Liderança, times e cultura, ESG

O perfil do líder que todos precisamos ser

Conheça as 4 skills para reforçar sua liderança, a partir das reflexões de Fabiana Ramos, CEO da Pine PR.
Fabiana Ramos é CEO da PinePR, agência de PR especializada no atendimento a scale-ups, empresas de tecnologia e grandes players inovadores, com atuação dentro e fora do Brasil, e possui 20 anos de experiência em empresas multinacionais. É responsável pela expansão comercial da agência e por posicionar a PinePR como referência no mercado, garantindo a melhor experiência para os clientes. Atuou também por 3 anos na expansão comercial da Swarovski, desenvolvendo uma abordagem internacional de vendas. Em 2024, foi convidada a se tornar Membro do Conselho Consultivo do 30%Club Brazil, iniciativa global que promove a equidade de gênero nos Conselhos de Administração das 100 maiores companhias do Mercado de Capitais e também nas posições C-Level.

Compartilhar:

Estamos vivendo um momento de transformações profundas na liderança das empresas. Especialmente nas empresas de tecnologia, e cada vez mais nas corporações, os Millennials estão se colocando nos níveis mais altos da hierarquia – trazendo consigo seus princípios, valores e visão de mundo.

Cabe aqui um parêntese para alinhamento: os Millennials, de modo geral, são as pessoas nascidas entre 1980 e 1995, que saíram da adolescência na virada do século. São pessoas mais digitalizadas que a geração anterior, mas não são nativas digitais – esse rótulo cabe para a Geração Z, nascida entre 1996 e 2010. Portanto, estamos falando de líderes entre 30 e 45 anos, que cresceram em um mundo analógico e se adaptaram a um cenário em acelerada digitalização. Essa é uma nova geração de líderes com características bem diferentes do “time” anterior, que hoje tem entre 45 e 60 anos, aproximadamente.

Estando à frente de uma empresa com uma liderança jovem, tanto no nível sênior quanto na média gestão, e com muita gente da Geração Z já mostrando um enorme potencial, noto que as características dos líderes atuais evoluíram, trazendo novas abordagens e perspectivas:

● Os novos gestores querem ser respeitados pelo que trazem para a empresa;

● Desejam fazer a diferença, tendo um impacto positivo no mundo;

● Tem o objetivo de contribuir para o crescimento da sociedade e do negócio, sempre em um ambiente de diálogo;

● Respeitam a individualidade e a segurança de poderem se expressar livremente;

● Atuam de forma colaborativa, ao mesmo tempo em que têm oportunidades de atuar com autonomia;

● Têm um mindset de aprendizado contínuo – e todo dia é uma nova oportunidade de conhecer algo novo. Isso faz com que sejam adaptáveis e resilientes: 60% dos Millennials entrevistados pela Harvard Business Review dizem que essas características são essenciais para lidar com mudanças constantes.

● Tentam equilibrar trabalho e vida pessoal, o que faz com que valorizem o trabalho híbrido ou remoto;

● Entendem que o ambiente de trabalho é um ambiente de colaboração, não de competição. Segundo uma pesquisa da Gallup, 71% dos Millennials preferem estar em um local colaborativo, que valorize a contribuição de todos.

Talvez seja possível resumir todas essas características em duas palavras: Inteligência Emocional. Líderes emocionalmente inteligentes geram um impacto muito positivo, pois criam um ambiente voltado ao crescimento individual e coletivo, atendem às necessidades de cada profissional sem abrir mão das metas do negócio, valorizam os relacionamentos de longo prazo, gerenciam problemas e conflitos de forma mais eficaz e se adaptam melhor às mudanças.

Os resultados disso são palpáveis. Um relatório da McKinsey mostra que empresas com líderes com alta inteligência emocional têm 20% mais probabilidade de reter talentos e 17% mais possibilidade de ter equipes altamente engajadas. Mais retenção e engajamento significa mais resultados.

# 4 skills para reforçar na liderança

Desenvolver, atrair e reter lideranças com as características que comentei não é algo que pode ser facilmente definido em um manual. Não se trata de hard skills – conhecimentos técnicos bem determinados e mensuráveis. Estamos no mundo das soft skills – a habilidade de lidar com o que nos faz humanos.

E não se iluda: a expansão da Inteligência Artificial nos próximos anos só fará aumentar a necessidade de contarmos com líderes cujas soft skills sejam altamente desenvolvidas. Afinal de contas, tudo o que é formatável poderá ser colocado em um algoritmo e deixado a cargo de uma IA. O que escapa disso é justamente o que nos faz humanos.

Nesse sentido, as soft skills moldam a atual geração de líderes – e serão
condição básica para os líderes da próxima década. Por isso, as empresas
precisam preparar os profissionais para desenvolver 4 capacidades essenciais:

__1. Adaptabilidade__

A capacidade de se ajustar rapidamente a novas situações, tecnologias e desafios faz com que os líderes tenham capacidade de inovar em um ambiente de constante mudança.

Nesse ponto, existe um embate importante. É natural que inovações sejam vistas com reserva por profissionais que estão há anos ou décadas fazendo suas atividades de uma certa maneira. É natural do ser humano: se não quebrou, não conserte. Por isso, a cultura da empresa precisa valorizar novas ideias e estimular inovações. Evitar erros é bom, mas com frequência isso leva os negócios a se tornarem refratários a mudanças – e esse é um caminho certo para o fracasso.

Uma cultura de adaptabilidade nasce nos níveis executivos, que precisam criar um “desconforto saudável”, propondo mudanças e melhorias constantes em vez de cristalizar ideias e conceitos. Essas propostas podem surgir em hackathons internos ou no investimento em startups, se traduzindo em metas financeiras (como um percentual das vendas advindas de lançamentos de produtos). É impossível gerar adaptabilidade se existe estabilidade. É preciso exercitar constantemente novas habilidades para gerar novos cenários, ideias e
negócios.

__2. Empatia__

Os líderes jovens possuem uma capacidade maior de compreender e se conectar às emoções dos outros, utilizando-as para construir relacionamentos fortes e, com isso, criar ambientes de trabalho positivos, baseados na colaboração entre as pessoas.

Mais uma vez, a cultura corporativa precisa valorizar a construção de relacionamentos. Mesmo em ambientes de trabalho híbrido ou 100% home office, é importante criar oportunidades para que o time se conheça, interaja e encontre pontos em comum que vão além do trabalho.

Executivos que queiram criar ambientes de mais empatia precisam, eles mesmos, serem o exemplo. Sai de cena o CEO inacessível, entra em campo o líder que está junto com o time vivendo as batalhas. Mais do que um jogo de palavras, isso significa um redesenho no papel do CEO: ele deixa de ser um tomador de decisões para ser um treinador, que ajuda o time a desenvolver seu potencial.

__3. Colaboração__

Valorizar o trabalho em equipe e o resultado do grupo, em vez do desempenho individual, promove uma cultura mais sadia, de compartilhamento de ideias e de esforços conjuntos, que levam os times a alcançar objetivos comuns de maneira mais eficaz.

Evidentemente, é impossível promover um ambiente colaborativo se o mindset corporativo é de competição. É necessário rebalancear a abordagem, promovendo o atingimento de metas a partir da melhoria de processos e de entender melhor os consumidores. Uma visão de negócios baseada em dados contribui para essa nova abordagem, pois coloca foco na resolução de um desafio (atender melhor os consumidores, por exemplo) e na obtenção de insights de todos os pontos de contato com o público.

__4. Inovação__

Os jovens líderes se desenvolveram em um mundo de transformações tecnológicas. Por isso, estão sempre em busca de novos recursos e de abordagens inovadoras para a solução de problemas, aplicando-as para melhorar processos, produtos e serviços e, assim, fazendo com que a empresa se mantenha competitiva.

Nesse sentido, um destaque é o uso de Inteligência Artificial. A importância da IA é clara para os líderes mais jovens, que entendem melhor como usá-la para otimizar operações, melhorar a tomada de decisões e criar soluções para os desafios das empresas.

É necessário ter uma abordagem equilibrada quanto à inovação. Ela não deve acontecer por si só – precisa estar conectada à solução de desafios e problemas de negócios. A inovação não é um fim em si mesmo, e sim uma alavanca para melhorar processos, gerar novas possibilidades e criar oportunidades.

Essas 4 soft skills precisam ser trabalhadas desde já pelas empresas que querem ter um futuro próspero. Para os líderes mais sêniores que queiram se manter relevantes, esse também é um aprendizado necessário. O mundo será ainda mais intenso, incerto e inesperado que hoje. E só conseguirá lidar com esse futuro quem for adaptável, empático, colaborativo e inovador. Será que você está preparado para essa transformação?

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Cultura organizacional, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de setembro de 2025
O luto não pede licença - e também acontece dentro das empresas. Falar sobre dor é parte de construir uma cultura organizacional verdadeiramente humana e segura.

Virginia Planet - Sócia e consultora da House of Feelings

2 minutos min de leitura
Marketing & growth, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
12 de setembro de 2025
O futuro do varejo já está digitando na sua tela. O WhatsApp virou canal de vendas, atendimento e fidelização - e está redefinindo a experiência do consumidor brasileiro.

Leonardo Bruno Melo - Global head of sales da Connectly

4 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
11 de setembro de 2025
Agilidade não é sobre seguir frameworks - é sobre gerar valor. Veja como OKRs e Team Topologies podem impulsionar times de produto sem virar mais uma camada de burocracia.

João Zanocelo - VP de Produto e Marketing e cofundador da BossaBox

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, compliance, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
10 de setembro de 2025
Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura - às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Tatiana Pimenta - CEO da Vittude

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
9 de setembro de 2025
Experiência também é capital. O ROEx propõe uma nova métrica para valorizar o repertório acumulado de profissionais em times multigeracionais - e transforma diversidade etária em vantagem estratégica.

Fran Winandy e Martin Henkel

10 minutos min de leitura
Inovação
8 de setembro de 2025
No segundo episódio da série de entrevistas sobre o iF Awards, Clarissa Biolchini, Head de Design & Consumer Insights da Electrolux nos conta a estratégia por trás de produtos que vendem, encantam e reinventam o cuidado doméstico.

Rodrigo Magnago

2 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
5 de setembro de 2025
O maior desafio profissional hoje não é a tecnologia - é o tempo. Descubra como processos claros, IA consciente e disciplina podem transformar sobrecarga em produtividade real.

Diego Nogare

6 minutos min de leitura
Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura
Inovação
Em entrevista com Rodrigo Magnago, Fernando Gama nos conta como a Docol tem despontado unindo a cultura do design na organização

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
3 de setembro de 2025
O plástico nasceu como símbolo do progresso - hoje, desafia o futuro do planeta. Entenda como uma invenção de 1907 moldou a sociedade moderna e se tornou um dos maiores dilemas ambientais da nossa era.

Anna Luísa Beserra - CEO da SDW

0 min de leitura