Gestão de pessoas, Cultura organizacional, Liderança, times e cultura

É o fim dos treinamentos formais em sala de aula?

Apesar de importantes em muitos momentos, o cenário atual exige processos de desenvolvimentos mais fluidos, que façam parte o dia a dia do trabalho e sem a lógica da hierarquia – ganha força o Workplace Learning
Paula é formada em Fashion Business em Milão, possui passagens por algumas das mais importantes casas de moda mundiais. Com ampla experiência em eventos corporativos, esteve à frente das áreas de curadoria, trendhunting e operações da B2B Match, garantindo a excelência do conteúdo e das experiências da principal comunidade de CEOs e C-Levels do país.

Compartilhar:

Não é nenhuma novidade que o mundo do trabalho está passando por profundas transformações, nem que novos modelos de gestão são necessários para navegar e ter resultados nesse novo cenário. Falamos muito sobre flexibilidade de onde e como atuar, da importância da diversidade e do equilíbrio, e de um perfil de liderança mais aberto e longe do tradicional comando e controle.

Temas essenciais, claro, mas as mudanças devem permear, também, os modelos de aprendizagem. A velha ideia dos treinamentos formais em salas de aula e de uma trilha de aprendizagem preestabelecida, no estilo catálogo de cursos, pensando em nível de carreira e área, já não faz mais sentido. O desenvolvimento exige variedade de formatos, contextos, lugares e fontes de conteúdo – o que ainda não está amplamente difundido.

Segundo uma pesquisa feita pela Gartner com mais de três mil pessoas de diferentes países, 65% delas dizem que não têm nenhuma influência sobre o que estão aprendendo.

E mais: apenas uma em cada cinco companhias realmente escuta os funcionários sobre o que gostariam de aprender e como. Além disso, a consultoria destaca que os colaboradores não estão aprendendo rápido o suficiente para acompanhar o ritmo das mudanças: 45% deles concordam que a organização fornece todo o conhecimento que precisam.

Nesse sentido, é fundamental reforçar o chamado Workplace Learning, ou aprendizado no local de trabalho, em tradução livre. De maneira prática, trata-se de uma nova cultura que incentiva e envolve continuamente as pessoas na aprendizagem e na busca de habilidades e competências importantes.

Depois de analisar mais de sete anos os resultados dos programas de T&D voltados para quase 500 profissionais, Bruce C. Rudy, professor de estratégia da Universidade do Texas e CEO da Popcorn Learning, descobriu que quanto maior a distância entre o contexto em que algo é aprendido e em que será aplicado, menor a probabilidade de o aluno reter e usar o que aprendeu.

De acordo com ele, os programas tradicionais de T&D são conduzidos fora do local de trabalho e “forçam” a pessoa a transferir o que aprendeu entre dois contextos muito diferentes. “Isso reduz substancialmente a probabilidade de realmente aplicarem as novas habilidades ou conhecimentos em seus trabalhos”, explica. Por outro lado, quando aprendem no dia a dia de trabalho, os ensinamentos são aplicados de maneira muito mais fluida e simples.

# Passos para começar

__1. Invista em um LMS (learning management system)__

Crie um sistema online de gestão de conhecimento, no qual os funcionários possam encontrar recursos de aprendizagem sempre que precisarem. É fundamental também pensar em diferentes temas e formatos de aprendizado.

__2. Vincule o processo à estratégia__

Alinhe o treinamento com as metas organizacionais para que os funcionários possam ter uma visão geral. Eles devem sentir que desempenham um papel na consecução de um objetivo mais amplo e no fortalecimento dos laços com a empresa. Para alguns, isso pode ser muito motivador – mais do que apenas adquirir novas competências sem nenhum propósito final à vista.

__3. Ofereça mentoria e/ou coaching__

Essas iniciativas auxiliam no direcionamento da carreira e potencializam o protagonismo de cada um.

__4. Crie um ecossistema interno__

Aproveite o conhecimento dos funcionários (independentemente de área e cargo) e estabeleça uma cultura de compartilhamento de conhecimento. Você pode convidá-los para fazer parte de um “banco de influenciadores” para disseminar ideias e práticas

__5. Incentive a aprendizagem social__

Permita que os funcionários aprendam uns com os outros em ambientes informais e interativos, como discussões em grupo, mídias sociais da empresa, projetos colaborativos ou, até, eventos e iniciativas externas.

__6. Seja um parceiro__

A aprendizagem ao longo da vida pode ser motivada e autodirigida, mas isso não significa que os funcionários tenham que fazer tudo sozinhos. Incentive as conversas entre líder e liderado, e promova trocas.

__7. Recompense as pessoas__

É importante recompensar o bom trabalho e a busca por novos conhecimentos. Ofereça certificados aos funcionários para que possam exibir com orgulho em seus perfis do LinkedIn, por exemplo. E não subestime o poder do reconhecimento público. Compartilhar a novidade e parabenizar os colaboradores em um canal que abrange toda a empresa também auxilia no engajamento

__8. Respeite o equilíbrio__

Se o aprendizado interferir no equilíbrio entre vida profissional e pessoal ou na carga de trabalho dos funcionários, não demorará muito para que eles optem por não participar. Estabeleça horários para T&D dentro do cronograma de trabalho. Pode ser metade do dia toda sexta-feira.

# Cultura como fio condutor
É fundamental ter em mente, no entanto, que esses passos só surtem o efeito desejado se estiverem alinhados com a cultura da empresa. Se a gestão estiver baseada no comando e controle, por exemplo, o Workplace Learning não deslancha.

Isso porque, é preciso que o conhecimento permeie a empresa toda, sem centralização e independentemente do cargo. Para isso, as informações devem circular no ambiente e as pessoas devem ter autonomia para buscar o conhecimento e também para repassá-lo.

A liderança tem um papel fundamental nesse sentido: precisa, também, ser um aprendiz e não alguém que sabe tudo ou tem todas as respostas. Estar aberto a aprender com a equipe e com profissionais de outras gerações é essencial.

Compartilhar:

Paula é formada em Fashion Business em Milão, possui passagens por algumas das mais importantes casas de moda mundiais. Com ampla experiência em eventos corporativos, esteve à frente das áreas de curadoria, trendhunting e operações da B2B Match, garantindo a excelência do conteúdo e das experiências da principal comunidade de CEOs e C-Levels do país.

Artigos relacionados

Reaprender virou a palavra da vez

Reaprender não é um luxo – é sobrevivência. Em um mundo que muda mais rápido do que nossas certezas, quem não reorganiza seus próprios circuitos mentais fica preso ao passado. A neurociência explica por que essa habilidade é a verdadeira vantagem competitiva do futuro.

Tecnologia & inteligencia artificial
24 de setembro de 2025
A IA na educação já é realidade - e seu verdadeiro valor surge quando é usada com intencionalidade para transformar práticas pedagógicas e ampliar o potencial de aprendizagem.

Rafael Ferreira Mello - Pesquisador Sênior no CESAR

5 minutos min de leitura
Inovação
23 de setembro de 2025
Em um mercado onde donos centralizam decisões de P&D sem métricas críveis e diretores ignoram o design como ferramenta estratégica, Leme revela o paradoxo que trava nosso potencial: executivos querem inovar, mas faltam-lhes os frameworks mínimos para transformar criatividade em riqueza. Sua fala é um alerta para quem acredita que prêmios de design são conquistas isoladas – na verdade, eles são sintomas de ecossistemas maduros de inovação, nos quais o Brasil ainda patina.

Rodrigo Magnago

5 min de leitura
Inovação & estratégia, Liderança
22 de setembro de 2025
Engajar grandes líderes começa pela experiência: não é sobre o que sua marca oferece, mas sobre como ela faz cada cliente se sentir - com propósito, valor e conexão real.

Bruno Padredi - CEP da B2B Match

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
19 de setembro de 2025
Descubra como uma gestão menos hierárquica e mais humanizada pode transformar a cultura organizacional.

Cristiano Zanetta - Empresário, palestrante TED e filantropo

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Inovação & estratégia
19 de setembro de 2025
Sem engajamento real, a IA vira promessa não cumprida. A adoção eficaz começa quando as pessoas entendem, usam e confiam na tecnologia.

Leandro Mattos - Expert em neurociência da Singularity Brazil

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de setembro de 2025
Ignorar o talento sênior não é só um erro cultural - é uma falha estratégica que pode custar caro em inovação, reputação e resultados.

João Roncati - Diretor da People + Strategy

3 minutos min de leitura
Inovação
16 de setembro de 2025
Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Magnago

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de setembro de 2025
O luto não pede licença - e também acontece dentro das empresas. Falar sobre dor é parte de construir uma cultura organizacional verdadeiramente humana e segura.

Virginia Planet - Sócia e consultora da House of Feelings

2 minutos min de leitura
Marketing & growth, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
12 de setembro de 2025
O futuro do varejo já está digitando na sua tela. O WhatsApp virou canal de vendas, atendimento e fidelização - e está redefinindo a experiência do consumidor brasileiro.

Leonardo Bruno Melo - Global head of sales da Connectly

4 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
11 de setembro de 2025
Agilidade não é sobre seguir frameworks - é sobre gerar valor. Veja como OKRs e Team Topologies podem impulsionar times de produto sem virar mais uma camada de burocracia.

João Zanocelo - VP de Produto e Marketing e cofundador da BossaBox

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança