Inovação
5 min de leitura

Insights Fundamentais sobre Inteligência Artificial no SXSW 2025

No SXSW 2025, Flavio Pripas, General Partner da Staged Ventures, reflete sobre IA como ferramenta para conexões humanas, inovação responsável e um futuro de abundância tecnológica.
Reconhecido pela FastCompany como uma das "Pessoas Mais Criativas nos Negócios em 2012" é General Partner na Staged Ventures e Partner na Experience Club US. Planejou, liderou e foi membro do conselho do Cubo de 2014 a 2023. Além disso, liderou a TI no JPMorgan Brasil, encabeçou o desenvolvimento de sistemas no Credit-Suisse Hedging-Griffo e foi o líder de TI para o JPMC Vastera na América Latina.

Compartilhar:

Desde 2014 participo do South by Southwest (SXSW) em Austin, Texas. Ao longo dessas onze edições (com exceção de 2020, cancelada pela pandemia), aprendi que o evento é um catalisador essencial para reflexões sobre tendências tecnológicas, sociais e econômicas, fundamentais para minha atuação como investidor em Venture Capital. Neste ano, 2025, a Inteligência Artificial (AI) novamente ocupou o centro das discussões, trazendo à tona questões profundas sobre o futuro da sociedade e nosso papel diante das novas tecnologias.

Este artigo propõe destacar cinco insights centrais sobre AI extraídos do SXSW 2025, refletindo palestras, painéis e discussões que presenciei, com o objetivo de compartilhar uma visão estratégica e ética sobre o futuro.

AI como Parceira Humana, Não Substituta

Uma das mensagens mais enfáticas deste SXSW foi a necessidade urgente de entender a AI como uma extensão das capacidades humanas, e não como substituta do ser humano. Leonardo Giusti, da Archetype AI, apresentou essa visão claramente na sessão “Harmonious AI”, na qual defendeu interfaces físicas e intuitivas que aumentam naturalmente nosso potencial criativo e produtivo. Ao invés de chatbots simplistas, Giusti propõe a incorporação da AI diretamente em objetos cotidianos, promovendo uma interação mais natural e orgânica.

Essa perspectiva também ecoou na palestra do CEO da Qualcomm, Cristiano Amon, que afirmou que AI já está redefinindo como interagimos com dispositivos, posicionando o ser humano no centro, com tecnologias se adaptando às nossas preferências e necessidades, em tempo real.

Controle e Privacidade de Dados como Condição Essencial

Meredith Whittaker, presidente do Signal, enfatizou intensamente a necessidade de controle e segurança sobre nossos dados pessoais na era da AI. Durante a sessão sobre segurança online, Whittaker argumentou que, sem controle claro e transparente sobre como e quando AI pode utilizar dados pessoais para aprendizado, corremos riscos significativos. Ela também criticou a proliferação irresponsável de chatbots que não agregam valor real, mas expõem usuários a riscos de privacidade.

Interfaces Intuitivas e Invisíveis: O Próximo Passo da AI

Um avanço evidente neste SXSW foi a compreensão mais madura sobre as interfaces com AI. Como mencionado por Cristiano Amon e Leonardo Giusti, a tendência é que a AI desapareça da percepção imediata, integrando-se de forma quase invisível ao nosso dia a dia. Essa evolução foi abordada também na sessão “AI is the New UI”, indicando que, em breve, não precisaremos mais lidar diretamente com aplicativos ou telas complexas. A interação será fluida, natural e orientada pelas necessidades humanas.

A Convergência entre Computação Quântica e AI Exige Ética e Responsabilidade

Uma das discussões mais impactantes ocorreu no painel “Quantum Leaps”. Especialistas exploraram as imensas possibilidades de combinar a computação quântica com inteligência artificial, destacando potenciais revoluções em setores críticos como saúde, logística, farmacêutica e meio ambiente. Entretanto, essa convergência também gerou reflexões preocupantes sobre a superinteligência emergente e suas implicações éticas.

O CEO da IBM, Arvind Krishna, reforçou que estamos vivendo não apenas um momento transitório, mas uma revolução tecnológica permanente, acelerada pela iminência da AI Geral (AGI) e avanços em computação quântica. A integração dessas tecnologias exige uma ampla discussão sobre governança, ética e limites, garantindo que sirvam para benefício e não para ameaça da humanidade.

AI como Instrumento para Combater a Epidemia de Solidão

O grande tema do SXSW 2025 foi a “epidemia da solidão”. Desde a palestra inaugural com Kasley Killam até as sessões de Amy Webb, Scott Galloway e Peter Attia, ficou evidente que o isolamento social, intensificado pelo digital, é um dos grandes desafios da atualidade. Entretanto, um consenso emergiu claramente: a AI pode e deve ser usada para fortalecer conexões humanas, ao invés de substituí-las.

AI Agents, definidos como sistemas autônomos capazes de realizar tarefas complexas sem supervisão constante, foram muito discutidos por Nickle LaMoreaux, da IBM. Segundo LaMoreaux, AI Agents serão ferramentas poderosas para ampliar conexões sociais e profissionais se usados corretamente, aliviando tarefas repetitivas e liberando tempo para interações humanas genuínas.

AI como Ferramenta para um Futuro Abundante e Inclusivo

Finalmente, apesar dos alertas sobre solidão e isolamento, o tom geral do evento foi profundamente otimista. Estamos prestes a viver uma época de abundância tecnológica sem precedentes: AI Geral potencializará a criatividade humana, a computação quântica permitirá soluções inéditas para desafios médicos e ambientais, enquanto novas fontes de energia limpa (solar e nuclear) assegurarão energia abundante e sustentável para uma população global crescente.

Além disso, avanços em exploração espacial prometem abrir novas fronteiras para o desenvolvimento humano. Tim Berners-Lee, inventor da World Wide Web, destacou a relevância histórica deste momento em sua palestra, ressaltando que a AI no mundo físico, através de robótica avançada, está finalmente tornando realidade um futuro antes restrito à ficção científica.

AI para o Futuro

O SXSW 2025 reforçou claramente que estamos vivendo um momento privilegiado da história humana, com um potencial inédito de transformação positiva, desde que sejamos capazes de equilibrar inovação tecnológica com responsabilidade social e ética profunda. Cabe a nós garantir que a AI seja usada para construir um futuro humano mais conectado, inclusivo e criativo.

Estamos diante não apenas de desafios, mas sobretudo de grandes oportunidades. É nosso papel liderar essa jornada com responsabilidade e entusiasmo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Uncategorized, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
20 de agosto de 2025
A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais - e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

Ana Fontes

4 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital, Cultura organizacional, Inovação & estratégia
18 de agosto de 2025
O futuro chegou - e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Bruno Pedra, Gerente de estratégia de marca na Blip

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de agosto de 2025
Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas - como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas - e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Carol Zatorre, sócia e CO-CEO da Kyvo. Antropóloga e coordenadora regional do Epic Latin America

4 minutos min de leitura
Liderança, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Como a prática da meditação transformou minha forma de viver e liderar

Por José Augusto Moura, CEO da brsa

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas - e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Por Carolina Ignarra, CEO da Talento Incluir e Larissa Alves, Coordenadora de Empregabilidade da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas, Estratégia
13 de agosto de 2025
Lideranças que ainda tratam o tema como secundário estão perdendo talentos, produtividade e reputação.

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

2 minutos min de leitura
Gestão de Pessoas, Carreira, Desenvolvimento pessoal, Estratégia
12 de agosto de 2025
O novo desenho do trabalho para organizações que buscam sustentabilidade, agilidade e inclusão geracional

Cris Sabbag - Sócia, COO e Principal Research da Talento Sênior

5 minutos min de leitura
Liderança, Gestão de Pessoas, Lifelong learning
11 de agosto de 2025
Liderar hoje exige mais do que estratégia - exige repertório. É preciso parar e refletir sobre o novo papel das lideranças em um mundo diverso, veloz e hiperconectado. O que você tem feito para acompanhar essa transformação?

Bruno Padredi

3 minutos min de leitura
Diversidade, Estratégia, Gestão de Pessoas
8 de agosto de 2025
Já parou pra pensar se a diversidade na sua empresa é prática ou só discurso? Ser uma empresa plural é mais do que levantar a bandeira da representatividade - é estratégia para inovar, crescer e transformar.

Natalia Ubilla

5 minutos min de leitura
ESG, Cultura organizacional, Inovação
6 de agosto de 2025
Inovar exige enxergar além do óbvio - e é aí que a diversidade se torna protagonista. A B&Partners.co transformou esse conceito em estratégia, conectando inclusão, cultura organizacional e metas globais e impactou 17 empresas da network!

Dilma Campos, Gisele Rosa e Gustavo Alonso Pereira

9 minutos min de leitura