Estratégia e Execução

Como a Wine quer crescer

A empresa brasileira que já é o terceiro maior e-commerce de vinhos do mundo deve usar seu tripé estratégico “seleção-indicação-entrega” para crescer em outros segmentos de bebidas, como cerveja e café; a proposta continua a ser democratizar o acesso e oferecer um serviço diferenciado

Compartilhar:

Será que a aquisição por US$ 26 milhões da empresa suíça de cápsulas de café Mocoffee, presente em 17 países, ocorrida em março último, redirecionará a brasileira Wine para ser algo parecido com uma “Amazon das bebidas”? Embora seus concorrentes de vinhos estejam aumentando em número –nomes como Winebrands, VinhoOnline e eVino–, ela segue diversificando o portfólio: em 2013 incluiu as cervejas, com a aquisição da Have a Nice Beer, e agora, o café. Enquanto o mercado tenta entender a estratégia de crescimento futuro desse negócio de R$ 200 milhões, que já é o terceiro maior e-commerce especializado do mundo, Rogério Salume, seu cofundador e CEO, revela a HSM Management um pouco do raciocínio por trás de sua gestão.

**OPORTUNIDADE**

Salume e o sócio Anselmo Endlich acumulavam cinco anos de experiência em comercialização de vinhos em 2008, quando acharam que, se conseguissem simplificar o processo de compra da bebida para os mortais comuns, trariam muitos novos consumidores para esse mercado. Como fariam isso? Para evitar que as pessoas se sentissem intimidadas por lojas esnobes, a internet faria a chamada desintermediação, ou seja, eliminaria esses intermediários. E, para garantir uma relação custo-benefício melhor, especialistas dariam o suporte “técnico”. “A Wine nasceu do nosso sonho de democratizar o acesso ao mundo do vinho e do princípio de que as pessoas querem um serviço diferenciado”, sintetiza Salume. O êxito quase instantâneo comprovou o acerto dos sócios. Em seu primeiro aniversário, a Wine já tinha 14 mil clientes ativos e 250 mil garrafas entregues em todo o País. “Logo no primeiro ano de operação, a empresa teve de ampliar a plataforma”, conta o CEO.

**PROBLEMAS-CHAVE (E SOLUÇÕES)**

Um desafio particular era a transmissão de conhecimento. Diferentemente dos países europeus, onde tomar vinho é algo do dia a dia, no Brasil as pessoas ainda sabem pouco sobre a bebida. “Tínhamos de desmistificar o vinho.” A solução foi criar a revista mensal Wine, que, de maneira bem acessível, educa sobre produtores, culinária etc. “O site, as redes sociais, vídeos e o blog Sommelier Wine também ajudaram”, diz Salume. Um segundo desafio dizia respeito ao transporte das garrafas. No começo, usavam-se caixas de madeira para não quebrarem, o que aumentava o peso e o custo. “Então, desenvolvemos a Winebox, embalagem que garante uma entrega segura e mais rápida, nos permitindo distribuir um grande volume de vinhos em todo o território nacional.” Caixa de papelão que comporta de duas a seis garrafas separadas, travadas e longe da base, a Winebox levou oito meses para ser desenvolvida por experts em design e logística em entregas aéreas.

**ESTRATÉGIA DE ASSINATURA**

Uma das primeiras novidades estratégicas da Wine foi a criação, em 2010, do ClubeW, um clube de vinhos que lembra um círculo de livros. O assinante recebe mensalmente uma seleção de rótulos-surpresa, escolhidos pela equipe de sommeliers da empresa, podendo optar por uma cota mensal de dois, quatro ou seis vinhos diferentes. O sucesso tem sido significativo. Dos cerca de 200 mil clientes que a Wine possui hoje no Brasil, metade participa do ClubeW. 

**MODELO DE NEGÓCIO**

Apesar de sempre terem atuado com planejamento rigoroso, Salume e Endlich só definiram seu modelo de negócio mesmo em 2013, após um trabalho sobre DNA e com o modelo BMG, do canvas. Então, em vez de disponibilizar a maior quantidade possível de rótulos no site, como era a estratégia inicial, a Wine passou a oferecer o vinho certo para cada ocasião e perfil de cliente. Foi formalizado o tripé estratégico “seleção-indicação-entrega”, que significa buscar e indicar para cada cliente os vinhos com a melhor relação custo-benefício do mercado, simplificando sua vida. Segundo Salume, isso reduz a insegurança que um não especialista em vinhos sente ao ter de optar por um rótulo entre muitas opções disponíveis.

**EXPANSÃO**

Sediada em Serra, região metropolitana de Vitória (ES), a Wine prevê para este ano uma receita de R$ 300 milhões, 50% superior à de 2014, mesmo com a economia pouco favorável. Simplificação e serviço explicam o ritmo de crescimento acelerado e o apoio dos investidores à expansão. Será Salume um candidato a Bezos brasileiro?

Compartilhar:

Artigos relacionados

Como o fetiche geracional domina a agenda dos relatórios de tendência

Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas – como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas – e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Processo seletivo é a porta de entrada da inclusão

Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas – e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Você tem repertório para liderar?

Liderar hoje exige mais do que estratégia – exige repertório. É preciso parar e refletir sobre o novo papel das lideranças em um mundo diverso, veloz e hiperconectado. O que você tem feito para acompanhar essa transformação?

Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.

Rafael Ferrari

12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Inclusão
Imagine estar ao lado de fora de uma casa com dezenas de portas, mas todas trancadas. Você tem as chaves certas — seu talento, sua formação, sua vontade de crescer — mas do outro lado, ninguém gira a maçaneta. É assim que muitas pessoas com deficiência se sentem ao tentar acessar o mercado de trabalho.

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Saúde Mental
Desenvolver lideranças e ter ferramentas de suporte são dois dos melhores para caminhos para as empresas lidarem com o desafio que, agora, é também uma obrigação legal

Natalia Ubilla

4 min min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Cris Sabbag, COO da Talento Sênior, e Marcos Inocêncio, então vice-presidente da epharma, discutem o modelo de contratação “talent as a service”, que permite às empresas aproveitar as habilidades de gestores experientes

Coluna Talento Sênior

4 min de leitura
Uncategorized, Inteligência Artificial

Coluna GEP

5 min de leitura
Cobertura de evento
Cobertura HSM Management do “evento de eventos” mostra como o tempo de conexão pode ser mais bem investido para alavancar o aprendizado

Redação HSM Management

2 min de leitura
Empreendedorismo
Embora talvez estejamos longe de ver essa habilidade presente nos currículos formais, é ela que faz líderes conscientes e empreendedores inquietos

Lilian Cruz

3 min de leitura
Marketing Business Driven
Leia esta crônica e se conscientize do espaço cada vez maior que as big techs ocupam em nossas vidas

Rafael Mayrink

3 min de leitura