Diversidade

Protagonismo feminino no topo das pirâmides organizacionais

A cada dia mais as mulheres têm sido protagonistas de cargos estratégicos nas organizações. Mas, o caminho ainda é longo para a efetiva igualdade de gênero no mercado de trabalho
Líder de Comunicações para América Latina da Autodesk

Compartilhar:

A[liderança feminina no mercado de trabalho](https://www.revistahsm.com.br/post/onde-estao-as-mulheres-da-sua-empresa) é uma tendência que vem se expandindo e aumentando a representatividade das mulheres em posições mais estratégicas. Hoje, elas já ocupam muitos cargos em setores que antes eram exclusivamente ocupados por homens, tornando o ambiente profissional menos desigual. Esse movimento vem ganhando mais força recentemente no setor de tecnologia, que tradicionalmente sempre foi liderado pelos homens.

Uma pesquisa realizada pela consultoria Korn Ferry aponta que a presença feminina em cargos de conselhos de administração de empresas brasileiras subiu 14% em 2020, contra 7% em 2014. Os dados mostram ainda que o setor que possui a maior presença feminina nos conselhos é o de consumo, seguido por varejo e tecnologia. No Brasil, o setor de tecnologia da informação e comunicação possui 37% de mulheres em sua mão de obra, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom).

Considerando que são 52% de mulheres na população, esse cenário mostra que já temos bons motivos para comemorar, mas também um longo caminho pela frente. Fatos como o chamado[Dia Internacional da Mulher](https://www.revistahsm.com.br/post/lugar-de-cuidar-e-lugar-de-mulher), oficializado em 1975 pela Organização das Nações Unidas (ONU) após uma série de manifestações feministas por melhores condições de trabalho no século 20, nos faz lembrar das conquistas das mulheres ao longo da história rumo à igualdade de gênero e refletir o quanto ainda devemos e podemos avançar.

É indiscutível que, cada vez mais, estamos assumindo o protagonismo ao expandir nossa participação no mercado de trabalho, conquistando novas posições e/ou liderando projetos e ações que transcendem ao cargo ocupado. Ou até mesmo desbravando novas frentes como empreendedoras e fundadoras dos próprios negócios relacionados aos mais variados segmentos e às mais variadas graduações e pós-graduações, como engenheiras, matemáticas, cientistas, entre tantas outras profissões.

## Capacitação e inclusão
Ao longo da minha trajetória profissional de mais de 20 anos, lembro de momentos em que me senti menos valorizada por ser mulher, mas nem por isso eu me resignei, pois sabia da minha capacidade. Fora isso, sempre tive minhas ideias, sugestões e projetos acolhidos pelas companhias por onde passei. Há 10 anos, estou na Autodesk, uma empresa que apoia a igualdade de gênero e a diversidade no Brasil e no mundo, e conta com uma forte presença feminina em seu público interno. Uma de nossas iniciativas, lideradas pelo Autodesk Women Network (AWN) visa capacitar nossos funcionários, por meio de atividades em que importantes temas são discutidos, como: resiliência, liderança e confiança. Também apoiamos ações externas, como o[Girl Geek X Elevate](https://girlgeek.io/conferences/elevate2022/), evento para mulheres de nível médio e sênior do segmento de Tecnologia e a[#latinageeks](https://latinageeks.com/), cuja missão é capacitar e inspirar mulheres latinas, compartilhando conhecimento técnico, habilidades de negócios e recursos de empreendedorismo por meio de workshops práticos e eventos comunitários.

Essas e outras ações me enchem de orgulho, assim como os vários casos bem-sucedidos de profissionais e histórias inspiradoras que pude acompanhar, como a criação em 2015 da posição de Global Diversity & Inclusion, dando um importante passo para discutir, de maneira muito positiva, a importância sobre a consciência da diversidade e inclusão.

## Elas no topo
Hoje, somos várias mulheres na companhia: a Marie-Pierre Mercier, diretora geral da Autodesk México, a Luz María Vásquez Gómez, gerente sênior de vendas da Autodesk para a América Latina e Caribe, a brasileira Cristina Randazzo, Ph.D e chefe de vendas técnicas da Autodesk Estados Unidos, e tantas outras líderes influentes no mundo dos negócios, como a Cristina Palmaka, presidente para América Latina e Caribe na SAP, a Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, a Paula Bellizia, presidente de pagamentos globais do EBANX, que não se intimidaram em ser, em muitas ocasiões, a “única mulher na sala”, enfrentaram a escassez da liderança feminina e seguiram bravamente seus caminhos.

