Tecnologia & inteligencia artificial, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
5 minutos min de leitura

IA e produtividade no trabalho: Encontrando o equilíbrio certo

A IA está redefinindo o trabalho - e cabe ao RH liderar a jornada que equilibra eficiência tecnológica com desenvolvimento humano e cultura organizacional.
Michelle Carcardo atua como Gerente Sênior de Desenvolvimento de Negócios na LATAM para a Deel, a plataforma líder em contratação, compliance e pagamentos para equipes internacionais. Anteriormente, Michelle liderou a divisão de negócios de headhunting de TI na América Latina para a MyDNA, onde foi fundamental no apoio a mais de 800 clientes na construção de suas equipes digitais.

Compartilhar:

A IA está se tornando cada vez mais integrada ao modo como as empresas operam, e sua adoção só tende a acelerar à medida que os investimentos na tecnologia aumentam. Especialmente porque a maioria dos líderes empresariais agora espera recorrer à tecnologia para preencher lacunas de produtividade, em meio ao aumento dos custos de contratação.

Isso também acontece no momento em que os trabalhadores estão se sentindo mais confortáveis, e até ansiosos, para usar a IA por conta própria, com ou sem o fornecimento da ferramenta por parte dos empregadores. Mais de 80% dos usuários do ChatGPT já utilizam a ferramenta para tarefas relacionadas ao trabalho, e dois terços dizem que ela os ajuda a gerar ideias ou explorar soluções.

No entanto, esse entusiasmo levanta questões sobre como encontrar o equilíbrio certo entre a expertise humana e a tecnologia. A IA pode, sem dúvida, melhorar a eficiência, mas se o uso excessivo da tecnologia fizer com que os clientes se sintam menos valorizados ou atrapalhar a colaboração e o relacionamento entre colegas, esses ganhos de produtividade podem ser anulados.


Unindo IA ao toque humano

Essa dinâmica coloca as equipes de RH, muitas das quais também estão usando IA, no centro da solução. Os líderes precisam garantir que as equipes em toda a organização estejam utilizando a IA para aprimorar suas operações, sem negligenciar as tarefas que exigem uma abordagem humana, como o onboarding de novos funcionários ou clientes.

O uso da IA dentro do próprio RH é um bom estudo de caso. Mais de dois terços dos profissionais de RH acreditam que a IA simplifica o processo de encontrar candidatos qualificados, mas isso não significa que todo o processo de contratação possa, ou deva, ser automatizado. Embora a IA seja útil para tarefas repetitivas e tediosas, como triagem de currículos, o mesmo não pode ser dito sobre a comunicação com os candidatos durante o processo. Enviar uma rejeição automatizada e impessoal, por exemplo, transmite uma imagem negativa da organização e prejudica sua reputação. Da mesma forma, nenhum candidato aprovado gostaria que todo o seu processo de integração fosse totalmente virtual, mesmo que isso economizasse ainda mais tempo do RH.

Em vez disso, as equipes de RH que integraram a IA de forma eficaz estão economizando tempo onde é possível e reinvestindo esse tempo em tarefas humanas que a IA não pode realizar. Livres das tarefas administrativas repetitivas, podem se concentrar no que realmente importa, engajar talentos de alto nível e cultivar a cultura organizacional, que juntos formam a base de qualquer empresa bem-sucedida.

A mesma abordagem se aplica às áreas de vendas, jurídico ou desenvolvimento de software. Remover totalmente o toque humano em favor de ganhos de eficiência seria um erro. Enquanto as empresas precisarem lidar com pessoas, ter funcionários qualificados e motivados para atender essas demandas será um ativo insubstituível.


Evoluir no mesmo ritmo que a IA

O uso da IA continuará evoluindo de formas que ainda não conseguimos prever, o que significa que aproveitá-la ao máximo exigirá aprendizado e desenvolvimento contínuos.

Embora o aprimoramento técnico e a alfabetização em IA sejam fundamentais, há uma demanda igual ou até maior por capacidades que a IA não consegue replicar, como criatividade, inteligência emocional e liderança. É fundamental que as empresas incentivem os funcionários a trabalharem lado a lado com a IA para potencializar seus resultados, mas sem comprometer o desenvolvimento das soft skills.

