Uncategorized

Como identificar mentiras no ambiente de trabalho

Sócio da S2 Consultoria, empresa especializada em prevenir e tratar atos de fraude e assédio nas empresas. Especialista em Investigações Corporativas e Prevenção a Fraudes Organizacionais. Gerenciou mais de 4.000 entrevistas forenses no Brasil e é o primeiro brasileiro certificado pela International Association of Interviewers –CFI.

Compartilhar:

A capacidade de o ser humano detectar mentiras sempre foi um assunto cercado de mistérios e polêmicas. Em países como os Estados Unidos a questão da detecção de mentiras é muito mais disseminada nos órgãos de justiça, nos tribunais e até mesmo nas empresas privadas. Muitas empresas possuem profissionais capacitados para conduzir entrevistas forense que foram habilitados em Técnicas de Entrevista e Detecção de Mentira pelos vários institutos de formação existentes por lá.

No ambiente corporativo, há três momentos em que é fundamental saber identificar mentiras:

1.  O primeiro é na seleção, que é um processo de venda. Ou seja, o candidato normalmente quer mostrar a melhor imagem que ele tem, provar que é alguém melhor do que realmente é, então vai exagerar um pouco. 

2. Uma outra situação em que é importante identificar mentiras é no dia a dia do trabalho, diante de determinadas circunstâncias, como quando a pessoa diz que faltou porque estava doente – mas não é verdade -, ou que realizou determinada tarefa, mas não realizou.

3. O último caso importante na detecção de mentiras é quando surge uma denúncia de fraude ou assédio na organização. Em situações como essas, a empresa deve conduzir um processo de investigação interna com uma série de ferramentas para selecionar o suspeito de fraude ou assédio para uma entrevista. Então, especialistas devem tentar identificar, na linguagem verbal e não verbal, sinais que indiquem mentiras.

Porém, é fundamental ressaltar que **não existem sinais 100% seguros.** Não há nenhum estudo científico que dê respaldo o suficiente para isso. O que acontece é que há alguns indícios que tendem a aparecer nas pessoas que não estão dizendo a verdade.

Nos últimos anos, a busca por capacitação técnica para realizar a entrevista forense e para aprender a detectar mentiras vem crescendo no Brasil por conta de toda a conjuntura nacional de combate à corrupção. A postura benevolente, que era algo comum nas empresas brasileiras frente a funcionários suspeitos de fraude, começou a ser combatida de maneira técnica para solucionar as investigações de forma ética e justa.

No entanto, ainda é comum profissionais não habilitados conduzindo investigações e entrevistas forense, o que acaba sendo um risco para os envolvidos no processo por conta de conclusões errôneas e precipitadas as quais podem ocasionar injustiças a funcionários inocentes.

A leitura e compreensão dos canais verbais e não verbais de comunicação é uma das formas de identificar quando alguém mente. Dentre as principais maneiras para realizar essa identificação estão a **o****bservação da linguagem corporal, facial, verbal e paralinguística.**

Ainda que a linguagem corporal possa revelar muitas coisas que tentamos esconder, o ideal é analisar o contexto antes de tirar conclusões. Interpretações equivocadas podem ser tornar armadilhas para pessoas destreinadas. 

O caminho mais eficaz é identificar se o comportamento apresentado pela pessoa está fora do seu padrão. Caso contrário, você pode cometer graves erros ao analisar uma ‘coçada no nariz’ e julgar que a pessoa está mentindo, sendo que na verdade ela apenas está gripada naquele dia.  

A seguir, confira **cinco dicas para que pessoas sem treinamentos consigam detectar um mentiroso por meio da construção de um comportamento padrão e de perguntas aprofundadas.**

Alinhe a linguagem dos entrevistados
————————————

Antes da entrevista, conduza uma conversa informal de aproximadamente cinco minutos sobre assuntos não ameaçadores, polêmicos e muitos menos assuntos do trabalho, para que seja possível observar o padrão de comportamento verbal e não verbal do entrevistado. De preferência, faça perguntas abertas para o entrevistado oferecer bastante conteúdo como resposta. 

Assim, poderá observar como o corpo dele se manifesta quando fornece uma resposta verdadeira, e as fugas dos padrões podem sinalizar, dependendo da recorrência, que a pessoa não está falando a verdade. Caso ele fuja desse alinhamento, pergunte mais para tentar comprovar a informação que gerou o desvio de conduta padrão.

Confirme as informações
———————–

Sempre que o candidato levantar alguma questão relevante, peça para que ele forneça um meio de confirmação para o dado. Isso pode ser feito através de contatos, certificados, entre outros. Se não houver documentos ou vias de afirmar de maneira legítima tal informação, passe a desconfiar.

Desvie da cronologia do candidato
———————————

Peça para que o entrevistado comece a história pelo meio ou o faça relembrar um dos pontos citados. Se houver hesitação, pode ser que ele esteja mentindo. Quem cria uma história faz isso de maneira cronológica para facilmente memorizar. Caso essa sequência seja quebrada, criará uma grande confusão na cabeça do mentiroso.

Atenção no comportamento verbal
——————————-

Um profissional que não tenha um treinamento adequado pode sentir dificuldades em ler os sinais não verbais dos que estão concorrendo a um processo seletivo de emprego. Por isso, é importante se concentrar naquilo que é viável analisar, conferindo se o candidato atende a três questionamentos: 

1. Ele respondeu objetivamente a pergunta que eu fiz?

2. O candidato respondeu com um assunto desconexo a minha pergunta?

3. Se a minha pergunta foi objetiva, direta e assertiva, por que o meu entrevistado pediu para repetir ou disse que não entendeu?

Esses e outros questionamentos podem trazer informações fundamentais para alertar os recrutadores.

Cuidado com as precipitações
—————————-

Tenha cautela ao que considera mentiras ou não. Nunca tome uma decisão com base na fala isolada ou em um movimento que ache suspeito. Procure utilizar perguntas de cunho mais aprofundado para tentar compor sua análise com mais detalhes, além de usar formas de confirmação para os dados trazidos pelo candidato.

Compartilhar:

Artigos relacionados

O que move as mulheres da Geração Z a empreender?

A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais – e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

O fim dos chatbots? O próximo passo no futuro conversacional 

O futuro chegou – e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Como o fetiche geracional domina a agenda dos relatórios de tendência

Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas – como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas – e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Processo seletivo é a porta de entrada da inclusão

Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas – e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

ESG, Cultura organizacional, Inovação
6 de agosto de 2025
Inovar exige enxergar além do óbvio - e é aí que a diversidade se torna protagonista. A B&Partners.co transformou esse conceito em estratégia, conectando inclusão, cultura organizacional e metas globais e impactou 17 empresas da network!

Dilma Campos, Gisele Rosa e Gustavo Alonso Pereira

9 minutos min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas, Liderança, Marketing
5 de agosto de 2025
No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real - e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Cristiano Zanetta

6 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Estratégia e Execução, Transformação Digital, Gestão de pessoas
29 de julho de 2025
Adotar IA deixou de ser uma aposta e se tornou urgência competitiva - mas transformar intenção em prática exige bem mais do que ambição.

Vitor Maciel

3 minutos min de leitura
Carreira, Aprendizado, Desenvolvimento pessoal, Lifelong learning, Pessoas, Sociedade
27 de julho de 2025
"Tudo parecia perfeito… até que deixou de ser."

Lilian Cruz

5 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
28 de julho de 2025
A ascensão dos conselheiros de IA levanta uma pergunta incômoda: quem de fato está tomando as decisões?

Marcelo Murilo

8 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Liderança
25 de julho de 2025
Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Bruno Padredi

2 minutos min de leitura
Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura
Liderança, Marketing e vendas
22 de julho de 2025
Em um mercado saturado de soluções, o que diferencia é a história que você conta - e vive. Quando marcas e líderes investem em narrativas genuínas, construídas com propósito e coerência, não só geram valor: criam conexões reais. E nesse jogo, reputação vale mais que visibilidade.

Anna Luísa Beserra

5 minutos min de leitura
Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura