ESG, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
3 minutos min de leitura

Ninguém se engaja naquilo que não conhece 

É conselheira de empresas, mentora e professora. Durante anos foi executiva de empresas, passando por organizações como Toyota, GE, Votorantim e MSD. É autora de diversos livros, entre os quais está o ‘Emoção e Comunicação - Reflexão para humanização das relações de trabalho’, escrito em parceria com a Cynthia Provedel.

Compartilhar:

Não há pessoa em cargo de liderança que não se preocupe com os baixos índices de engajamento compartilhados em cada rodada de divulgação da pesquisa da Gallup sobre engajamento da força de trabalho. A versão de 2025, dá conta de que o engajamento global dos funcionários caiu, custando à economia mundial US$ 438 bilhões em perda de produtividade. Aliás, a consultoria ainda menciona que se o ambiente de trabalho estivesse totalmente engajado, adicionaríamos mais de 9 trilhões de dólares à economia global. Números encantam, eu sei, mesmo que sejam tão hipotéticos quando este. Estamos falando de uma força de trabalho global de 62% de não-engajados e 17% ativamente não engajados. Latino-americanos com números melhores: são 58% não-engajados e 11% ativamente não-engajados. Pessoas que não querem estar, que deixam a vida passar, eventualmente detratoras do que vivem corporativamente. Não estou questionando as razões (que podem, claro, ser tema de outro artigo). 

Neste mês de novembro, me chama a atenção os dados relacionados à COP30, que acontece em Belém. Evento de natureza bastante complexa, envolvendo muitos números, muitos (des)acordos, e de repente eu me dou conta que na rodinha de conversa ao lado da que eu estou alguém pergunta: “por que chamamos de COP 30 se estamos em 2025?”, “mas o que é COP mesmo?”, “que bizarro, por que discute só o E, e não os demais problemas”? … Senhores e senhoras, é preciso respirar fundo, não perder a esperança, e responder todas essas perguntas sem qualquer demonstração de estranhamento.

O que os dois temas têm me comum? Explico-me. Vivemos tempos difíceis. Mas terrivelmente melhores que antes. Hoje temos muito acesso à informação. É uma benção. Tão grande, que nos perdemos nela.  Temos tanta possibilidade, que é difícil escolher. Nessa vastidão de oportunidade e de informação em que fomos atirados, é preciso saber navegar. É preciso saber escolher.

Ah, mas tem gente que não tem opção. Tem gente que não tem escolha. Tem gente que não tem acesso. Tudo isso é verdade. Mas não é sobre eles que eu falo agora (sobre estes eu trabalho em outros contextos e grupos).

Voltemos a este grupo, dos que precisam escolher entre um universo vasto de opções e informações. A HSM fez um evento fantástico nas últimas semanas, em que foi fácil sentir FOMO (o medo de perder coisas, e claro que sim, perdeu-se, pois era impossível multiplicar nossos átomos para estar em tanta coisa boa ao mesmo tempo) e uma parte da agenda se dedicou justamente a essa matéria – é preciso saber navegar. Precisamos aprender a escolher o que ver, ver com calma, entender, aprender a mergulhar, aproveitar a jornada.

Muita coisa está passando por nós. Se estivermos distraídos demais, talvez a gente perca algo importante. Talvez passe por nós um capítulo importante sem o qual perderemos um tempo valioso tentando reviver algo que, alienados, perdemos.

Um papel importante da liderança moderna é ajudar o time a ter atenção ao que virá. Veja: não é necessariamente ensinar algo. É preparar para ver. Preparar para que as pessoas estejam suficientemente atentas para verem por si mesmas, para fazerem suas reflexões, criarem suas próprias sinapses, no seu tempo. É uma forma moderna para “preparar para o mundo” que é definitivamente mais veloz.

Mas o que precisamos para estar nesse lugar de ser bússola? De apontar para um caminho, mas não ser resposta? Estamos em condição de fazê-lo? Exige uma certa dose de desprendimento, de coragem, de assumir o lugar do não saber, mas a abertura e a generosidade de estar junto e de incentivar sempre. Estamos aí, nesse lugar?

Vamos juntos?

Compartilhar:

É conselheira de empresas, mentora e professora. Durante anos foi executiva de empresas, passando por organizações como Toyota, GE, Votorantim e MSD. É autora de diversos livros, entre os quais está o ‘Emoção e Comunicação - Reflexão para humanização das relações de trabalho’, escrito em parceria com a Cynthia Provedel.

Artigos relacionados

Inovação
3 de setembro de 2025
Em entrevista com Rodrigo Magnago, Fernando Gama nos conta como a Docol tem despontado unindo a cultura do design na organização

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
3 de setembro de 2025
O plástico nasceu como símbolo do progresso - hoje, desafia o futuro do planeta. Entenda como uma invenção de 1907 moldou a sociedade moderna e se tornou um dos maiores dilemas ambientais da nossa era.

Anna Luísa Beserra - CEO da SDW

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Empreendedorismo, Tecnologia & inteligencia artificial
2 de setembro de 2025
Como transformar ciência em inovação? O Brasil produz muito conhecimento, mas ainda engatinha na conversão em soluções de mercado. Deep techs podem ser a ponte - e o caminho já começou.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação

5 minutos min de leitura
Liderança, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
1 de setembro de 2025
Imersão de mais de 10 horas em São Paulo oferece conteúdo de alto nível, mentorias com especialistas, oportunidades de networking qualificado e ferramentas práticas para aplicação imediata para mulheres, acelerando oportunidades para um novo paradigma econômico

Redação HSM Management

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
1 de setembro de 2025
Na era da creator economy, influência não é mais sobre alcance - é sobre confiança. Você já se deu conta como os influenciadores se tornaram ativos estratégicos no marketing contemporâneo? Eles conectam dados, propósito e performance. Em um cenário cada vez mais automatizado, é a autenticidade que converte.

Salomão Araújo - VP Comercial da Rakuten Advertising no Brasil

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Liderança
29 de agosto de 2025
Estamos entrando na temporada dos planos estratégicos - mas será que o que chamamos de “estratégia” não é só mais uma embalagem bonita para táticas antigas? Entenda o risco do "strategy washing" e por que repensar a forma como construímos estratégia é essencial para navegar futuros possíveis com mais consciência e adaptabilidade.

Lilian Cruz, Cofundadora da Ambidestra

4 minutos min de leitura
Empreendedorismo, Inovação & estratégia
28 de agosto de 2025
Startups lideradas por mulheres estão mostrando que inovação não precisa ser complexa - precisa ser relevante. Já se perguntou: por que escutar as necessidades reais do mercado é o primeiro passo para empreender com impacto?

Ana Fontes - Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Tecnologia & inteligencia artificial
26 de agosto de 2025
Em um universo do trabalho regido pela tecnologia de ponta, gestores e colaboradores vão obrigatoriamente colocar na dianteira das avaliações as habilidades humanas, uma vez que as tarefas técnicas estarão cada vez mais automatizadas; portanto, comunicação, criatividade, pensamento crítico, persuasão, escuta ativa e curiosidade são exemplos desse rol de conceitos considerados essenciais nesse início de século.

Ivan Cruz, cofundador da Mereo, HR Tech

4 minutos min de leitura
Inovação
25 de agosto de 2025
A importância de entender como o design estratégico, apoiado por políticas públicas e gestão moderna, impulsiona o valor real das empresas e a competitividade de nações como China e Brasil.

Rodrigo Magnago

9 min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
25 de agosto de 2025
Assédio é sintoma. Cultura é causa. Como ambientes de trabalho ainda normalizam comportamentos abusivos - e por que RHs, líderes e áreas jurídicas precisam deixar a neutralidade de lado e assumir o papel de agentes de transformação. Respeito não pode ser negociável!

Viviane Gago, Facilitadora em desenvolvimento humano

5 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)