Criar jornadas de aprendizado personalizadas não é tarefa simples e será mais uma responsabilidade do RH. Se as organizações não oferecerem treinamentos regulares, correm o risco de permitir que as habilidades se tornem obsoletas ou desbalanceadas, já que alguns colaboradores podem buscar desenvolver suas competências em IA por conta própria, enquanto outros ficam para trás.

Esse é mais um bom exemplo de como, para alcançar os melhores resultados, pessoas e IA precisam trabalhar em conjunto. A tecnologia pode ajudar a desenhar planos de treinamento ou criar modelos básicos, mas a entrega e a personalização exigem conhecimento humano e sensibilidade.

E isso não para por aí. A IA está avançando em um ritmo tão acelerado que habilidades aprendidas hoje podem não ser mais relevantes em um ano, ou até mesmo em alguns meses. Lembre-se: quando o ChatGPT começou a ganhar atenção, era muito diferente da ferramenta que é hoje, e isso é apenas um exemplo dentro de um ecossistema cada vez maior de soluções de IA.


Um caminho longo – mas que vale a pena

Não há como escapar: a IA será o fator que definirá como as empresas evoluirão nos próximos anos. Os stakeholders esperam investimentos e os trabalhadores estão ansiosos para colher os benefícios, mas encontrar o equilíbrio certo entre tecnologia e pessoas será um desafio recorrente para os líderes.

O sucesso das organizações na implantação da IA não será determinado pela velocidade com que a adotam, mas por quão bem elas aproveitam a combinação certa de habilidades para maximizar seu potencial. E, embora isso naturalmente recaia sobre o RH, líderes de todas as áreas precisam assumir parte da responsabilidade para guiar suas equipes e garantir que tarefas que exigem um toque humano não sejam delegadas à IA.

Isso não acontecerá da noite para o dia. Acertar esse equilíbrio será um processo contínuo: acompanhar os desenvolvimentos mais recentes, entender os benefícios e identificar como eles podem liberar tempo para que os colaboradores se dediquem a tarefas mais valiosas.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação e comunidades na presença digital

A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Bem-estar & saúde, Liderança
5 de dezembro de 2025
Em um mundo exausto, emoção deixa de ser fragilidade e se torna vantagem competitiva: até 2027, lideranças que integram sensibilidade, análise e coragem serão as que sustentam confiança, inovação e resultados.

Lisia Prado - Consultora e sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Finanças
4 de dezembro de 2025

Antonio de Pádua Parente Filho - Diretor Jurídico, Compliance, Risco e Operações no Braza Bank S.A.

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
3 de dezembro de 2025
A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Gabriel Andrade - Aluno da Anhembi Morumbi e integrante do LAB Jornalismo e Fernanda Iarossi - Professora da Universidade Anhembi Morumbi e Mestre em Comunicação Midiática pela Unesp

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2 de dezembro de 2025
Modelos generativos são eficazes apenas quando aplicados a demandas claramente estruturadas.

Diego Nogare - Executive Consultant in AI & ML

4 minutos min de leitura
Estratégia
1º de dezembro de 2025
Em ambientes complexos, planos lineares não bastam. O Estuarine Mapping propõe uma abordagem adaptativa para avaliar a viabilidade de mudanças, substituindo o “wishful thinking” por estratégias ancoradas em energia, tempo e contexto.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

10 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
29 de novembro de 2025
Por trás das negociações brilhantes e decisões estratégicas, Suits revela algo essencial: liderança é feita de pessoas - com virtudes, vulnerabilidades e escolhas que moldam não só organizações, mas relações de confiança.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

3 minutos min de leitura
Estratégia, Marketing & growth
28 de novembro de 2025
De um caos no trânsito na Filadélfia à consolidação como código cultural no Brasil, a Black Friday evoluiu de liquidação para estratégia, transformando descontos em inteligência de precificação e redefinindo a relação entre consumo, margem e reputação

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de novembro de 2025
A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” parece ingênua, mas carrega uma armadilha: a ilusão de que há um único futuro esperando por nós. Essa mesma armadilha ronda o setor automotivo. Afinal, que futuros essa indústria, uma das mais maduras do mundo, está disposta a imaginar para si?

Marcello Bressan, PhD, futurista, professor e pesquisador do NIX - Laboratório de Design de Narrativas, Imaginação e Experiências do CESAR

4 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
26 de novembro de 2025
Parar para refletir e agir são forças complementares, não conflitantes

Jose Augusto Moura - CEO da brsa

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
25 de novembro de 2025

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom Tecnologia

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança