Editorial

Não mais cantamos juntos a mesma canção

Compartilhar:

“Pensa-se com insistência que ontem era melhor. Não era não. Além do mais, o presente é inexorável. Melhor legitimá-lo, captá-lo em sua nova forma, perceber a imensa chance de viver uma humanidade em nova clave. A música mudou. Não mais se trata de cantarmos juntos a mesma canção, o mesmo clássico da bossa nova, do sertanejo, do standard americano. A música desse novo mundo não busca o consenso… A música atual em vez do consenso prefere articular diferenças. Não se canta junto, mas se dança junto, em movimentos díspares.”

O assinante de HSM Management deve estar reconhecendo o texto acima. Ele foi escrito pelo nosso colunista, o psicanalista Jorge Forbes, uma das mentes brilhantes com quem temos a honra de conviver, na revista passada. Em um texto que era intitulado Estresse, Forbes continuou: “O novo limite que resolverá a epidemia de estresse já existe; resta saber vivê-lo. Não é um limite como foi o anterior, baseado na famosa assertiva ‘a liberdade de um termina onde começa a liberdade do outro.’ Hoje há que se dizer e viver que a ‘liberdade de um começa com a liberdade do outro’”.

Trago este texto da edição passada por duas razões. A primeira é que fala da nova música destes tempos e da liberdade – a nossa e a do outro. E nosso Dossiê traz o conceito de liberdade para o mundo dos negócios, lembrando que o mesmo pêndulo que a filosofia identificou nos seres humanos – aquele que oscila entre o desejo de liberdade e o desejo de segurança – balança nas empresas, embora os gestores nem sempre se deem conta. Se a liberdade (risco, inovação) já é esquecida com frequência em tempos normais, em momentos de crise, então, nem se fala. O Dossiê traz uma série de ações práticas de cultura e de finanças para as empresas poderem buscar um equilíbrio entre liberdade e segurança. Afinal, como disse Zygmunt Bauman, segurança sem liberdade é escravidão. E liberdade sem segurança, por sua vez, é caos.

A segunda razão de citar Forbes é ele ser um d0s entrevistados da nossa matéria de capa, sobre o repertório cultural do executivo brasileiro. Letramento cultural é o item número 3 da lista de 16 habilidades do século 21 feita pelo Fórum Econômico Mundial e nosso conteúdo inclui, entre outras coisas, uma pesquisa exclusiva feita em parceria com o Talenses Group e dois nudges: os textos dos escritores Fabio Fernandes e Tiago Novaes, respectivamente, sobre livros de ficção científica e de não ficção (mas não negócios também). Dando um leve spoiler, temos um consumo relativamente baixo de produtos culturais e temos espaço para melhoria. A variedade de conteúdos evita que a gente tenda a “reproduzir pensamentos genéricos”, como diz Forbes.

Vale a pena ler essa matéria para as nossas carreiras, assim como vale o Dossiê sobre finanças e cultura para as nossas empresas. Boa leitura!

Compartilhar:

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Empreendedorismo
Liderar na era digital: como a ousadia, a IA e a visão além do status quo estão redefinindo o sucesso empresarial

Bruno Padredi

5 min de leitura
Liderança
Conheça os 4 pilares de uma gestão eficaz propostos pelo Vice-Presidente da BossaBox

João Zanocelo

6 min de leitura
Inovação
Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Vanessa Chiarelli Schabbel

5 min de leitura
Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura
Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura