Uncategorized

Como vivíamos sem feedback?

Ao darem retorno aos subordinados, os chefes continuam a ser excelentes “murchadores de pessoas”, sabotando o próprio desempenho; eles podem reverter isso com três medidas básicas.
Consultor especializado em mudança organizacional, é professor da Fundação Dom Cabral em áreas como desenvolvimento de pessoas e liderança e autor, entre outros livros, de Muito Além da Hierarquia.

Compartilhar:

Nos últimos anos, as empresas conquistaram resultados extraordinários com o “kit básico de engajamento”: um sistema de metas e indicadores transparente, desafiador e mensurável. Esse “kit” colocou as pessoas no rumo desejado, porém, para mantê-lo, foi preciso que os chefes passassem a dominar os procedimentos e acompanhassem de perto a execução. 

O resultado foi o microgerenciamento, ou seja, os chefes dominam tudo, da cor do parafuso à estratégia de negócios. Lembra-se de que, durante muito tempo, o “superior” se comportava como ser superior mesmo? Ele nem sequer se preocupava em dar algum retorno às pessoas de sua equipe. Quantas vezes não perguntamos sobre nosso desempenho e recebemos uma resposta curta e grossa: “Se não estou te falando nada, é porque está indo bem!” (a legenda seria: “Não me amole!”)? Esse mesmo modelo de relação entre chefe e subordinado se repetia em casa, aliás. Dificilmente um filho recebia elogios por seu desempenho positivo; nunca estava de fato à altura das expectativas dos pais. Bem, o mundo mudou. 

De poucas décadas para cá, passamos a criar nossos filhos com autoestima bem mais alta e eles ficaram bem mais exigentes do que a geração que os criou. Tente deixá-los sem retorno sobre o que fizeram e verá a choradeira. O mesmo ocorre nas empresas. Entretanto, no ambiente corporativo, ainda implementamos mal o conceito de dar retorno às pessoas – ou feedback. Primeiro, nos concentramos somente nos períodos de avaliação de desempenho. Segundo, falamos frequentemente: “Seu trabalho ficou bom, mas…” – o “mas” transforma os chefes excelentes em “murchadores de pessoas”. Manter as pessoas devedoras, em cativeiro emocional, certamente não é um bom caminho para engajá-las. É tarefa das empresas ensinar os “superiores” a dar retorno de desempenho. Ao menos três premissas precisam ser incorporadas:

1. Procure, vasculhe e fique atento ao que podemos chamar de “feito superior”. Este ocorre quando a pessoa realiza um trabalho muito acima do esperado, o que lhe requereu dedicação acima da média. Dê-lhe retorno assim que identificar o feito; fale positiva e competitivamente e – importante –, mesmo que tenha correções a fazer, não as faça ainda. Espere algum tempo para a pessoa saborear o reconhecimento. Quando o “superior” fala que 

“o trabalho ficou bom, mas…”, ele mata a autoestima!

2. Procure identificar também o feito inferior. Trata-se do trabalho malfeito, realizado para cumprir tabela sem nenhuma contribuição adicional. Seja claro com a pessoa: “Eu esperava algo no mínimo mediano, mas ficou muito ruim: quer que eu ajude você a melhorar isso?”. Se esse tipo de feito for corriqueiro em uma pessoa, não seja complacente: depois de dois retornos (feedbacks), decida o que fazer com ela.

3. Para os trabalhos que não se encaixam nas categorias anteriores, vá dizendo “muito obrigado”. Essa diferenciação de categorias de trabalho é obrigatória e o agradecimento está de bom tamanho.

**Alta Performace** 

Dar retorno às pessoas é uma das chaves da criação de um ambiente de alta performance. Aos poucos, os líderes do Brasil entenderão isso, não só em relação aos subordinados, mas também aos pares, em nome da chamada “sinergia lateral”.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação e comunidades na presença digital

A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Cultura organizacional, compliance, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
10 de setembro de 2025
Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura - às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Tatiana Pimenta - CEO da Vittude

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
9 de setembro de 2025
Experiência também é capital. O ROEx propõe uma nova métrica para valorizar o repertório acumulado de profissionais em times multigeracionais - e transforma diversidade etária em vantagem estratégica.

Fran Winandy e Martin Henkel

10 minutos min de leitura
Inovação
8 de setembro de 2025
No segundo episódio da série de entrevistas sobre o iF Awards, Clarissa Biolchini, Head de Design & Consumer Insights da Electrolux nos conta a estratégia por trás de produtos que vendem, encantam e reinventam o cuidado doméstico.

Rodrigo Magnago

2 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

José Blatazar S. Osório de Andrade Guerra, professor e coordenador na Unisul, fundador e líder do Centro de Desenvolvimento Sustentável (Greens, Unisul)

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

Felipe Knijnik, diretor da BioPulse

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025
O PIX ABRIU PORTAS QUE ABRIRÃO MAIS PORTAS!

Carlos Netto, fundador e CEO da Matera

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

João Carlos da Silva Bizario e Gulherme Collin Soárez, respectivamente CMAO e CEO da Inspirali Educação.

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
5 de setembro de 2025
O maior desafio profissional hoje não é a tecnologia - é o tempo. Descubra como processos claros, IA consciente e disciplina podem transformar sobrecarga em produtividade real.

Diego Nogare

6 minutos min de leitura
Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura
Inovação
3 de setembro de 2025
Em entrevista com Rodrigo Magnago, Fernando Gama nos conta como a Docol tem despontado unindo a cultura do design na organização

Rodrigo Magnago

4 min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança