Vale oriental

Globalização 2.0

Ao contrário das previsões do início da pandemia, as relações comerciais com a china não devem arrefecer
Edward Tse é fundador e CEO da Gao Feng Advisory Company, uma empresa de consultoria de estratégia e gestão com raízes na China.

Compartilhar:

A China conseguiu conter a pandemia de Covid-19 e sua economia se recuperou de forma impressionante. Depois de uma contração de 6,8% no primeiro trimestre, o PIB da China aumentou 3,2% no segundo e 4,9% no terceiro, seguido de um crescimento ainda mais otimista no quarto. As exportações apresentaram aumento de 21,1% em novembro no comparativo anual.

No pico da pandemia, no início do ano passado, muitos gurus disseram que as cadeias de fornecimento e as empresas estrangeiras globais deixariam a China. Eles chamaram esse fenômeno de “desinicialização”. E também afirmaram que o mundo entraria em uma era de “desglobalização”.

Em abril, o governo japonês destinou US$ 2,2 bilhões para que suas multinacionais trouxessem suas operações de volta ao país. Larry Kudlow, consultor econômico estadunidense, propôs que o governo permitisse a dedução das despesas de mudança para empresas norte-americanas se elas deixassem a China.
Essas visões foram compartilhadas e propagadas por muitos, incluindo economistas, acadêmicos e think tanks chineses. Muitos pensaram que “desinicialização” e “desglobalização” se tornariam o novo normal.

O governo chinês, porém, abraçou o multilateralismo, acelerou sua abertura e garantiu às empresas estrangeiras maior acesso aos mercados. A China retirou restrições sobre propriedade estrangeira, e empresas como Tesla, Exxon Mobil e BASF começaram a construir fábricas gigantes, sem sociedade local. No setor financeiro, a investidora BlackRock também obteve aprovação para criar um negócio exclusivo.

Em dezembro, Robert Lewis, advogado norte-americano experiente em negócios com a China, apontou em artigo no Asia Times que, para o governo Biden, o afastamento da China é pouco realista, já que as relações já estabelecidas com empresas multinacionais formaram uma cadeia de fornecimento madura.

Ao longo das últimas três décadas, a Globalização 1.0 consistia principalmente de grandes países ocidentais no centro da demanda por produtos do Oriente, que entrava como fornecedor. Porém, com a ascensão da classe média na China e em outros países asiáticos, eles também estão emergindo como mercados compradores, além de manter o papel de fornecedor. Estamos entrando na era da Globalização 2.0 – o que é totalmente diferente de “desglobalização”.

Para as empresas, será fundamental identificar as tendências da China e do mundo, e deixar claras suas decisões estratégicas, em vez de simplesmente fazer parte de uma câmara de eco. Também valerá a pena observar os movimentos estratégicos feitos por empresas estrangeiras na China, que podem tanto ser concorrentes quanto colaboradores. Será muito estimulante colaborar e concorrer de forma estratégica no cenário da Globalização 2.0.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Os sete desafios das equipes inclusivas

Inclusão não acontece com ações pontuais nem apenas com RH preparado. Sem letramento coletivo e combate ao capacitismo em todos os níveis, empresas seguem excluindo – mesmo acreditando que estão incluindo.

Reaprender virou a palavra da vez

Reaprender não é um luxo – é sobrevivência. Em um mundo que muda mais rápido do que nossas certezas, quem não reorganiza seus próprios circuitos mentais fica preso ao passado. A neurociência explica por que essa habilidade é a verdadeira vantagem competitiva do futuro.

Inovação & estratégia, Marketing & growth
11 de dezembro de 2025
Do status à essência: o luxo silencioso redefine valor, trocando ostentação por experiências que unem sofisticação, calma e significado - uma nova inteligência para marcas em tempos pós-excesso.

Daniel Skowronsky - Cofundador e CEO da NIRIN Branding Company

3 minutos min de leitura
Estratégia
10 de dezembro de 2025
Da Coreia à Inglaterra, da China ao Brasil. Como políticas públicas de design moldam competitividade, inovação e identidade econômica.

Rodrigo Magnago - CEO da RMagnago

17 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
9 de dezembro de 2025
Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão - e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude,

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
8 de dezembro de 2025
Com custos de saúde corporativa em alta, a telemedicina surge como solução estratégica: reduz sinistralidade, amplia acesso e fortalece o bem-estar, transformando a gestão de benefícios em vantagem competitiva.

Loraine Burgard - Cofundadora da h.ai

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
5 de dezembro de 2025
Em um mundo exausto, emoção deixa de ser fragilidade e se torna vantagem competitiva: até 2027, lideranças que integram sensibilidade, análise e coragem serão as que sustentam confiança, inovação e resultados.

Lisia Prado - Consultora e sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Finanças
4 de dezembro de 2025

Antonio de Pádua Parente Filho - Diretor Jurídico, Compliance, Risco e Operações no Braza Bank S.A.

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
3 de dezembro de 2025
A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Gabriel Andrade - Aluno da Anhembi Morumbi e integrante do LAB Jornalismo e Fernanda Iarossi - Professora da Universidade Anhembi Morumbi e Mestre em Comunicação Midiática pela Unesp

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2 de dezembro de 2025
Modelos generativos são eficazes apenas quando aplicados a demandas claramente estruturadas.

Diego Nogare - Executive Consultant in AI & ML

4 minutos min de leitura
Estratégia
1º de dezembro de 2025
Em ambientes complexos, planos lineares não bastam. O Estuarine Mapping propõe uma abordagem adaptativa para avaliar a viabilidade de mudanças, substituindo o “wishful thinking” por estratégias ancoradas em energia, tempo e contexto.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

10 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
29 de novembro de 2025
Por trás das negociações brilhantes e decisões estratégicas, Suits revela algo essencial: liderança é feita de pessoas - com virtudes, vulnerabilidades e escolhas que moldam não só organizações, mas relações de confiança.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança