Desenvolvimento pessoal

Guga Stocco: Multitask

Compartilhar:

Se o conceito de banco digital se consolidou no Brasil, em parte é pelo esforço de Guilherme Stocco. Era ele quem estava à frente do setor de estratégia e inovação do Banco Original, em 2016, quando a companhia se tornou a primeira do mundo a permitir abertura de conta totalmente online. Depois de sair do banco, no ano seguinte, Guga Stocco – como é conhecido no mercado – resolveu empreender. Primeiro começou um projeto de open insurance e, mais recentemente, criou um fundo de investimentos especializado em tecnologias do futuro. Além disso, participa do conselho de administração da Totvs e de conselhos consultivos de empresas como B3 e Hapvida. Também é embaixador, no Brasil, do Stanford Research Institute, ligado à Stanford University, dos Estados Unidos. 

É dispensável afirmar que Stocco é um sujeito ocupado, certo? Mas, se considerarmos a inquietação inata dos que lidam com inovação e criatividade, teremos uma dimensão ainda maior de sua busca de produtividade. “Sou uma pessoa expansiva, que gosta de conversar, mas aprendi que, sem dizer não, é impossível ir muito longe. Tem gente que é boa nisso, mas não é o meu caso. Precisei aprender”, afirma. 

Com o intuito de reduzir a dispersão e aumentar a produtividade, Guga Stocco estabeleceu processos de gestão das tarefas. Uma de suas regras é transformar a agenda em algo próximo de uma bíblia para os crentes – tudo o que precisa ser feito ao longo da jornada de trabalho deve estar previsto nela, e cumprido, incluindo os deslocamentos entre um compromisso e outro. 

Os esforços de concentração incluem deixar o smartphone em completo silêncio – o aparelho nem vibra ao ser acionado. A atitude se deve à quantidade de solicitações. A cada dia, ele recebe cerca de 200 telefonemas, 100 mensagens de WhatsApp e de 50 a 70 e-mails. “Antes, o celular vibrava o tempo todo. Aquilo estava me deixando louco.” 

**IMPACIENTES SÃO BLOQUEADOS**

Até a namorada já está acostumada com o voto de silêncio do celular. Quem insiste em se comunicar contra a vontade de Stocco está correndo risco. “Se a pessoa ligou ou mandou mensagem e eu não respondi, e depois ela continua insistindo, vai para a blacklist. Bloqueio mesmo.” 

Outra providência é tentar marcar compromissos em locais que sejam próximos – já que, da jornada de dez horas de trabalho por dia, pelo menos três se perdem no trânsito de São Paulo. Na ocasião da entrevista a HSM Management, Stocco havia feito duas reuniões no mesmo shopping center – na hora do almoço em um restaurante e, logo depois, em um café. 

Se isso não é possível, o tempo de deslocamento é dedicado à expansão do conhecimento por meio de podcasts e audiobooks. “Em um mundo em constante transformação, o aprendizado é algo inadiável”, afirma. 

As audições instrutivas também têm lugar na esteira da academia. Os exercícios físicos, aliás, são praticados pelo menos três vezes por semana, de preferência com auxílio de personal trainer. Stocco admite necessitar da orientação de um profissional justamente por conta da dispersão. Além disso, prefere malhar na academia do que em casa. “Mudar de ambiente me ajuda bastante”, reconhece. 

No horizonte, Guga Stocco vislumbra um cotidiano menos atribulado e mais focado em qualidade de vida? Sim. A meta é trabalhar apenas três dias por semana – e ele sabe que isso vai exigir ser mais produtivo do que é hoje, quando trabalha cinco dias. Para tanto, pretende aprimorar o processo de gestão da agenda, além de delegar mais tarefas a pessoas próximas.

Mesmo sem fixar prazo, Stocco quer mirar em atividades que mantenham o corpo ativo e a mente estimulada, indo desde velejar até fazer programação no computador. 

Aos poucos, ele diz, a agenda vai cedendo espaço para essa nova rotina. “Estou no ponto de priorizar as coisas que gosto de fazer. Por exemplo, se houver conflito entre uma reunião imprevista e a academia, manter a academia”, afirma. E ele acrescenta: “Se eu perder dinheiro por causa disso, paciência, minha vida vale mais.” 

> **Contabilidade de horas brutas e líquidas de trabalho.** Pelo menos 3 das 10 horas diárias de trabalho eram perdidas no trânsito de São Paulo. Não são mais: agora ele aproveita para ouvir podcasts e audiobooks.
>
> **Relação com o fim de semana.** Depois que chega em casa na sexta-feira, após uma semana corrida de trabalho, Stocco não sente culpa alguma de se entregar às redes sociais e à Netflix. “Esses são os meus vícios e sou totalmente tolerante com eles.”
>
> **Férias.** No mínimo duas vezes por ano, e sempre na contramão do fluxo turístico – evitando a temporada de verão ao ir para o hemisfério norte. 
>
> **Como lida com interrupções.** Não responde mensagens em tempo real e mantém o celular silencioso (sem nem vibrar). Quem insistir demais leva um “block”. 
>
> **Esportes.** Corrida e musculação, pelo menos três vezes por semana. 
>
> **Jornada semanal.** Tem cinco dias por semana nos dias atuais, mas ele quer reduzi-la para três dias, para dedicar mais tempo aos hobbies.

Compartilhar:

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura
User Experience, UX
Na era da indústria 5.0, priorizar as necessidades das pessoas aos objetivos do negócio ganha ainda mais relevância

GEP Worldwide - Manoella Oliveira

9 min de leitura
Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
Esse fio tem a ver com a combinação de ciências e humanidades, que aumenta nossa capacidade de compreender o mundo e de resolver os grandes desafios que ele nos impõe

CESAR - Eduardo Peixoto

6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.

Rafael Ferrari

12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Inclusão
Imagine estar ao lado de fora de uma casa com dezenas de portas, mas todas trancadas. Você tem as chaves certas — seu talento, sua formação, sua vontade de crescer — mas do outro lado, ninguém gira a maçaneta. É assim que muitas pessoas com deficiência se sentem ao tentar acessar o mercado de trabalho.

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Saúde Mental
Desenvolver lideranças e ter ferramentas de suporte são dois dos melhores para caminhos para as empresas lidarem com o desafio que, agora, é também uma obrigação legal

Natalia Ubilla

4 min min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Cris Sabbag, COO da Talento Sênior, e Marcos Inocêncio, então vice-presidente da epharma, discutem o modelo de contratação “talent as a service”, que permite às empresas aproveitar as habilidades de gestores experientes

Coluna Talento Sênior

4 min de leitura