Uncategorized

Cultura “trabalho duro”

O esquema 9-9-6, que significa trabalhar das 9h da manhã às 9h da noite, 6 dias por semana, não acabará tão cedo
Edward Tse é fundador e CEO da Gao Feng Advisory Company, uma empresa de consultoria de estratégia e gestão com raízes na China.

Compartilhar:

Depois de décadas de crescimento impressionante, a China hoje é uma nação de renda média em crescimento, segundo o Banco Mundial. Sua reputação como economia inovadora só aumenta e, ao lado do crescimento econômico, a produtividade cresce também.

O aumento da produtividade da China nas últimas décadas se deve principalmente à política de abertura e às reformas implementadas a partir de 1978. As exportações baseadas em mão de obra orientadas à manufatura e o modelo de crescimento apoiado em investimentos determinaram esse progresso extraordinário. Ainda assim, alguns tropeços associados a essa abordagem se tornaram evidentes na última década, mais ou menos, conforme esses drivers econômicos parecem estar perdendo o fôlego.

A China entrou na onda da inovação depois que a internet sem fio (com os smartphones) se tornou prevalente. Os empreendedores chineses alavancaram essa tecnologia para criar uma gama de novos modelos de negócio e produtos que atendem o consumidor em evolução e as necessidades do negócio. Na corrida contra o tempo e em meio à competição hiperintensa, os empreendedores chineses têm de ser rápidos, ágeis e adaptáveis, ou não permanecem à frente dos demais. 

Com frequência eles não se importam de usar o mercado como pista de testes para a experimentação enquanto afinam seus modelos de negócio. A experimentação rápida em geral se tornou parte central da própria cultura das empresas chinesas. Velocidade, ritmo, intensidade e multitarefas passaram a integrar o DNA de muitas empresas. Além disso, políticas governamentais em evolução e regulamentações são com frequência fonte de incerteza e mantêm os empreendedores chineses persistentes e altamente alertas e vigilantes. 

Consequentemente, muitos negócios chineses têm gerado uma cultura de “trabalho duro”. Isso agora é amplamente conhecido como esquema 9-9-6 – o que significa trabalhar das 9h da manhã às 9h da noite, 6 dias por semana. Tornou lugar-comum entre os empreendedores chineses, especialmente entre os grandes negócios baseados em internet. O esquema 9-9-6 foi inicialmente aplicado a fim de melhorar a produtividade geral de empresas por meio do aumento das horas de trabalho.

Porém, a ideia de 9-9-6 ficou controversa dentro da própria China. Se o fundador da Alibaba, Jack Ma, é um defensor explícito das horas de trabalho exaustivas na indústria chinesa de tecnologia e internet, outros discordam. Ma chegou a dizer uma vez que esse esquema “é uma benção enorme que muitas empresas e funcionários não têm a oportunidade de ter”, segundo vemos na conta oficial de WeChat, que pertence ao Alibaba. 

Richard Liu, CEO da JD.com, empresa de ponta de e-commerce, é um que discorda. Reagindo a demissões recentes, ele disse que a JD.com nunca forçaria seus funcionários a trabalhar num esquema 9-9-6 ou 9-9-5 (embora tenha lembrado que todo membro da equipe da JD.com deve “ter um espírito competitivo!”).

Além do esquema 9-9-6, muitas empresas chinesas, entre negócios estatais e privados, andam buscando formas variadas de melhorar a produtividade. Cada vez mais, companhias, especialmente as estatais e algumas de internet, oferecem alimentação gratuita a seus funcionários a fim de reduzir o tempo gasto na compra e no consumo de refeições. Mais ainda, dormitórios e transporte gratuito também estão sendo oferecidos a funcionários como regalias para simplificar a vida e garantir que cheguem ao trabalho no horário. Em algumas empresas, uma gestão em estilo militar também foi aplicada para melhorar a eficiência e a produtividade das equipes de trabalho. Em outras palavras, a cultura de “trabalho duro” dos negócios chineses não deve desaparecer em um futuro próximo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Como o fetiche geracional domina a agenda dos relatórios de tendência

Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas – como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas – e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Processo seletivo é a porta de entrada da inclusão

Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas – e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Você tem repertório para liderar?

Liderar hoje exige mais do que estratégia – exige repertório. É preciso parar e refletir sobre o novo papel das lideranças em um mundo diverso, veloz e hiperconectado. O que você tem feito para acompanhar essa transformação?

Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.

Rafael Ferrari

12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Inclusão
Imagine estar ao lado de fora de uma casa com dezenas de portas, mas todas trancadas. Você tem as chaves certas — seu talento, sua formação, sua vontade de crescer — mas do outro lado, ninguém gira a maçaneta. É assim que muitas pessoas com deficiência se sentem ao tentar acessar o mercado de trabalho.

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Saúde Mental
Desenvolver lideranças e ter ferramentas de suporte são dois dos melhores para caminhos para as empresas lidarem com o desafio que, agora, é também uma obrigação legal

Natalia Ubilla

4 min min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Cris Sabbag, COO da Talento Sênior, e Marcos Inocêncio, então vice-presidente da epharma, discutem o modelo de contratação “talent as a service”, que permite às empresas aproveitar as habilidades de gestores experientes

Coluna Talento Sênior

4 min de leitura
Uncategorized, Inteligência Artificial

Coluna GEP

5 min de leitura
Cobertura de evento
Cobertura HSM Management do “evento de eventos” mostra como o tempo de conexão pode ser mais bem investido para alavancar o aprendizado

Redação HSM Management

2 min de leitura
Empreendedorismo
Embora talvez estejamos longe de ver essa habilidade presente nos currículos formais, é ela que faz líderes conscientes e empreendedores inquietos

Lilian Cruz

3 min de leitura
Marketing Business Driven
Leia esta crônica e se conscientize do espaço cada vez maior que as big techs ocupam em nossas vidas

Rafael Mayrink

3 min de leitura