Liderança

O líder está nu

E neste contexto, não precisamos de de soft e nem de hard skills. Precisamos de habilidades reais.
Elisa Rosenthal é a diretora presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário. LinkedIn Top Voices, TEDx Speaker, produz e apresenta o podcast Vieses Femininos. Autora de Proprietárias: A ascensão da liderança feminina no setor imobiliário.

Compartilhar:

Enquanto o mundo reconstrói suas expectativas futuras em meio à pandemia do novo coronavírus, nós, brasileiros, vivemos uma realidade ainda mais nebulosa: nossas preocupações acumulam cuidados com a saúde, o futuro da economia e uma instabilidade política que nos coloca em um novo patamar de incredulidade e incerteza. 

É nesse contexto que a habilidade do exercício da liderança torna-se ainda mais desafiadora.

Para falar de liderança neste cenário devemos, antes de tudo, compreender que temos a “clássica” – atribuída àqueles que lideram equipes, negócios e projetos; e aquela proposta pelo modelo Shakti, na qual “o líder que você é é a pessoa que você é”.  

A comunicação transparente e direta da clássica “alta liderança” tem-se mostrado estratégica e evidente em um contexto em que navegamos no mesmo oceano, ainda que em barcos distintos. 

É cada vez mais comum encontrarmos os rostos, textos, áudios, vídeos e _lives_ de representantes de empresas mostrando o que têm feito pela economia do nosso País e quais as situações estão enfrentando para lidar com as dificuldades, a exemplo da presidente do conselho do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, a presidente da Procter & Gamble Brasil, Juliana Azevedo, e o founder da Loft, Florian Hagenbuch. Cartas abertas, manifestações públicas nas redes sociais e explicações para tomadas de decisão, a exemplo do CEO e co-founder do Airbnb, Brian Chesky, que explanou publicamente os motivos da (dura) decisão de realizar demissões em meio ao contexto atual. 

“O que precisamos é de líderes que possam adotar uma ‘postura de possibilidade’ e encontrar um caminho para esses tempos difíceis. Agora, mais do que nunca, carecemos de autoridade em que possamos confiar. Precisamos de líderes que possam visualizar e encorajar o nosso futuro, ajudando-nos a avançar no presente. Dentro dessa postura de possibilidade, existe a crença de que há algo melhor do outro lado de onde estamos agora”, afirma Lorri Sulpizio, diretora na Academia de Liderança Consciente da San Diego University e facilitadora certificada Dare to Lead™️.

Lorri enfatiza que precisamos de “real skills”, ao citar o autor Seth Godin. Nem soft, nem hard. O que precisamos para liderar em meio à pandemia são habilidade reais. 

Precisamos nos despir
———————

A pressão do momento não permite que a liderança vista mantos vultuosos. A exemplo da fábula ‘A roupa nova do Rei’ de Hans Christian Andersen (1837), no atual momento não há espaço para “vaidade cortesã e soberba intelectual”. Na minha visão, este espaço não mais existirá no Novo Normal.

Como enfatiza o filósofo e escritor Charles Eisenstein em seu ensaio “The Coronation” (A Coroação): “Uma coroa é uma coroa”. Onde a “nova pandemia de coronavírus” significa “uma nova coroação para todos”.

Eisenstein nos ajuda a reconstruir a imagem daquele rei nu ao completar que “o verdadeiro soberano serve ao povo, serve a vida e respeita a soberania de todas as pessoas. A coroação marca o surgimento do inconsciente na consciência, a cristalização do caos em ordem, a transcendência da compulsão na escolha.” 

**Clareza, transparência e verdade**
————————————

Quando a informação está ao alcance de todos, nos vestimos de transparência. A habilidade real reforça a necessidade de trabalharmos a essência da liderança. Não é sobre cargo, não é sobre posição. Não é sobre quem tem mais ou menos. 

Como ouvimos no discurso de saída do (segundo) ex-ministro da saúde, o oncologista Nelson Teich: “O mais importante de tudo é o seguinte: eu não aceitei o convite pelo cargo. Aceitei porque achava que podia ajudar as pessoas e o Brasil”.

Em tempos de crise, as lideranças ficam expostas. É como o sonho de chegar nu à escola ou trabalho. Porém, sonhamos acordados. A nudez é real. A alta conectividade da transformação digital expõe as fragilidades daqueles que não exercem sua versão Shakti: ser quem você é. 

A liderança do Novo Normal é desempenhada na própria pele. Sem vestimentas, sem mantos. E, se existe uma coroa, o peso da sua responsabilidade recai sobre todos nós. Nessa nova realidade, a habilidade que precisamos cultivar e praticar, seja nas empresas, seja na nossa vida, é sermos reais. Ou, na essência, sermos humanos.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Reaprender virou a palavra da vez

Reaprender não é um luxo – é sobrevivência. Em um mundo que muda mais rápido do que nossas certezas, quem não reorganiza seus próprios circuitos mentais fica preso ao passado. A neurociência explica por que essa habilidade é a verdadeira vantagem competitiva do futuro.

Inovação & estratégia
12 de novembro de 2025
Modernizar o prazo de validade com o conceito de “best before” é mais do que uma mudança técnica - é um avanço cultural que conecta o Brasil às práticas globais de consumo consciente, combate ao desperdício e construção de uma economia verde.

Lucas Infante - CEO da Food To Save

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, ESG
11 de novembro de 2025
Com a COP30, o turismo sustentável se consolida como vetor estratégico para o Brasil, unindo tecnologia, impacto social e preservação ambiental em uma nova era de desenvolvimento consciente.

André Veneziani - Vice-Presidente Comercial Brasil & América Latina da C-MORE Sustainability

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
10 de novembro de 2025
A arquitetura de software deixou de ser apenas técnica: hoje, ela é peça-chave para transformar estratégia em inovação real, conectando visão de negócio à entrega de valor com consistência, escalabilidade e impacto.

Diego Souza - Principal Technical Manager no CESAR, Dayvison Chaves - Gerente do Ambiente de Arquitetura e Inovação e Diego Ivo - Gerente Executivo do Hub de Inovação, ambos do BNB

8 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025
Investir em bem-estar é estratégico - e mensurável. Com dados, indicadores e integração aos OKRs, empresas transformam cuidado com corpo e mente em performance, retenção e vantagem competitiva.

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025
Na era da hiperconexão, encerrar o expediente virou um ato estratégico - porque produtividade sustentável exige pausas, limites e líderes que valorizam o tempo como ativo de saúde mental.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura
Liderança
3 de novembro de 2025
Em um mundo cada vez mais automatizado, liderar com empatia, propósito e presença é o diferencial que transforma equipes, fortalece culturas e impulsiona resultados sustentáveis.

Carlos Alberto Matrone - Consultor de Projetos e Autor

7 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
31 de outubro de 2025
Entenda como ataques silenciosos, como o ‘data poisoning’, podem comprometer sistemas de IA com apenas alguns dados contaminados - e por que a governança tecnológica precisa estar no centro das decisões de negócios.

Rodrigo Pereira - CEO da A3Data

6 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança