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O futuro do luxo é silencioso: O que realmente importa para o consumidor de hoje

Do status à essência: o luxo silencioso redefine valor, trocando ostentação por experiências que unem sofisticação, calma e significado - uma nova inteligência para marcas em tempos pós-excesso.
Cofundador e CEO da NIRIN Branding Company. Com mais de 25 anos de experiência em branding, liderou projetos estratégicos nos setores de moda, mobilidade, tecnologia, finanças, varejo e imobiliário. Sua atuação combina visão estratégica e sensibilidade criativa para impulsionar marcas em busca de relevância, diferenciação e crescimento sustentável. Atua também como conselheiro e representante em entidades setoriais, sempre com foco em soluções objetivas para os desafios do presente e do futuro.

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O segmento do luxo sempre funcionou como um termômetro cultural. Em cada Era, traduziu o espírito do tempo: da ostentação do pós-guerra ao minimalismo digital recente. Agora, volta a ocupar seu lugar de vanguarda, não mais como símbolo de status, mas como um novo modo de interpretar valor. O que se convencionou chamar de “quiet luxury” sinaliza uma mudança mais profunda: a busca por densidade emocional, beleza essencial e significado duradouro.

O estudo BCG × Altagamma True Luxury Global Consumer Insight 2025 mostra que, embora o mercado avance em ritmo moderado, cresce a influência dos “Very Important Clients”, os VICs. Esse grupo representa cerca de 2% da base global de consumidores, mas responde por até 30% das vendas do setor de luxo. São clientes que redefinem os critérios de valor e passam a buscar autenticidade, vínculo e presença. O foco deixa de ser volume e passa a ser profundidade. 

Essa virada aparece também na aproximação entre sofisticação e cuidado pessoal. O que antes era visto como universos distintos se encontra hoje em uma mesma sensibilidade. Pessoas buscam ambientes que acolham, silenciam e restauram. As marcas mais atentas captaram esse movimento e transformaram o silêncio em linguagem, materiais em sensações e o tempo em valor. Não se trata de escapar da rotina, mas de vivê-la com mais consciência. Surgem, globalmente e no Brasil, ecossistemas que unem hospitalidade, arte, gastronomia e morada, criando novas formas de convivência.

Um exemplo que traduz esse novo olhar aparece tanto na JHSF, grupo brasileiro conhecido por empreendimentos como o Fasano, quanto no Toranomon Hills, em Tóquio. Ambos expressam uma estética de sofisticação silenciosa, em que arquitetura, paisagem e serviços se combinam para criar experiências guiadas por sensação. Seja na luz precisa e na harmonia dos espaços da JHSF, seja na fluidez equilibrada do complexo japonês, o princípio é o mesmo: ambientes que organizam a vida, reduzem o ruído e projetam um modo de viver mais intencional.

Esse contexto também redefine o que significa ser relevante. Relevância deixa de ser atributo de comunicação e se torna critério de permanência. É ocupar um espaço claro na vida das pessoas, combinando funcionalidade, sensibilidade e significado. Em um mundo que muda depressa, manter valor exige coerência sem rigidez e renovação sem perder essência. Prestígio nasce dessa combinação rara: identidade consistente e capacidade contínua de gerar sentido.

A mudança é cultural. O valor se desloca do objeto para a vivência, da posse para o pertencimento, da transação para o ritual. Marcas tornam-se curadoras de experiências discretas e emocionalmente potentes. Ao mesmo tempo, a responsabilidade ambiental deixa de ser gesto reputacional e passa a compor a estética da escolha: rastreabilidade, impacto positivo e coerência entre o que se cria e o que se preserva.

A transformação mais profunda, porém, é simbólica. Depois de décadas de aceleração, a calma virou recurso escasso. Marcas que entendem esse novo código não oferecem apenas produtos, mas maneiras possíveis de viver melhor. A verdadeira diferenciação está em proporcionar clareza, presença e um senso legítimo de lugar. Em criar ambientes, narrativas e experiências que façam as pessoas se sentirem conectadas ao que realmente importa.

Nesse cenário, o branding passa por uma inflexão. O valor simbólico deixa de ser construído pela imagem e passa a ser sustentado pela relevância. Não basta ser admirado; é preciso ser necessário. Em um mundo pós-excesso, o que importa é o que conecta. Em tempos de urgência, o diferencial será cultivar presença. E é nessa quietude consciente que nasce a nova inteligência das marcas.

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