Desenvolvimento pessoal

O propósito nosso de cada dia

Você se importa com o impacto do trabalho da sua equipe? A ponto de correr riscos pessoais por ele?
É sócio da RIA, empresa especializada em construir segurança psicológica em equipes. Criador do PlayGrounded, a Ginástica do Humor, é jornalista (Folha de S.Paulo, Veja, Superinteressante e Vida Simples), foi sócio da consultoria Origami e consultor em branding. Ator e improvisador, integra o grupo Jogo da Cena.

Compartilhar:

Foi uma noite difícil. Quase não dormi, de preocupação. Levantei com o corpo dolorido, a cabeça pesada. Naquele dia, conduziria uma oficina para 40 pessoas e estava ansioso. O grupo era até fácil. A questão era que, dias antes, outro facilitador tinha conduzido o mesmo roteiro com um grupo semelhante. E tinha sido um sucesso. A turma havia amado. Meu workshop não podia ser menos que uma apoteose, com direito a volta olímpica, sendo carregado pela turma.

Antes do almoço, eu já estava desesperado. A manhã havia sido horrível. Ávido por aprovação, eu tinha pulado etapas, adiantado raciocínios. A noite mal dormida pesou e decidi não almoçar, para ficar esperto. Fiquei lá, com fome, tentando melhorar o plano. O jejum não adiantou. No fim do dia, eu estava exausto. Quando um participante pediu para sair antes, vi ali uma oportunidade e encerrei. Quem me conhece sabe: sou fominha. O tempo é sempre curto para o tanto de atividade que quero fazer. Naquele dia, eu não tinha apetite.

Mas o fim da oficina não foi uma trégua. No dia seguinte, haveria outra turma idêntica, mesmo roteiro. Eu mal tinha energia para ficar aflito.

## Por que faço isso?

Não sei se foi o cansaço, mas à noite algo se moveu em mim e me descolou daquele estado de espírito, abrindo espaço para refletir. E então lembrei.

Mais que lembrar, resgatei um sentimento genuíno, de que faço esse trabalho porque acredito nele.

As vivências que conduzimos na RIA buscam ampliar a consciência sobre como nos relacionamos. E mostrar que, com mais presença, podemos agir diferente. Podemos romper linhagens antigas de padrões nocivos, que nos distanciam de nós mesmos e dos outros.

Podemos transformar o mundo ao redor. Em outras palavras: faço isso por amor. Lembrar (e sentir novamente) minha motivação mudou o sabor do desafio. A rigidez amoleceu, em relaxamento. Uma confiança interna se ergueu, desprendida dos resultados. Diante da importância da ação, os riscos de fracasso perderam peso. O propósito inverteu a relação custo-benefício. Se posso ajudar a criar o mundo em que quero viver, o que é um tropeço, ou mesmo um “vexamezinho”?

## Porque vale a pena

Conto essa história porque conectar-se com o significado é uma das molas capazes de impulsionar os membros de um time a correr riscos pelos objetivos compartilhados.

Pesquisas mostram que o risco de não agradar, o medo de ser excluído, é o maior obstáculo ao trabalho em equipe. Um time jamais exerce seu máximo potencial se seus membros deixam de perguntar, dar ideias ou desafiar o status quo por medo do que os outros vão pensar. Todo apoio é bem-vindo na tarefa de superar o medo do julgamento. O propósito é um dos aliados nessa tarefa.

Voltando àquele dia, a oficina foi um prazer. Me senti vivo, com brilho nos olhos. Fiz amizades no almoço e saboreei a oficina até o último gole. No entanto, quando recebi as avaliações dos dois dias, elas eram muito semelhantes, ambas bastante favoráveis. Parece que a maior diferença foi para mim, mesmo.

*Gostou do artigo de estreia de Rodrigo Vergara como colunista digital da __HSM Management__? Confira conteúdos semelhantes assinando [nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e escutando [nossos podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts) em sua plataforma de streaming favorita.*

Compartilhar:

Artigos relacionados

Reaprender virou a palavra da vez

Reaprender não é um luxo – é sobrevivência. Em um mundo que muda mais rápido do que nossas certezas, quem não reorganiza seus próprios circuitos mentais fica preso ao passado. A neurociência explica por que essa habilidade é a verdadeira vantagem competitiva do futuro.

Liderança, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
3 de outubro de 2025
Ser CEO é mais que ocupar o topo - para mulheres, é desafiar estereótipos e transformar a liderança em espaço de pertencimento e impacto.

Giovana Pacini, Country Manager da Merz Aesthetics® Brasil

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
3 de outubro de 2025
A IA está redefinindo o trabalho - e cabe ao RH liderar a jornada que equilibra eficiência tecnológica com desenvolvimento humano e cultura organizacional.

Michelle Cascardo, Latam Sr Sales Manager na Deel

5 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
2 de outubro de 2025
Na indústria automotiva, a IA Generativa não é mais tendência - é o motor da próxima revolução em eficiência, personalização e experiência do cliente.

Lorena França - Hub Mobilidade do Learning Village

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

Chico Araújo - Diretor-executivo do Instituto Inteligência Artificial de Verdade - IAV e Cofundador do The Long Game

10 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
1º de outubro de 2025
No mundo pós-IA, profissionais 50+ são mais que relevantes - são pontes vivas entre gerações, capazes de transformar conhecimento em vantagem competitiva.

Cris Sabbag - COO da Talento Sênior

4 minutos min de leitura
Inovação
30 de setembro
O Brasil tem talento reconhecido no design - mas sem políticas públicas e apoio estratégico, seguimos premiando ideias sem transformar setores.

Rodrigo Magnago

6 minutos min de leitura
Liderança
29 de setembro de 2025
No topo da liderança, o maior desafio pode ser a solidão - e a resposta está na força do aprendizado entre pares.

Rubens Pimentel - CEO da Trajeto Desenvolvimento Empresarial

4 minutos min de leitura
ESG, Empreendedorismo
29 de setembro de 2025
No Dia Internacional de Conscientização sobre Perdas e Desperdício de Alimentos, conheça negócios de impacto que estão transformando excedentes em soluções reais - gerando valor econômico, social e ambiental.

Priscila Socoloski CEO da Connecting Food e Lucas Infante, CEO da Food To Save

2 minutos min de leitura
Cultura organizacional
25 de setembro de 2025
Transformar uma organização exige mais do que mudar processos - é preciso decifrar os símbolos, narrativas e relações que sustentam sua cultura.

Manoel Pimentel

10 minutos min de leitura
Uncategorized
25 de setembro de 2025
Feedback não é um discurso final - é uma construção contínua que exige escuta, contexto e vínculo para gerar evolução real.

Jacqueline Resch e Vivian Cristina Rio Stella

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança