Uncategorized

É preciso ouvir as vozes da diversidade

Toda a sociedade é prejudicada pelo racismo estrutural que existe no Brasil, que exclui sistematicamente a população negra do mercado de trabalho.
Fundadora e diretora executiva do ID\_BR - Instituto Identidades do Brasil, é responsável pelo desenvolvimento e expansão da organização.

Compartilhar:

De acordo com o IBGE, somos 110 milhões de pessoas negras no País. No entanto, ocupamos apenas 5% dos cargos executivos nas 500 maiores empresas, segundo pesquisa do Instituto Ethos. 

Desse número, menos de 1% são ocupados por mulheres. E as mulheres negras são 50% mais suscetíveis ao desemprego do que outros grupos, diz o Ipea. 

Mas os números não escancaram o preconceito velado com que o negro se depara diariamente. No instituto fazemos uma dinâmica chamada “o jogo do privilégio branco”, que já rodamos com 3.000 pessoas em mais de cem empresas e organizações. 

Os profissionais são enfileirados e a cada pergunta sobre oportunidades eles dão um passo à frente ou atrás. Nunca uma pessoa negra ficou na frente. Esse jogo ilustra a crueldade do racismo no mundo corporativo. 

Segundo pesquisa da consultoria McKinsey & Company, empresas com índices altos de diversidade de raças têm 35% mais probabilidade de obter resultados acima da média no seu ramo. 

É um fato que a promoção da igualdade racial agrega valor para as corporações. Mas, para que isso aconteça, é preciso criar um plano de ações propositivas que valoriza e respeita as habilidades de cada um, independentemente da cor da pele.

No Instituto ID_BR, acreditamos em três pilares de ações que começam com o Compromisso da empresa pela igualdade racial (com palestras, dinâmicas e conscientização do time), passam pelo Engajamento (com a definição de metas concretas para contratação, retenção e desenvolvimento de pessoas negras na empresa) e terminam na Influência (sensibilização de colaboradores, fornecedores e clientes para criar uma mudança em cadeia). Essas três fases visam um nível de maturidade consistente das empresas em relação à pauta racial. 

Para promover a igualdade racial no ambiente corporativo, as empresas têm que envolver diversos setores e pessoas, em especial a gerência média e a alta liderança, e criar ações estruturadas de longo prazo. 

Não adianta só fazer palestra no dia 20 de novembro (Dia da Consciência Negra). É preciso criar metas e prazos para que a mudança não fique só no discurso. 

Para isso, é necessário investir. Não se move cultura corporativa sem investir dinheiro e tempo da alta liderança. Inserir a pauta racial na empresa sem ter pilares estruturados, metas, prazos e budget é uma armadilha. 

Trabalhar a cultura organizacional e a gestão de pessoas não é fácil, mas as coisas só acontecem se tiver investimento e real vontade de mudar. 

Para tornar o ambiente corporativo menos desigual, a primeira coisa é fazer um diagnóstico inicial, entendendo o perfil dos colaboradores. É preciso também criar um ambiente seguro e abrir um momento para escuta, o que facilita o processo de construção da igualdade dentro da empresa. 

Um bom caminho é reunir um grupo de trabalho formado por integrantes de diversos setores e níveis hierárquicos que se debruce especificamente sobre a pauta de modo estruturado com o objetivo de sensibilizar, construir e acompanhar as ações concretas para avanço da igualdade racial. 

Aconselho também que a empresa tenha um sponsor, que será alguém da alta liderança para patrocinar ações e defender a prioridade da pauta racial. 

O meu envolvimento com essa causa começou com a minha própria história pessoal, quando ainda era modelo e percebi as barreiras que tinha que enfrentar por conta da minha cor, que limitava as ofertas de trabalho. Foi a partir daí que entrei fundo no tema e criei o ID_BR, cuja missão é promover a igualdade racial no mundo corporativo.

Pesquisas apontam que levaremos 150 anos para equiparar as oportunidades no mercado de trabalho para as pessoas negras, e nós não queremos esperar todo esse tempo. 

Nossa perspectiva com o Instituto é reduzir essa previsão a um terço e acelerar o processo para que, em 50 anos, a gente possa ter na alta liderença das organizações 50% de funcionários negros e 50% de funcionários brancos. 

Para isso, queremos cada vez mais engajar pessoas de diferentes raças e estimular o debate em toda a sociedade, com foco no mundo corporativo. A promoção da igualdade racial é uma causa de todos.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Inovação & estratégia
27 de outubro de 2025
Programas corporativos de idiomas oferecem alto valor percebido com baixo custo real - uma estratégia inteligente que impulsiona engajamento, reduz turnover e acelera resultados.

Diogo Aguilar - Fundador e Diretor Executivo da Fluencypass

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Inovação & estratégia
25 de outubro de 2025
Em empresas de capital intensivo, inovar exige mais do que orçamento - exige uma cultura que valorize a ambidestria e desafie o culto ao curto prazo.

Atila Persici Filho e Tabatha Fonseca

17 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
24 de outubro de 2025
Grandes ideias não falham por falta de potencial - falham por falta de método. Inovar é transformar o acaso em oportunidade com observação, ação e escala.

Priscila Alcântara e Diego Souza

6 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
23 de outubro de 2025
Alta performance não nasce do excesso - nasce do equilíbrio entre metas desafiadoras e respeito à saúde de quem entrega os resultados.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional.

4 minutos min de leitura
Uncategorized
22 de outubro de 2025
No setor de telecom, crescer sozinho tem limite - o futuro está nas parcerias que respeitam o legado e ampliam o potencial dos empreendedores locais.

Ana Flavia Martins - Diretora executiva de franquias da Algar

4 minutos min de leitura
Marketing & growth
21 de outubro de 2025
O maior risco do seu negócio pode estar no preço que você mesmo definiu. E copiar o preço do concorrente pode ser o atalho mais rápido para o prejuízo.

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

5 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
20 de outubro de 2025
Nenhuma equipe se torna de alta performance sem segurança psicológica. Por isso, estabelecer segurança psicológica não significa evitar conflitos ou suavizar conversas difíceis, mas sim criar uma cultura em que o debate seja aberto e respeitoso.

Marília Tosetto - Diretora de Talent Management na Blip

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
17 de outubro de 2025
No Brasil, quem não regionaliza a inovação está falando com o país certo na língua errada - e perdendo mercado para quem entende o jogo das parcerias.

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Tecnologia & inteligencia artificial
16 de outubro de 2025
A saúde corporativa está em colapso silencioso - e quem não usar dados para antecipar vai continuar apagando incêndios.

Murilo Wadt - Cofundador e diretor geral da HealthBit

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
15 de outubro de 2025
Cuidar da saúde mental virou pauta urgente - nas empresas, nas escolas, nas nossas casas. Em um mundo acelerado e hiperexposto, desacelerar virou ato de coragem.

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)