Gestão de Pessoas

Trabalho invisível: mulheres e o cuidado não remunerado

A expectativa de vida cresceu consideravelmente, chegando a 76 anos em alguns pontos no Brasil, então: é hora de reconhecer o poder econômico e os hábitos de consumo dessa população madura e diversa, que representa uma oportunidade valiosa para os negócios.
Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME. Vice-Presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e Membro do Conselho da Presidência da República – CDESS. Presidente do W20, grupo de engajamento do G20. Conselheira da UAM/Grupo Ânima. Reconhecida no ranking Melhores Líderes do Brasil da Merco e por prêmios como: Bloomberg 500 mais influentes da América Latina 2024, Melhores e Maiores 2024, Empreendedor Social 2023, Executivo de Valor 2023 e Forbes Brasil Mulheres Mais Poderosas 2019. Autora do livro “Negócios: um assunto de mulheres - A força transformadora do empreendedorismo feminino".

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Recentemente fui impactada pelos vídeos da Anaterra, em sua conta do Instagram (@anaterra.oli), onde pelas ruas ela faz simples perguntas para homens e mulheres: ‘’Você descansa quando chega do trabalho?’’, ‘’Quem cuida dos enfermos ou idosos da sua casa?’’, ‘’Quem cuida das crianças da casa e família?’’ Bom, acho que todos sabemos a resposta. Segundo o IBGE, 85% do trabalho do cuidado é feito por mulheres, o que levanta questões sobre a profunda desigualdade de responsabilidades entre os gêneros, a sobrecarga mental e física, além da renúncia aos sonhos, planos e carreira que muitas mulheres enfrentam, por estarem ocupadas cuidando.

Trabalho do Cuidado são todas aquelas atividades que são invisíveis, mas fundamentais para que a dinâmica da vida funcione, e não digo isso só dentro de cada casa; o trabalho do cuidado é essencial para o mundo girar, estima-se que essas atividades movimentam 10,8 trilhões por ano na economia global. As mulheres dedicam, em média, mais de 61 horas por semana a trabalhos não remunerados, enquanto os homens podem descansar ou não fazer nada quando chegam em casa de seus empregos, as mulheres precisam trabalhar mais.

Desde pequenas, as meninas são introduzidas nas tarefas domésticas, o que as impede de focar em si mesmas. A UNICEF aponta que as meninas dedicam 40% mais do seu tempo nessas atividades do que meninos da mesma idade. Não há prosperidade nesse ciclo de exaustão e saúde mental comprometida.

Em um mundo feito por e para homens, o percurso para trilhar uma carreira ou simplesmente existir para as mulheres é marcado por obstáculos sistêmicos, desigualdades profundas e até pelo cuidado. Se o trabalho é invisível, mas existe e custa caro, como dar valor e cobrar por essas atividades? É urgente reconhecer o trabalho do cuidado como trabalho, de fato. O que chamam de vocação, para nós é trabalho.

Costumo dizer que não somos guerreiras, somos mulheres possíveis. Não precisamos dar conta de tudo, e nem devemos. Às vezes, a janta para seus filhos será um macarrão instantâneo de 3 minutos, e está tudo bem. É preciso delegar tarefas, ensinar e, muitas vezes, simplesmente ‘deixar para lá’. Para mudar o jogo, precisamos da união de políticas públicas e conscientização social, isso começa com o reconhecimento e apoio ao valor do trabalho não remunerado, e com a implementação de medidas que fomentem a igualdade de gênero em todos os setores da sociedade.

Exausta em cuidar de todos, como vamos alcançar nosso bem-estar e progresso?

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Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME. Vice-Presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e Membro do Conselho da Presidência da República – CDESS. Presidente do W20, grupo de engajamento do G20. Conselheira da UAM/Grupo Ânima. Reconhecida no ranking Melhores Líderes do Brasil da Merco e por prêmios como: Bloomberg 500 mais influentes da América Latina 2024, Melhores e Maiores 2024, Empreendedor Social 2023, Executivo de Valor 2023 e Forbes Brasil Mulheres Mais Poderosas 2019. Autora do livro “Negócios: um assunto de mulheres - A força transformadora do empreendedorismo feminino".

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