Assunto pessoal

Para quem é o futuro do trabalho?

Mesmo cada vez mais perto de enviar missões a Marte, ainda não conseguimos atender as necessidades humanas básicas

Compartilhar:

Em um país assombrado pelo desemprego e pela insegurança alimentar, discutir a relação com trabalho e carreira é um privilégio para poucos. Isso não quer dizer que devemos nos resignar ao sentimento de culpa. Muito menos aceitar o vale-tudo de ambientes e lideranças tóxicas. A reflexão é importante e precisa ser feita com responsabilidade.

Antes de arriscar previsões sobre o futuro do trabalho, deveríamos tentar descobrir para onde os caminhos do presente estão realmente nos levando. A tecnologia está sendo usada em favor das pessoas ou dos processos? Qual relação temos e qual gostaríamos de ter com nosso trabalho? Qual é o impacto gerado por nossas atividades? O que temos feito para criar ambientes inclusivos e democráticos? As políticas de remuneração para parceiros e colaboradores são justas? E qual é nossa responsabilidade individual e coletiva nisso tudo?

Vivemos uma espécie de paradoxo de Elon Musk, em que estamos cada vez mais perto de enviar pequenas missões tripuladas a Marte, mas não conseguimos lidar com as questões mais básicas de bilhões de pessoas que moram em nosso planeta. Velocidade, lifelong learning e proficiência digital: as novas regras do trabalho estão aí. E estão deixando muita gente para trás. Não se trata só de formar novas gerações de programadores, mas de criar modelos de negócios e culturas organizacionais que deem oportunidades a quem está a milhas distante desse jogo – e que sejam no mínimo acolhedores para quem já tem um lugar garantido no tabuleiro.

Nesse ensaio global de como será (ou não será) a volta aos escritórios, a pandemia revelou modelos interessantes para conectar metas corporativas às diversas demandas da sociedade e da força de trabalho. Gosto de acreditar que a lógica de condomínio, que leva organizações a olharem apenas da porta para dentro, perderá cada vez mais espaço. Uma oportunidade e tanto para colocar em prática uma visão mais sistêmica sobre vida, trabalho e comunidades.

Jornadas alternativas, frentes de capacitação profissional, políticas ESG, iniciativas de inclusão e comitês de saúde mental são alguns dos caminhos que já apresentam resultados reais para organizações e colaboradores. Mas para quem é esse futuro do trabalho que queremos construir?

Enquanto cada um de nós tenta redefinir sua relação individual com a carreira e o escritório, temos o desafio coletivo de criar modelos que promovam senso de engajamento, equidade e democratização de oportunidades. Com alguma sorte, a gente chega lá antes de abrir uma filial Marte.

Compartilhar:

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Cobertura de evento
Cobertura HSM Management do “evento de eventos” mostra como o tempo de conexão pode ser mais bem investido para alavancar o aprendizado

Redação HSM Management

2 min de leitura
Empreendedorismo
Embora talvez estejamos longe de ver essa habilidade presente nos currículos formais, é ela que faz líderes conscientes e empreendedores inquietos

Lilian Cruz

3 min de leitura
Marketing Business Driven
Leia esta crônica e se conscientize do espaço cada vez maior que as big techs ocupam em nossas vidas

Rafael Mayrink

3 min de leitura
Empreendedorismo
Falta de governança, nepotismo e desvios: como as empresas familiares repetem os erros da vilã de 'Vale Tudo'

Sergio Simões

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Já notou que estamos tendo estas sensações, mesmo no aumento da produção?

Leandro Mattos

7 min de leitura
Empreendedorismo
Fragilidades de gestão às vezes ficam silenciosas durante crescimentos, mas acabam impedindo um potencial escondido.

Bruno Padredi

5 min de leitura
Empreendedorismo
51,5% da população, só 18% dos negócios. Como as mulheres periféricas estão virando esse jogo?

Ana Fontes

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Marcelo Murilo

7 min de leitura
ESG
Projeto de mentoria de inclusão tem colaborado com o desenvolvimento da carreira de pessoas com deficiência na Eurofarma

Carolina Ignarra

6 min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas
Como as empresas podem usar inteligência artificial e dados para se enquadrar na NR-1, aproveitando o adiamento das punições para 2026
0 min de leitura