Não é à toa que a nossa participação no mercado de trabalho cresce consistentemente há décadas e as portas estão abertas nas companhias. Sem dúvida, tem muito ainda a ser feito, mas vejo o mercado caminhando positivamente e as mudanças estão acontecendo.

O grande desafio agora é administrar a[mudança cultural acelerada na pandemia](https://www.revistahsm.com.br/post/precisamos-falar-sobre-o-burnout-feminino), onde a nova configuração do modelo de trabalho, muitas vezes realizado remotamente e/ou híbrido, acrescenta diversas outras tarefas à nossa rotina corporativa.

Espero que esse novo modelo – que ainda não conhecemos bem – não cause dificuldades ou inviabilize o acesso de uma nova geração de mulheres ao cenário corporativo para que seus esforços como pioneiras há mais de 200 anos não caia no esquecimento. Além disso, precisamos continuar incentivando a mudança na percepção da indústria sobre equidade de gênero, sendo a liderança feminina, dando voz às mulheres, um dos caminhos, para que a capacidade técnica seja vista e reconhecida independente do gênero. É necessário entender que esse espaço conquistado por nós não é só uma questão de números, mas de sustentabilidade. Segundo a ONU, esse equilíbrio é um dos pilares para construir um mundo mais pacífico, próspero e sustentável.

Deixo então uma reflexão: *“Não somos menos que ninguém. Nem mais. Somos iguais”*. Frase da minha colega de empresa Cristina Randazzo, após várias experiências adquiridas ao ser “a única mulher na sala”, onde aprendeu a desenvolver a autoconfiança.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Marketing & growth, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
17 de setembro de 2025
O futuro do varejo já está digitando na sua tela. O WhatsApp virou canal de vendas, atendimento e fidelização - e está redefinindo a experiência do consumidor brasileiro.

Leonardo Bruno Melo - Global head of sales da Connectly

4 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
11 de setembro de 2025
Agilidade não é sobre seguir frameworks - é sobre gerar valor. Veja como OKRs e Team Topologies podem impulsionar times de produto sem virar mais uma camada de burocracia.

João Zanocelo - VP de Produto e Marketing e cofundador da BossaBox

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, compliance, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
10 de setembro de 2025
Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura - às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Tatiana Pimenta - CEO da Vittude

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
9 de setembro de 2025
Experiência também é capital. O ROEx propõe uma nova métrica para valorizar o repertório acumulado de profissionais em times multigeracionais - e transforma diversidade etária em vantagem estratégica.

Fran Winandy e Martin Henkel

10 minutos min de leitura
Inovação
8 de setembro de 2025
No segundo episódio da série de entrevistas sobre o iF Awards, Clarissa Biolchini, Head de Design & Consumer Insights da Electrolux nos conta a estratégia por trás de produtos que vendem, encantam e reinventam o cuidado doméstico.

Rodrigo Magnago

2 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
5 de setembro de 2025
O maior desafio profissional hoje não é a tecnologia - é o tempo. Descubra como processos claros, IA consciente e disciplina podem transformar sobrecarga em produtividade real.

Diego Nogare

6 minutos min de leitura
Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura
Inovação
Em entrevista com Rodrigo Magnago, Fernando Gama nos conta como a Docol tem despontado unindo a cultura do design na organização

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
3 de setembro de 2025
O plástico nasceu como símbolo do progresso - hoje, desafia o futuro do planeta. Entenda como uma invenção de 1907 moldou a sociedade moderna e se tornou um dos maiores dilemas ambientais da nossa era.

Anna Luísa Beserra - CEO da SDW

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Empreendedorismo, Tecnologia & inteligencia artificial
2 de setembro de 2025
Como transformar ciência em inovação? O Brasil produz muito conhecimento, mas ainda engatinha na conversão em soluções de mercado. Deep techs podem ser a ponte - e o caminho já começou.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação

5 minutos min de leitura