ESG, Gestão de pessoas

Onde começa a segregação horizontal/ocupacional?

Apesar das mulheres terem maior nível de escolaridade, a segregação ocupacional e as barreiras de gênero limitam seu acesso a cargos de liderança, começando desde a escolha dos cursos universitários e se perpetuando no mercado de trabalho.
Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME. Vice-Presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e Membro do Conselho da Presidência da República – CDESS. Presidente do W20, grupo de engajamento do G20. Conselheira da UAM/Grupo Ânima. Reconhecida no ranking Melhores Líderes do Brasil da Merco e por prêmios como: Bloomberg 500 mais influentes da América Latina 2024, Melhores e Maiores 2024, Empreendedor Social 2023, Executivo de Valor 2023 e Forbes Brasil Mulheres Mais Poderosas 2019. Autora do livro “Negócios: um assunto de mulheres - A força transformadora do empreendedorismo feminino".

Compartilhar:

Qualquer 5 minutos numa sala de reunião em uma empresa X já é o suficiente para perceber onde se concentra a maior parte das mulheres dentro daquela companhia.

É pouco provável, infelizmente, que a maioria esteja nos cargos de comando.

De acordo com uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apenas 29% dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres. Sem dúvida é um número baixo, principalmente quando paramos para observar o nível de escolaridade dessas mulheres, que na grande maioria das vezes é maior comparado aos seus colegas masculinos.

Porém, nem uma formação a mais ou a prospecção de sucesso que mulheres trazem para as empresas – inclusive, isso é um fato e não um achismo da minha parte – muda o fato delas sofrerem com segregação ocupacional dentro do mercado de trabalho.

O nome por si só já é autoexplicativo: o termo se refere a situação onde uma parcela de trabalhadores ficam condicionados a uma área de atuação devido a características específicas, como demográficas, racial, étnica, por orientação sexual e por gênero.

O fato é que estar ‘preso’ em um determinado setor, como o operacional, onde se concentra um grande número de mulheres, não é exatamente uma novidade.

O fato que desejo lançar um holofote, é de que essa segregação pode começar muito antes do que vocês imaginam. A verdade é que as mulheres são colocadas em caixas antes mesmo de entrar no mercado de trabalho.

Esse processo começa lá na escolha do curso que elas vão fazer na faculdade/universidade. De acordo com um [estudo de Tayná Mendes em colaboração com o Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Desigualdade da UFRJ](https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/7830), apesar das mulheres apresentarem um nível mais alto de instrução, elas estão concentradas principalmente nas formações com os piores índices de retorno, como docência e profissões relacionadas ao cuidado. Os homens, por outro lado, estão mais presentes nos cursos analíticos e técnicos, que oferecem remunerações melhores.

O que quero salientar com esses dados é que desde cedo somos induzidas a fazer escolhas em nossas vidas de acordo com o nosso gênero, afetando diretamente outros aspectos, a começar pela profissão que somos levadas a escolher.

Inclusive, comentei sobre o assunto no meu texto anterior, que [falava sobre Mulheres nas áreas de STEM](https://www.revistahsm.com.br/post/meninas-mulheres-nas-areas-de-steam). Nele citei um projeto criado pela Universidade Federal do ABC que tem como objetivo ajudar mulheres a ingressarem nas áreas de STEM, e esse apoio começa justamente durante a entrada na universidade, onde muitas desistem e vão para cursos mais ‘femininos’ por terem escolhido uma área de predominância masculina e pela falta de apoio dos colegas de classe, dos professores e muitas vezes dos próprios pais.

Isso nos esclarece que, na verdade, se não estivermos atentas e confiantes do que queremos fazer, seremos confinadas nessas caixas que criaram para nós desde que sociedade é sociedade. Mas apesar desse cenário nada positivo para nós, não estamos sozinhas nessa. Se estiver difícil, não deixe de criar uma rede de apoio, com certeza você vai encontrar outras mulheres que passam pelas mesmas dores. Como sempre digo, juntas somos mais fortes!

Compartilhar:

Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME. Vice-Presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e Membro do Conselho da Presidência da República – CDESS. Presidente do W20, grupo de engajamento do G20. Conselheira da UAM/Grupo Ânima. Reconhecida no ranking Melhores Líderes do Brasil da Merco e por prêmios como: Bloomberg 500 mais influentes da América Latina 2024, Melhores e Maiores 2024, Empreendedor Social 2023, Executivo de Valor 2023 e Forbes Brasil Mulheres Mais Poderosas 2019. Autora do livro “Negócios: um assunto de mulheres - A força transformadora do empreendedorismo feminino".

Artigos relacionados

Reaprender virou a palavra da vez

Reaprender não é um luxo – é sobrevivência. Em um mundo que muda mais rápido do que nossas certezas, quem não reorganiza seus próprios circuitos mentais fica preso ao passado. A neurociência explica por que essa habilidade é a verdadeira vantagem competitiva do futuro.

ESG, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
3 de setembro de 2025
O plástico nasceu como símbolo do progresso - hoje, desafia o futuro do planeta. Entenda como uma invenção de 1907 moldou a sociedade moderna e se tornou um dos maiores dilemas ambientais da nossa era.

Anna Luísa Beserra - CEO da SDW

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Empreendedorismo, Tecnologia & inteligencia artificial
2 de setembro de 2025
Como transformar ciência em inovação? O Brasil produz muito conhecimento, mas ainda engatinha na conversão em soluções de mercado. Deep techs podem ser a ponte - e o caminho já começou.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação

5 minutos min de leitura
Liderança, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
1 de setembro de 2025
Imersão de mais de 10 horas em São Paulo oferece conteúdo de alto nível, mentorias com especialistas, oportunidades de networking qualificado e ferramentas práticas para aplicação imediata para mulheres, acelerando oportunidades para um novo paradigma econômico

Redação HSM Management

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
1 de setembro de 2025
Na era da creator economy, influência não é mais sobre alcance - é sobre confiança. Você já se deu conta como os influenciadores se tornaram ativos estratégicos no marketing contemporâneo? Eles conectam dados, propósito e performance. Em um cenário cada vez mais automatizado, é a autenticidade que converte.

Salomão Araújo - VP Comercial da Rakuten Advertising no Brasil

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Liderança
29 de agosto de 2025
Estamos entrando na temporada dos planos estratégicos - mas será que o que chamamos de “estratégia” não é só mais uma embalagem bonita para táticas antigas? Entenda o risco do "strategy washing" e por que repensar a forma como construímos estratégia é essencial para navegar futuros possíveis com mais consciência e adaptabilidade.

Lilian Cruz, Cofundadora da Ambidestra

4 minutos min de leitura
Empreendedorismo, Inovação & estratégia
28 de agosto de 2025
Startups lideradas por mulheres estão mostrando que inovação não precisa ser complexa - precisa ser relevante. Já se perguntou: por que escutar as necessidades reais do mercado é o primeiro passo para empreender com impacto?

Ana Fontes - Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Tecnologia & inteligencia artificial
26 de agosto de 2025
Em um universo do trabalho regido pela tecnologia de ponta, gestores e colaboradores vão obrigatoriamente colocar na dianteira das avaliações as habilidades humanas, uma vez que as tarefas técnicas estarão cada vez mais automatizadas; portanto, comunicação, criatividade, pensamento crítico, persuasão, escuta ativa e curiosidade são exemplos desse rol de conceitos considerados essenciais nesse início de século.

Ivan Cruz, cofundador da Mereo, HR Tech

4 minutos min de leitura
Inovação
25 de agosto de 2025
A importância de entender como o design estratégico, apoiado por políticas públicas e gestão moderna, impulsiona o valor real das empresas e a competitividade de nações como China e Brasil.

Rodrigo Magnago

9 min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
25 de agosto de 2025
Assédio é sintoma. Cultura é causa. Como ambientes de trabalho ainda normalizam comportamentos abusivos - e por que RHs, líderes e áreas jurídicas precisam deixar a neutralidade de lado e assumir o papel de agentes de transformação. Respeito não pode ser negociável!

Viviane Gago, Facilitadora em desenvolvimento humano

5 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia, Inovação & estratégia, Tecnologia e inovação
22 de agosto de 2025
Em tempos de alta complexidade, líderes precisam de mais do que planos lineares - precisam de mapas adaptativos. Conheça o framework AIMS, ferramenta prática para navegar ambientes incertos e promover mudanças sustentáveis sem sufocar a emergência dos sistemas humanos.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

8 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança