Inovação
5 min de leitura

Como superar o desafio da inovação com ambientes ainda informais?

Em um mercado onde donos centralizam decisões de P&D sem métricas críveis e diretores ignoram o design como ferramenta estratégica, Leme revela o paradoxo que trava nosso potencial: executivos querem inovar, mas faltam-lhes os frameworks mínimos para transformar criatividade em riqueza. Sua fala é um alerta para quem acredita que prêmios de design são conquistas isoladas – na verdade, eles são sintomas de ecossistemas maduros de inovação, nos quais o Brasil ainda patina.
Rodrigo Magnago é um executivo global com 12 anos de experiência na Ásia, onde atuou em países como Paquistão, Índia, China, Coreia do Sul e Taiwan, liderando operações e negócios internacionais. Com passagens por Estados Unidos, América Latina e Europa, desenvolveu expertise em transações cross-border, legislações tributárias e regulatórias, além de modelos organizacionais industriais e pós-modernos — desde técnicas como 5S, Lean e Six Sigma até ESG e dinâmicas de cultura corporativa. Atua como executivo temporário e conselheiro para empresas em cenários de transformação estratégica, apoiando diretores e acionistas na racionalização de decisões econômicas e na eficiência operacional. É membro do comitê global de Inovação da Fast Company, ao lado de líderes de Universal Studios, Microsoft, Coca-Cola e United Airlines,

Compartilhar:

Enquanto o Brasil ocupa a 66ª posição no Índice Global de Inovação, um diagnóstico urgente emerge dos estúdios de design: a criatividade nacional é brilhante, mas esbarra em modelos organizacionais arcaicos. Rodrigo Leme, arquiteto e designer gaúcho com mais de 50 premiações internacionais (incluindo 3 iF Awards e 1 RedDot), expõe a raiz do problema: empresas brasileiras – das PMEs às grandes corporações – ainda tratam inovação aepnas com a intuição.

Além de arquiteto e designer, Rodrigo é proprietário do Grupo Criativo no Rio Grande do Sul, e vencedor de três premiações iF Awards, um RedDot, entre 50 premiações ao total. Tem em seu portfólio trabalhos para empresas como IFood, BRMania, Ambev, Fleury, RodOil, Termolar, Flexform, SLC Agrícola, entre muitos outros.

O que Rodrigo trouxe para esse artigo, em nossas discussões para a formação deste editorial, é a dificuldade em trabalhar com empresas que têm ambientes informais de inovação, o que, na sua opinião, compõe a grande maioria.

Segundo ele, a maior parte das empresas têm, no papel central de inovador, seus donos. Fenômeno em parte explicado por seu papel de poder em modelos organizacionais simplistas, esses empresários carecem de dados econométricos críveis, observação empírica cuidadosa de seus mercados e, já no que tange ao desenvolvimento de produtos propriamente dito, a completa ausência de metodologias já pacificadas para a multidisciplinariedade que os trabalhos requerem.

Cita também que existem as grandes empresas com modelos ultrapassados, onde o design não consegue atingir os diretores e presidentes, e não compõe a matriz estratégica da organização.

Rodrigo acrescenta que não espera que empresas médias tenham estruturas sofisticadas como as grandes multinacionais, que contam com comitês de diferentes naturezas observando cada etapa do processo, com pesquisas quantitativas e qualitativas de elevado custo, ou mesmo com profissionais com vasta experiência em novos produtos e serviços, mas que modelos mais simples e muito efetivos poderiam ser implantados nessas empresas, o que, em sua visão, certamente geraria valor e riqueza.

“É desgastante e caro para mim. Eu tenho que convencer esses empresários e executivos a compreenderem e decidirem, e muitas vezes ensinar procedimentos em nível básico. A maioria das empresas Brasileiras não têm o design implícito em seus modelos de negócios, basta olharmos para nosso histórico em patentes industriais no mundo.

A grande maioria dos empresários querem que suas empresas avancem em sua capacidade de criar novos produtos e serviços, assim como melhorar os existentes, mas ainda contam muito com a intuição, o que costuma falhar e não trazer melhorias para a capacidade da empresa. Querem, sabem que precisam, mas não têm as capacidades instaladas em seus modelos de negócios.

Muitas vezes, e digo que isso é bem recorrente, empresas grandes se parecem com as pequenas, sem qualquer modelo organizacional que possibilite o desenvolvimento de riqueza nova. Eu já deveria ter me acostumado com esse fato nos últimos 20 anos de atuação, mas sigo me impressionado e lutando para que esse cenário mude.”

Compartilhar:

Rodrigo Magnago é um executivo global com 12 anos de experiência na Ásia, onde atuou em países como Paquistão, Índia, China, Coreia do Sul e Taiwan, liderando operações e negócios internacionais. Com passagens por Estados Unidos, América Latina e Europa, desenvolveu expertise em transações cross-border, legislações tributárias e regulatórias, além de modelos organizacionais industriais e pós-modernos — desde técnicas como 5S, Lean e Six Sigma até ESG e dinâmicas de cultura corporativa. Atua como executivo temporário e conselheiro para empresas em cenários de transformação estratégica, apoiando diretores e acionistas na racionalização de decisões econômicas e na eficiência operacional. É membro do comitê global de Inovação da Fast Company, ao lado de líderes de Universal Studios, Microsoft, Coca-Cola e United Airlines,

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
10 de novembro de 2025
A arquitetura de software deixou de ser apenas técnica: hoje, ela é peça-chave para transformar estratégia em inovação real, conectando visão de negócio à entrega de valor com consistência, escalabilidade e impacto.

Diego Souza - Principal Technical Manager no CESAR, Dayvison Chaves - Gerente do Ambiente de Arquitetura e Inovação e Diego Ivo - Gerente Executivo do Hub de Inovação, ambos do BNB

8 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura
Liderança
3 de novembro de 2025
Em um mundo cada vez mais automatizado, liderar com empatia, propósito e presença é o diferencial que transforma equipes, fortalece culturas e impulsiona resultados sustentáveis.

Carlos Alberto Matrone - Consultor de Projetos e Autor

7 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
31 de outubro de 2025
Entenda como ataques silenciosos, como o ‘data poisoning’, podem comprometer sistemas de IA com apenas alguns dados contaminados - e por que a governança tecnológica precisa estar no centro das decisões de negócios.

Rodrigo Pereira - CEO da A3Data

6 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
30 de ouutubro de 2025
Abandonando o papel de “caçador de bugs” e se tornando um “arquiteto de testes”: o teste como uma função estratégica que molda o futuro do software

Eric Araújo - QA Engineer do CESAR

7 minutos min de leitura
Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)