistados concentra-se na atuação online desses empreendedores. O levantamento mostrou que 54% escolheram comprar desses locais, pois as redes sociais os ajudaram a descobri-los.

Esse dado faz coro à constatação feita pela pesquisa. Com a pandemia, muitos que não tinham testado comprar pela internet foram atraídos pela modalidade devido à conveniência em tempos de distanciamento social. Em geral, 48% dos entrevistados relataram terem aumentado os gastos online desde o início da Covid-19, sendo o Reino Unido o país na liderança desse tipo de consumo (59%).

O atendimento e os preços também foram citado como fatores diferenciais dos pequenos negócios para o convencimento dos consumidores na pandemia – 67% dos participantes afirmaram terem escolhido essas empresas porque ofereciam melhores ofertas ou um serviço mais rápido. Como balanço, 39% dos pesquisadores esperam consumir mais de que pequenas empresas no futuro.

## Ferramentas digitais
Com o aumento do desemprego e com inúmeros negócios sendo fechados, a escolha sobre o que comprar também foi considerado pelo levantamento. Entre as compras mais realizadas no período, alimentação e produtos para casa lideram os índices.

As ferramentas digitais foram ainda citadas como fundamentais para que 38% dos respondentes substituíssem ao menos um de seus fornecedores tradicionais por um novo, além de serem determinantes para a comparação de preços e serviços, especialmente nos países mais atingidos economicamente pela pandemia.

O estudo indicou também que os consumidores passaram a utilizar mais as redes sociais para manter em alta o engajamento com o comércio local, interagindo nos perfis dos negócios. Isso fez com que 49% dos respondentes aumentassem o uso das redes sociais para conquistar novos clientes.

Sobre as interações em si, a pesquisa mostrou que chats são geralmente usados por consumidores para esclarecimento de dúvidas, enquanto likes, seguidores e compartilhamentos dizem respeito ao consumidor que quer conhecer mais sobre o negócio e o que ele pode oferecer de diferente.

Compartilhar:

Artigos relacionados

“Strategy Washing”: quando a estratégia é apenas uma fachada

Estamos entrando na temporada dos planos estratégicos – mas será que o que chamamos de “estratégia” não é só mais uma embalagem bonita para táticas antigas? Entenda o risco do “strategy washing” e por que repensar a forma como construímos estratégia é essencial para navegar futuros possíveis com mais consciência e adaptabilidade.

Como a inteligência artificial impulsiona as power skills

Em um universo do trabalho regido pela tecnologia de ponta, gestores e colaboradores vão obrigatoriamente colocar na dianteira das avaliações as habilidades humanas, uma vez que as tarefas técnicas estarão cada vez mais automatizadas; portanto, comunicação, criatividade, pensamento crítico, persuasão, escuta ativa e curiosidade são exemplos desse rol de conceitos considerados essenciais nesse início de século.

iF Design Awards, Brasil e criação de riqueza

A importância de entender como o design estratégico, apoiado por políticas públicas e gestão moderna, impulsiona o valor real das empresas e a competitividade de nações como China e Brasil.

Transformando complexidade em terreno navegável com o framework AIMS

Em tempos de alta complexidade, líderes precisam de mais do que planos lineares – precisam de mapas adaptativos. Conheça o framework AIMS, ferramenta prática para navegar ambientes incertos e promover mudanças sustentáveis sem sufocar a emergência dos sistemas humanos.

ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura
Inovação
7 anos depois da reforma trabalhista, empresas ainda não entenderam: flexibilidade legal não basta quando a gestão continua presa ao relógio do século XIX. O resultado? Quiet quitting, burnout e talentos 45+ migrando para o modelo Talent as a Service

Juliana Ramalho

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 4º país com mais crises de saúde mental no mundo e 500 mil afastamentos em 2023. As empresas que ignoram esse tsunami pagarão o preço em produtividade e talentos.

Nayara Teixeira

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Empresas que integram IA preditiva e machine learning ao SAP reduzem custos operacionais em até 30% e antecipam crises em 80% dos casos.

Marcelo Korn

7 min de leitura
Empreendedorismo
Reinventar empresas, repensar sucesso. A megamorfose não é mais uma escolha e sim a única saída.

Alain S. Levi

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A Inteligência Artificial deixou de ser uma promessa futurista para se tornar o cérebro operacional de organizações inteligentes. Mas, se os algoritmos assumem decisões, qual será o papel dos líderes no comando das empresas? Bem-vindos à era da gestão cognitiva.

Marcelo Murilo

12 min de leitura
ESG
Por que a capacidade de expressar o que sentimos e precisamos pode ser o diferencial mais subestimado das lideranças que realmente transformam.

Eduardo Freire

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A IA não é só para tech giants: um plano passo a passo para líderes transformarem colaboradores comuns em cientistas de dados — usando ChatGPT, SQL e 360 horas de aprendizado aplicado

Rodrigo Magnago

21 min de leitura