Liderança

Manual do feedback – 7 passos para não errar

Saber conduzir um bom processo de feedback é fundamental para a sua carreira, principalmente se você já ocupa uma posição de liderança
Luciano possui +20 anos de experiência no mercado digital tendo iniciado sua carreira no portal UOL, trabalhou 10 anos no Google Brasil em diversas áreas e foi diretor no Facebook Brasil a frente de uma equipe de vendas em São Paulo. É escritor e autor do livro "Seja Egoísta com sua Carreira", embaixador da Escola Conquer e faz parte do conselho consultivo da Agile.Inc.

Compartilhar:

Feedback corretivo, feedback negativo, feedback positivo, feedback construtivo (o meu preferido) e alguns outros termos são os mais utilizados para descrever uma das ferramentas mais importantes que temos no mundo corporativo, principalmente se você está em uma posição de liderança.

Os feedbacks nos fazem enxergar pontos cegos, mapear áreas que precisamos melhorar e entender como os profissionais que estão ao nosso redor veem o nosso trabalho. É puro crescimento.

Eu sempre falo que feedback mesmo quando é ruim, é bom. O motivo? Muita gente tem um medo absurdo de usá-lo com seus colegas de trabalho e até mesmo com suas próprias equipes. Quando alguém se dispõe a dá-lo, temos de agradecer e incentivar. É literalmente um presente.

Mas por que as pessoas têm tanto medo? Vejo alguns motivos:

Não se sentem aptas por não terem sido treinadas para dar/receber.
A cultura corporativa não incentiva a prática.
Não sabem como fazer e o que falar.
Não sabem como não correr o risco de ofender alguém.

Esses receios acabam fazendo com que muitos profissionais nunca recebam um feedbackzinho sequer, sendo surpreendidos com fofocas a seu respeito, avaliações baixas e, em casos mais extremos, até demissões. Fora o fato de ser injusto com quem não está indo bem, né? Porque se a pessoa não sabe onde precisa melhorar, não terá a oportunidade de se desenvolver.

É aqui que entra o feedback. Por sua importância e falta de uso, decidi colocar as melhores práticas que conheço em 7 passos para que você possa começar hoje mesmo a utilizar essa poderosa ferramenta.

## 1. Escolha um local adequado

Sempre que vamos dar feedback para alguém, devemos fazer isso em um local isolado em que só estarão vocês dois. Parece besteira, mas, além de ser desconfortável ter essa conversa com mais pessoas ao redor, cada um reage de forma diferente. Uma vez, quando eu era um coordenador júnior, fui dar um feedback bem suave para um profissional e, por falta de sala, resolvi fazer no café da empresa. Quando ainda estava na metade, a pessoa começou a chorar. Logo várias pessoas vieram ao nosso encontro para perguntar o que estava acontecendo. Imagine a cena? Aprendi a lição.

## 2. Pergunte como a pessoa acha que está desempenhando no ponto que irá dar feedback

Seja um projeto, um comportamento ou o desempenho da pessoa no ciclo, comece perguntando como a pessoa acha que está. Perguntas do tipo “como vai o andamento do projeto X” ou “qual é sua avaliação do seu semestre” são boas maneiras de entender como o profissional se enxerga. Escute atentamente, as informações que aparecerem aqui podem ajudar imensamente nos pontos 3 e 4.

## 3. Comece com os pontos positivos

Eu gosto de começar destacando os pontos positivos e fortes da pessoa. Todos nós, sem exceção, temos pontos a melhorar e pontos que mandamos muito bem. Começar logo com as áreas de melhoria pode ser um pouco desmotivador para alguns profissionais. Começar pelo o que está funcionando é uma ótima oportunidade de reconhecer o que é positivo na pessoa para depois entrar nos ajustes que precisam ser feitos.

## 4. Dê o feedback e exemplos

Agora é hora de entrar no que precisa ser trabalhado. Eu sempre aconselho as pessoas a evitarem rodeios e irem direto ao ponto. Tem que trabalhar o comportamento? Diga: “há uma questão de comportamento que precisa ser trabalhada”. O projeto está atrasado? Diga: “o projeto está atrasado”. Direto ao ponto. Agora, o pulo do gato: SEMPRE exemplifique seus feedbacks. Usando os mesmos exemplos acima, na questão de comportamento: “você não tem contribuído muito nas reuniões, nas últimas três que participou não comentou nenhum dos pontos discutidos” ou “concordamos que o projeto seria entregue na data tal, já se passaram X dias e ele ainda não está pronto”.

Feedback sem exemplo é igual pastel de vento: não tem conteúdo nenhum.

## 5. Escute

Depois que o feedback for entregue, é hora de escutar. Pergunte se a pessoa entendeu o que você quis passar e se tem alguma dúvida sobre o que conversaram. Sinta o momento, algumas pessoas preferem digerir tudo que foi dito e outras já entrar nos pontos para entender mais. Não tem certo e errado.

## 6. Não terceirize

Uma das piores coisas que se pode fazer em uma sessão de feedback é usar terceiros para validar seus pontos. “O fulano disse que você é agressivo”, “o ciclano acha que você não está colaborando”, “o diretor acha que você…” e por aí vai. Isso desqualifica o feedback e joga a responsabilidade no terceiro. Seja dono e responsável pela conversa.

## 7. Coloque-se à disposição de um papo adicional

Acabada a sessão, coloque-se à disposição para ter uma conversa adicional sobre o que acabaram de discutir. Como eu já falei, algumas pessoas precisam de tempo para digerir o que foi conversado para então estarem prontas para uma conversa adicional e outras vão querer ir mais a fundo depois de alguma reflexão. Acomode essas necessidades.

Na minha experiência, esses sete itens são extremamente poderosos para ter uma conversa de feedback eficiente. Dependendo do contexto, você pode usar somente alguns pontos em vez da sequência toda. O mais importante, agora você já sabe: com um pouco de preparo, o medo é substituído pela oportunidade de contribuir com o desenvolvimento das pessoas. E isso é um caminho sem volta, extremamente recompensador, que vale cada minuto investido.

Compartilhar:

Luciano possui +20 anos de experiência no mercado digital tendo iniciado sua carreira no portal UOL, trabalhou 10 anos no Google Brasil em diversas áreas e foi diretor no Facebook Brasil a frente de uma equipe de vendas em São Paulo. É escritor e autor do livro "Seja Egoísta com sua Carreira", embaixador da Escola Conquer e faz parte do conselho consultivo da Agile.Inc.

Artigos relacionados

Quando o corpo pede pausa e o negócio pede pressa

Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão – e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Inovação e comunidades na presença digital

A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura
Inovação
3 de setembro de 2025
Em entrevista com Rodrigo Magnago, Fernando Gama nos conta como a Docol tem despontado unindo a cultura do design na organização

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
3 de setembro de 2025
O plástico nasceu como símbolo do progresso - hoje, desafia o futuro do planeta. Entenda como uma invenção de 1907 moldou a sociedade moderna e se tornou um dos maiores dilemas ambientais da nossa era.

Anna Luísa Beserra - CEO da SDW

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Empreendedorismo, Tecnologia & inteligencia artificial
2 de setembro de 2025
Como transformar ciência em inovação? O Brasil produz muito conhecimento, mas ainda engatinha na conversão em soluções de mercado. Deep techs podem ser a ponte - e o caminho já começou.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação

5 minutos min de leitura
Liderança, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
1 de setembro de 2025
Imersão de mais de 10 horas em São Paulo oferece conteúdo de alto nível, mentorias com especialistas, oportunidades de networking qualificado e ferramentas práticas para aplicação imediata para mulheres, acelerando oportunidades para um novo paradigma econômico

Redação HSM Management

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
1 de setembro de 2025
Na era da creator economy, influência não é mais sobre alcance - é sobre confiança. Você já se deu conta como os influenciadores se tornaram ativos estratégicos no marketing contemporâneo? Eles conectam dados, propósito e performance. Em um cenário cada vez mais automatizado, é a autenticidade que converte.

Salomão Araújo - VP Comercial da Rakuten Advertising no Brasil

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Liderança
29 de agosto de 2025
Estamos entrando na temporada dos planos estratégicos - mas será que o que chamamos de “estratégia” não é só mais uma embalagem bonita para táticas antigas? Entenda o risco do "strategy washing" e por que repensar a forma como construímos estratégia é essencial para navegar futuros possíveis com mais consciência e adaptabilidade.

Lilian Cruz, Cofundadora da Ambidestra

4 minutos min de leitura
Empreendedorismo, Inovação & estratégia
28 de agosto de 2025
Startups lideradas por mulheres estão mostrando que inovação não precisa ser complexa - precisa ser relevante. Já se perguntou: por que escutar as necessidades reais do mercado é o primeiro passo para empreender com impacto?

Ana Fontes - Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Tecnologia & inteligencia artificial
26 de agosto de 2025
Em um universo do trabalho regido pela tecnologia de ponta, gestores e colaboradores vão obrigatoriamente colocar na dianteira das avaliações as habilidades humanas, uma vez que as tarefas técnicas estarão cada vez mais automatizadas; portanto, comunicação, criatividade, pensamento crítico, persuasão, escuta ativa e curiosidade são exemplos desse rol de conceitos considerados essenciais nesse início de século.

Ivan Cruz, cofundador da Mereo, HR Tech

4 minutos min de leitura
Inovação
25 de agosto de 2025
A importância de entender como o design estratégico, apoiado por políticas públicas e gestão moderna, impulsiona o valor real das empresas e a competitividade de nações como China e Brasil.

Rodrigo Magnago

9 min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança