Inovação
6 min de leitura

SXSW 2025: Nem tudo é tendência para o brasileiro

De 'fofoca positiva' à batom inteligente: SXSW 2025 revela tendências globais que esbarram na realidade brasileira - enquanto 59% rejeitam fofocas no trabalho, 70% seguem creators e 37% exigem flexibilidade para permanecer em empregos. Inovar será traduzir, não copiar
CSO/Partner Hibou Pesquisas e Insights

Compartilhar:

Dia 1 SXSW

O SXSW é sempre um espaço para grandes novidades, futurismos dos mais diversos e identificação de tendências que podem ou não ser aplicáveis no mundo todo. Por isso, um movimento inteligente é o de analisar a fim de saber se o conteúdo se traduz na alfândega do contexto.

Este ano o Festival trouxe alguns desses temas que merecem nossa atenção, embora nem tudo seja fácil de trazer para os trópicos.

Cito alguns que chamaram a atenção e, a partir disso, nós da Hibou fomos ouvir a opinião dos brasileiros no último dia 14, quando falamos com 1.080 respondentes em todo o país sobre alguns temas expostos em Austin (com 3% de margem de erro).

1. A Fofoca positiva, existe?

Amy Gallo abordou os impactos positivos e negativos da fofoca no ambiente de trabalho, relevando sua má reputação e apresentando formas de usá-la estrategicamente para fortalecer conexões, influenciar a cultura organizacional e até impulsionar carreiras.

O CTA de Amy Gallo é deixar de lado a culpa e aplicar a informação obtida com base na confiança naquilo que não compromete a carreira.

Entre os seus insights, estão:

* A fofoca tem uma função social e evolutiva;

* Ajuda a identificar quem é confiável;

* Dá pistas sobre normas do grupo e cultura organizacional;

* Permite antecipar mudanças e se preparar melhor;

* Ajuda a criar conexões sociais e fortalecer vínculos.

Hibou destaca: é um desafio considerável implementar essa visão, já que, dentro do ambiente de trabalho, 59% dos brasileiros encaram a fofoca como algo negativo, enquanto 53% acreditam que fofoca serve para difamar as pessoas; ou seja ninguém vê lado bom nisso.

Pode ser uma resposta muito educadinha dos respondentes, mas demonstra que há pouco espaço para defendê-la, pelo menos por enquanto.

2. Os Creators e a busca pelo superengajamento.

A palestra de Joshua Milburn (The Minimalists) apontou para a mudança de estratégia de vários creators e marcas, numa jogada que faz bastante sentido. A meta, no caso, seria a de ultrapassar uma camada mais superficial da atenção, expressa no nome de seguidores, em busca dos superfãs engajados onde alcance e curtidas perdem importância. A valorização do fã como principal meta tem a intenção de criar uma campanha que fique e converta, e que não desapareça no scroll.

O debate do fan engagement está sempre aí, tentando descer aos níveis mais estreitos do funil e convertendo em vendas ou monetização.

Hibou destaca: hoje 7 em cada 10 brasileiros seguem algum criador de conteúdo e para a maioria a maior forma de monetização para esses criadores é via propaganda em seus canais (62%),  doação de seus seguidores (48%) ou vendendo produtos com a sua marca (47%). Aqui, a tendência do Joshua pode ganhar força principalmente com os produtos proprietários.

3. Gadgets para melhor a qualidade de vida.

E aqui é importante olhar que esses produtos podem ser relacionados a monitoramento da saúde ou simplesmente um produto que proporcione mais liberdade ao seu público. Amy Webb falou sobre os sensores para monitoramento da saúde, analisando biomarcadores em tempo real e o Boticário após 7 anos de desenvolvimento conquistou o People’s Choice Awards do SXSW com o 1º batom inteligente do mundo permite que pessoas com deficiência visual ou limitações motoras nos membros superiores utilizem o item de maquiagem de forma autônoma e sem dificuldades.

São marcas e pessoas entendendo de consumidor e suas rotinas, é um grande passo para boas relações e fidelizações de marca.

Hibou destaca: para ouvir o brasileiro, perguntamos o quanto eles consideram futurista um relógio que constantemente monitora batimento cardíaco, oxigenação, pressão arterial e aviso de queda, criando um histórico ao longo do dia e chamando automaticamente um serviço de emergência caso necessário. Na pesquisa, 30% acreditam que só em 2030,  22% entre 2026 e 2028; porém, esse relógio já existe no Brasil e ajuda as pessoas com mais idade ou doenças crônicas cuidarem de sua saúde.

4. Como e por que continuar a inovar

No lançamento de The MoonShot Podcast, Astro Teller abordou os desafios de inovação no Google X ao lado de Adam Savage, Nick Thompson e Catie Cuan. Na pauta, os 15 anos do Google X, listando desafios e aprendizados dos projetos mais audaciosos do laboratório de inovação da Alphabet. 

Mais uma vez, ressaltou-se a ideia de que a inovação depende de experimentar logo e fracassar sem apego; os maiores avanços, segundo Teller e Savage, vieram de tentativa e erro;

⁠Reflexões sobre como transformar tecnologias disruptivas em soluções aplicáveis e escaláveis, ou inovando como uma moldagem do futuro por meio de ideias ambiciosas, e não uma simples criação de tecnologias e pronto. É preciso fazer sentido, ter contexto com a jornada das pessoas.

Hibou destaca: apenas 12% dos brasileiros estão céticos, acreditando que a tecnologia tem piorado nas últimas atualizações. O restante, mesmo com ressalvas, considera que a inovação tem melhorado a rotina e qualidade de vida. Quando falamos sobre o uso de tecnologias no entretenimento, 54% afirmam que tudo parece a mesma história recontada de forma diferente. Logo, é hora de pensar o que realmente pode surpreender quem busca filmes, séries e novelas.

5. O impacto recente da IA não passou despercebido no SXSW 2025, como era de se esperar

Ian Beacraft abordou os impactos mais recentes da inteligência artificial na sociedade e nos negócios, como o uso dela como ferramenta estratégica, mudando a forma como tomamos decisões. Ele também abordou como algumas profissões tradicionais estão sumindo, ao mesmo tempo em que criam interseções importantes entre a ferramenta e o pensamento humano.

Rashad Takawala, que é autor de Rethinking Work, foi além e apresentou previsões sobre como o mercado de trabalho deverá mudar até 2030, aliando à IA outros cenários da gig economy e dos marketplaces. Segundo Takawala, a partir de boa parte do comportamento dos colaboradores de plataformas como Uber (e, por que não, o iFood brasileiro), o futuro trará:

•⁠  ⁠declínio do emprego tradicional: A transição de carreiras fixas para trabalho baseado em projetos e tarefas. 

•⁠  ⁠ascensão das plataformas de trabalho: Marketplaces e IA permitirão maior flexibilidade para trabalhadores independentes. 

•⁠  ⁠necessidade oferecer modelos mais flexíveis para reter os melhores profissionais.

Hibou destaca: quando o assunto é trabalho, o brasileiro está antenado as mudanças. 37% acreditam que uma empresa para manter um bom colaborador terá sim que ser mais flexível. 28% concordam com o Takawala que as plataformas para os trabalhadores independentes significam mais liberdade, já o trabalho por projetos ainda não ganhou força e apenas 17% dos respondentes acreditam nesse caminho. A falta de estabilidade com certeza é hoje o principal ponto que coloca os brasileiros longe desse modelo por projetos e mais próximo da CLT, ao menos para algumas profissões.

Além destes temas, questionamos muitos outros e é muito interessante ver como o brasileiro mesmo com sua rotina apertada de pagar contas, aproveitar umas férias e cuidar da casa está com alguns desses temas no radar, sempre buscando uma melhor qualidade de vida para sua família. As marcas precisam entender esses pontos que estão evidentes e já são decisivos para a transformação da compra, da marca e da forma de consumo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura
User Experience, UX
Na era da indústria 5.0, priorizar as necessidades das pessoas aos objetivos do negócio ganha ainda mais relevância

GEP Worldwide - Manoella Oliveira

9 min de leitura
Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
Esse fio tem a ver com a combinação de ciências e humanidades, que aumenta nossa capacidade de compreender o mundo e de resolver os grandes desafios que ele nos impõe

CESAR - Eduardo Peixoto

6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.

Rafael Ferrari

12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Inclusão
Imagine estar ao lado de fora de uma casa com dezenas de portas, mas todas trancadas. Você tem as chaves certas — seu talento, sua formação, sua vontade de crescer — mas do outro lado, ninguém gira a maçaneta. É assim que muitas pessoas com deficiência se sentem ao tentar acessar o mercado de trabalho.

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Saúde Mental
Desenvolver lideranças e ter ferramentas de suporte são dois dos melhores para caminhos para as empresas lidarem com o desafio que, agora, é também uma obrigação legal

Natalia Ubilla

4 min min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Cris Sabbag, COO da Talento Sênior, e Marcos Inocêncio, então vice-presidente da epharma, discutem o modelo de contratação “talent as a service”, que permite às empresas aproveitar as habilidades de gestores experientes

Coluna Talento Sênior

4 min de leitura