Editorial

Poços de caldas, 8 de março de 2022

A 151ª edição da HSM Management faz parte da série comemorativa dos 25 anos da revista e aborda a relação entre a gestão de empresas e o espírito do tempo
__Poliana Abreu__ é Diretora de conteúdo da HSM e SingularityU Brazil. Graduada em relações internacionais e com MBA em gestão de negócios, se especializou em ESG, cultura organizacional e liderança. Tem mais de 12 anos no mercado de educação executiva. É mãe da Clara, apaixonada por conhecer e viver em culturas diferentes e compra mais livros do que consegue ler.

Compartilhar:

Esta edição, parte da série comemorativa dos 25 anos de __HSM Management__, estampa na capa o tempo. O olhar sobre as ondas do tempo. A relação entre a gestão de empresas e o espírito deste momento. Fico muito feliz em ver o “zeitgeist” em nosso Dossiê, uma vez que ele pode ser o caminho mais curto e eficiente para a customer centricity – e uma vez que os empresários e executivos brasileiros podem se beneficiar muito desse conhecimento, pois sofrem para separar zeitgeist e modismo.

Carla Tieppo, faculty de neurociências da [SingularityUBrasil](https://www.singularityubrazil.com/), explica bem o segundo ponto no artigo [“Tendências e modismos: o que isso tem a ver
com seu cérebro?”] [link]. O zeitgeist deriva do que um dia foi uma tendência – nossa capacidade cerebral de analisar tendências é o que nos ajuda a lidar com as incertezas da vida. Mas quando, querendo ganhar dinheiro fácil, pessoas e empresas se apropriam de tendências ainda não estabelecidas e as produtificam prematura e superficialmente, elas as convertem em modismos. E, assim, as queimam antes que possam virar zeitgeist. Ao menos, foi como interpretei. Tanto que minhas palavras para definir esse conceito seriam: “zeitgeist é o conjunto de tendências que escapou dos modismos e se instalou na sociedade”.

Esse tema realmente mexe comigo. Talvez porque, no fundo, o que a gente faz na HSM é mapear o zeitgeist e ajudar os gestores a traduzi-lo em ações práticas para organizações e carreiras. Ou porque a pandemia nos levou a refletir mais sobre nosso tempo. Seja como for, vou me permitir explorar um pouco o zeitgeist neste espaço, já que o Reynaldo Gama me cedeu a caneta – temporariamente risos. A [Paula Englert, da Box 1824](https://www.revistahsm.com.br/post/zeitgeist-o-que-voce-e-seu-negocio-tem-a-ver-com-isso), diz à nossa repórter Sandra Regina da Silva que a busca por afeto e autonomia vem definindo o zeitgeist dos últimos dez anos, e também cita a busca por propósito e impacto (ESG, numa liberdade poética).

Enquanto escrevo, lembro que estou em Poços de Caldas (MG), cidade em que nasci e que deixei ainda bebê – e para onde meus pais voltaram, 35 anos depois. Vim numa viagem afetiva – vejo as montanhas mineiras pela janela e sinto o cheiro do pão de queijo que minha mãe acabou de tirar do forno – e exercendo minha autonomia de trabalho remoto. Noto também que minha carreira tem estado alinhada ao espírito do tempo. Por coincidência ou não, a trajetória não linear que trilhei faz todo o sentido hoje. Por um longo período me dediquei à cooperação e à negociação internacional. Cheguei a fazer um curso sobre mulheres em tempos de guerra e de paz, um conhecimento que volta a ser contemporâneo quando o mundo fala de guerra e de ESG. Tudo isso tem a ver com propósito e impacto – o que continua na HSM, onde queremos mudar o Brasil pela educação.

Afeto, autonomia e propósito também me fazem recomendar algumas marcas desta edição. Uma é o fato de ela ser inteira feita por mulheres – como fontes para todos os temas da gestão. A segunda é ver um [case de inovação da Algar Telecom] [link “Inovando na economia compartilhada: o case Algar Telecom”], empresa da minha terra, conduzido pela Ana Flávia Martins. E outra é a pesquisa [“Melhores para o Brasil 2022”](https://www.revistahsm.com.br/post/as-melhores-para-o-brasil-em-2022), da Humanizadas, em que vários stakeholders são os avaliadores.

Acho que minha sintonia com o zeitgeist também explica o fato de eu ainda ser quem fui. Pensava que sustentabilidade era página virada de minha história, trocada por conteúdo e marketing, mas, quando me convidaram para dar um curso de ESG, de repente eu tinha gravado 18 aulas sem intervalo e com a maior naturalidade. É afeto isso, não é? Guardava tudo em mim. Então, leia esta revista de e com propósito!

Compartilhar:

__Poliana Abreu__ é Diretora de conteúdo da HSM e SingularityU Brazil. Graduada em relações internacionais e com MBA em gestão de negócios, se especializou em ESG, cultura organizacional e liderança. Tem mais de 12 anos no mercado de educação executiva. É mãe da Clara, apaixonada por conhecer e viver em culturas diferentes e compra mais livros do que consegue ler.

Artigos relacionados

Reputação sólida, ética líquida: o desafio da integridade no mundo corporativo

No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real – e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura
User Experience, UX
Na era da indústria 5.0, priorizar as necessidades das pessoas aos objetivos do negócio ganha ainda mais relevância

GEP Worldwide - Manoella Oliveira

9 min de leitura
Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
Esse fio tem a ver com a combinação de ciências e humanidades, que aumenta nossa capacidade de compreender o mundo e de resolver os grandes desafios que ele nos impõe

CESAR - Eduardo Peixoto

6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.

Rafael Ferrari

12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Inclusão
Imagine estar ao lado de fora de uma casa com dezenas de portas, mas todas trancadas. Você tem as chaves certas — seu talento, sua formação, sua vontade de crescer — mas do outro lado, ninguém gira a maçaneta. É assim que muitas pessoas com deficiência se sentem ao tentar acessar o mercado de trabalho.

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Saúde Mental
Desenvolver lideranças e ter ferramentas de suporte são dois dos melhores para caminhos para as empresas lidarem com o desafio que, agora, é também uma obrigação legal

Natalia Ubilla

4 min min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Cris Sabbag, COO da Talento Sênior, e Marcos Inocêncio, então vice-presidente da epharma, discutem o modelo de contratação “talent as a service”, que permite às empresas aproveitar as habilidades de gestores experientes

Coluna Talento Sênior

4 min de leitura