Healing leadership

Governança inclusiva e princípios democráticos no ESG

Ao adotar princípios das democracias liberais mais avançadas, a governança avança para incluir os stakeholders, reduzindo riscos e aumentando a sustentabilidade das operações
Daniela Garcia é CEO do Instituto Capitalismo Consciente, entusiasta do terceiro setor e dos negócios de impacto social e articula parcerias com o mundo corporativo. Leonardo Alvares é sócio fundador de AV Advogados, é membro do Grupo Jurídico B Brasil.

Compartilhar:

Apesar das atuais discussões sobre a qualidade da democracia no mundo, o sucesso desse regime é inegável: aproximadamente 45% da população global vive em países democráticos. Mas nem todas as democracias são iguais. Uma classificação influente proposta pelos cientistas políticos Anna Lührmann, Marcus Tannenberg e Staffan Lindberg em 2018 divide democracias em eleitorais e liberais. Não basta um processo eleitoral probo; aspectos como acesso à justiça, transparência e adesão a princípios liberais revelam a real qualidade de uma democracia.

Tais discussões podem ser usadas para traçar paralelos com outras instituições, principalmente no aspecto de qualidade ou maturidade. Por exemplo, com as empresas. Apesar das estruturas similares e seguirem requisitos legais, a funcionalidade e a atuação de suas estruturas podem variar muito.

Os conselhos de administração podem ter sua atuação marcada tanto pela independência quanto pela complacência frente aos atos da diretoria. E o direito ao voto pode ser desigual – com a existência de ações preferenciais – ou completamente igual e equânime entre todos os acionistas. Como nas democracias, são critérios que ajudam a indicar a qualidade da governança.

Do ponto de vista da governança corporativa, recentemente houve um novo avanço com investimentos com foco em ESG – sigla em inglês que designa impacto ambiental e social e boa governança. O sucesso das práticas ESG é digno de nota. Houve um aumento expressivo na importância dessa pauta nas teses de investimento e nas diretrizes de gestão das empresas.

Porém não faltam desafios, como promover a diversidade e a inclusão, que envolve, além da representatividade nos quadros, também a participação ativa da sociedade nas tomadas de decisão. Questão que também afeta as empresas: aumentar a diversidade nas instâncias decisórias tem sido uma questão comum nas principais organizações do mundo.

Empresas e governos precisam ter maior intersecção com os diferentes agentes impactados por suas atividades. Apenas assim conseguirão se manter relevantes no longo prazo com as diferentes partes interessadas em suas atividades – os stakeholders.

Essa necessidade levou à criação do conceito de governança de stakeholders, ou governança inclusiva. Ela preconiza que serão levados em conta na tomada de decisão os interesses de todos os diretamente afetados pelas atividades da empresa, desde empregados e fornecedores até integrantes das comunidades nas quais ela se insere. É uma fronteira nova, que traz a participação inclusiva das democracias liberais mais avançadas para o contexto da governança corporativa, com o benefício de trazer mais sustentabilidade para as operações empresariais, devido à maior compreensão de todas as partes envolvidas, e melhor controle de riscos.

E o Brasil pode ser um país referência na governança inclusiva empresarial, tanto por práticas legislativas quanto por diversas organizações e agentes que apoiam tais práticas em suas redes.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Os sete desafios das equipes inclusivas

Inclusão não acontece com ações pontuais nem apenas com RH preparado. Sem letramento coletivo e combate ao capacitismo em todos os níveis, empresas seguem excluindo – mesmo acreditando que estão incluindo.

Reaprender virou a palavra da vez

Reaprender não é um luxo – é sobrevivência. Em um mundo que muda mais rápido do que nossas certezas, quem não reorganiza seus próprios circuitos mentais fica preso ao passado. A neurociência explica por que essa habilidade é a verdadeira vantagem competitiva do futuro.

ESG, Liderança
13 de novembro de 2025
Saiba o que há em comum entre o desengajamento de 79% da força de trabalho e um evento como a COP30

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
12 de novembro de 2025
Modernizar o prazo de validade com o conceito de “best before” é mais do que uma mudança técnica - é um avanço cultural que conecta o Brasil às práticas globais de consumo consciente, combate ao desperdício e construção de uma economia verde.

Lucas Infante - CEO da Food To Save

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, ESG
11 de novembro de 2025
Com a COP30, o turismo sustentável se consolida como vetor estratégico para o Brasil, unindo tecnologia, impacto social e preservação ambiental em uma nova era de desenvolvimento consciente.

André Veneziani - Vice-Presidente Comercial Brasil & América Latina da C-MORE Sustainability

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
10 de novembro de 2025
A arquitetura de software deixou de ser apenas técnica: hoje, ela é peça-chave para transformar estratégia em inovação real, conectando visão de negócio à entrega de valor com consistência, escalabilidade e impacto.

Diego Souza - Principal Technical Manager no CESAR, Dayvison Chaves - Gerente do Ambiente de Arquitetura e Inovação e Diego Ivo - Gerente Executivo do Hub de Inovação, ambos do BNB

8 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025
Investir em bem-estar é estratégico - e mensurável. Com dados, indicadores e integração aos OKRs, empresas transformam cuidado com corpo e mente em performance, retenção e vantagem competitiva.

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025
Na era da hiperconexão, encerrar o expediente virou um ato estratégico - porque produtividade sustentável exige pausas, limites e líderes que valorizam o tempo como ativo de saúde mental.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura
Liderança
3 de novembro de 2025
Em um mundo cada vez mais automatizado, liderar com empatia, propósito e presença é o diferencial que transforma equipes, fortalece culturas e impulsiona resultados sustentáveis.

Carlos Alberto Matrone - Consultor de Projetos e Autor

7 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança