Dossiê HSM

Raphael e Fábio: Muito além da comida

É preciso transcender a figura do chef ao criar experiências fora de lugar

Compartilhar:

Ele tinha tudo para ser um chef de cozinha tradicional. A família era dona do renomado restaurante francês Marcel, em São Paulo. Ao terminar a escola, estudou gastronomia na França e estagiou no hotel Ritz com apenas 17 anos. De volta ao Brasil, ganhou prêmios de chef revelação. “Entrei naquela super egotrip de cozinheiro”, relembra Raphael Despirite. “Aí pensei: por que estou fazendo isso? Isso é para mim, mesmo?”

A dúvida coincidiu com a procura de um lugar para morar. O ano era 2012, e Despirite se encantou com a cobertura de um prédio art déco recém-revitalizado no velho centro paulistano, o Marian. Em vez de comprar ou alugar o imóvel, imaginou um grande jantar no apartamento. Mas não seria só um jantar: mesa coletiva, pessoas desconhecidas, comida surpresa, bebida à vontade, banda de jazz. Assim nasceu o Fechado para Jantar, um dos mais criativos projetos gastronômicos do País. “Queria que aquela experiência fosse legal para os outros e para mim”, diz.
A primeira edição reuniu 50 convidados – um sucesso. Nos dias seguintes, o boca a boca gerou expectativa para o próximo evento. A decisão foi: nada de repetir a fórmula. Era preciso encontrar outro lugar, outra decoração, outro cardápio. “Eu nem sabia direito o que estava fazendo. Pegava cadeiras e itens do restaurante da família.” O exercício criativo mudou de patamar com a chegada de um sócio, Fábio Gastaldi, produtor de vídeo e amigo de infância de Despirite. Os dois trocam muitas ideias, mas cada um tem suas responsabilidades. Enquanto o chef é quem pensa no enredo e nas harmonizações, Gastaldi é que “faz funcionar”.

## Sempre uma surpresa
Cada edição é uma história a contar, em que a comida e a bebida exercem a função de fio condutor. “Tudo que a gente insere tem algo por trás. O prédio é histórico, o vinho é do produtor tal, o café é de uma linha especial”, explica. Já houve jantares em estação de trem, colégios e casas abandonados, no topo de uma favela, no Jockey Club, no bondinho do Pão de Açúcar, num galpão de café na Mooca e até mesmo no antigo cofre do Farol Santander. “Passamos quatro dias limpando o cofre, que agora é o Bar Astor. Nossa intenção é sempre pegar um lugar meio abandonadão e reavivá-lo.”

Até 2020, o projeto tinha quatro edições “próprias” – ou seja, independentes – por ano. E mais outras tantas com patrocinadores como Johnnie Walker, Nespresso, Converse e Uber.
E o que aconteceu na pandemia? A saída foi migrar para o digital criativamente – e isso tem sido outro sucesso, segundo os sócios. As lives no YouTube são acompanhadas de casa pelos participantes, que recebem boxes com comidas, bebidas e mimos. “Chegamos a vender 300 kits em 5 minutos. A mistura de digital com offline chegou para ficar e vamos seguir fazendo em paralelo.”

Compartilhar:

Artigos relacionados

Os sete desafios das equipes inclusivas

Inclusão não acontece com ações pontuais nem apenas com RH preparado. Sem letramento coletivo e combate ao capacitismo em todos os níveis, empresas seguem excluindo – mesmo acreditando que estão incluindo.

Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025
Na era da hiperconexão, encerrar o expediente virou um ato estratégico - porque produtividade sustentável exige pausas, limites e líderes que valorizam o tempo como ativo de saúde mental.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura
Liderança
3 de novembro de 2025
Em um mundo cada vez mais automatizado, liderar com empatia, propósito e presença é o diferencial que transforma equipes, fortalece culturas e impulsiona resultados sustentáveis.

Carlos Alberto Matrone - Consultor de Projetos e Autor

7 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
31 de outubro de 2025
Entenda como ataques silenciosos, como o ‘data poisoning’, podem comprometer sistemas de IA com apenas alguns dados contaminados - e por que a governança tecnológica precisa estar no centro das decisões de negócios.

Rodrigo Pereira - CEO da A3Data

6 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
30 de ouutubro de 2025
Abandonando o papel de “caçador de bugs” e se tornando um “arquiteto de testes”: o teste como uma função estratégica que molda o futuro do software

Eric Araújo - QA Engineer do CESAR

7 minutos min de leitura
Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de outubro de 2025
Programas corporativos de idiomas oferecem alto valor percebido com baixo custo real - uma estratégia inteligente que impulsiona engajamento, reduz turnover e acelera resultados.

Diogo Aguilar - Fundador e Diretor Executivo da Fluencypass

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança