Tecnologia & inteligencia artificial, Inovação & estratégia
3 minutos min de leitura

Por que a decisão humana ainda é insubstituível na Era da IA?

Como a presença invisível da IA traz ganhos enormes de eficiência, mas também um risco de confiarmos em sistemas que ainda cometem erros e "alucinações"?
CMO da Vórtx e co-fundador do Strategy Studio. Com 30 anos de experiência em estratégia, liderança e desenvolvimento de negócios globais e locais, é especializado em construção de marca e estratégia criativa. É formado em Publicidade e Marketing pela Faculdade Cásper Líbero, com Extensão em Gestão pelo INSEAD (Instituto Europeu de Administração de Negócios).

Compartilhar:


Pense em inteligência artificial e qual a primeira imagem que vem à mente? Para muitos, a resposta ainda remete a um visual futurista clichê, quase plástico: robôs, interfaces holográficas e carros que conversam com uma voz metálica. Essa foi a era da IA explícita, uma tecnologia presente na forma final das coisas, uma assinatura de modernidade plástica do que imaginávamos ser o futuro. Contudo, essa era chegou ao fim. Estamos entrando na era da  IA ubíqua, ou seja, um recurso integrado ao dia a dia, permitindo a tomada de decisão mais informada e eficiente em todos os níveis.

É a era em que a inteligência artificial deixa de ser o produto final para se tornar o meio do caminho, uma camada invisível e onipresente que otimiza processos em todas as áreas. Ela não é mais o carro autônomo em si, mas o cérebro que recalcula a rota em milissegundos para evitar o trânsito. Na medicina, por exemplo, já existem sistemas de IA que identificam fraturas ósseas com mais precisão que radiologistas ou detectam sinais precoces de doenças como Alzheimer anos antes dos primeiros sintomas. A IA tornou-se um tecido conjuntivo da nossa realidade digital, menos perceptível, mas imensamente mais impactante.

Essa onipresença, no entanto, traz consigo questões fundamentais. A primeira é sobre a sua confiabilidade. À medida que delegamos mais tarefas a esses sistemas, até que ponto podemos confiar neles? A mesma IA que pode salvar vidas ao analisar um exame de imagem pode, em outros contextos, “alucinar” – um termo que descreve sua tendência a preencher lacunas com informações extremamente plausíveis, mas factualmente incorretas. A linha entre o fato e a ficção bem construída nunca foi tão tênue.

Os exemplos são tão absurdos quanto preocupantes. Vimos o chatbot de uma grande companhia aérea inventar uma política de reembolso que não existia, levando a empresa a ser responsabilizada judicialmente. Advogados já passaram vergonha em tribunais ao citar casos jurídicos completamente fabricados por uma IA. E, no campo do bizarro, uma ferramenta de busca chegou a sugerir a adição de cola não-tóxica em pizzas, uma “dica” extraída de um comentário satírico na internet. Esses casos ilustram que a IA, por enquanto, não possui discernimento ou um compromisso com a verdade; ela é uma máquina de associação de padrões.

E isso nos leva à segunda questão, talvez a mais crítica. Com a IA se tornando uma facilitadora tão fluida e integrada, quem está, de fato, checando as conclusões? A conveniência de um resultado instantâneo pode nos levar a uma perigosa complacência, aceitando suas conclusões sem o devido rigor. As decisões passam por um filtro humano real ou estamos lentamente nos tornando meros aprovadores de sugestões algorítmicas?

A resposta para navegar nesta nova era está em redefinir nosso relacionamento com a tecnologia. A IA deve ser usada como um facilitador genial, um estagiário incansável e brilhante, mas não como um validador final. A responsabilidade de checar, garantir a procedência e a validade da informação antes de qualquer publicação ou decisão importante continua e sempre deverá continuar sendo humana. A era da IA ubíqua não é sobre substituir o pensamento humano, mas sobre aumentá-lo. Cabe a nós usar esse poder com sabedoria e, acima de tudo, com responsabilidade.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de outubro de 2025
Programas corporativos de idiomas oferecem alto valor percebido com baixo custo real - uma estratégia inteligente que impulsiona engajamento, reduz turnover e acelera resultados.

Diogo Aguilar - Fundador e Diretor Executivo da Fluencypass

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Inovação & estratégia
25 de outubro de 2025
Em empresas de capital intensivo, inovar exige mais do que orçamento - exige uma cultura que valorize a ambidestria e desafie o culto ao curto prazo.

Atila Persici Filho e Tabatha Fonseca

17 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
24 de outubro de 2025
Grandes ideias não falham por falta de potencial - falham por falta de método. Inovar é transformar o acaso em oportunidade com observação, ação e escala.

Priscila Alcântara e Diego Souza

6 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
23 de outubro de 2025
Alta performance não nasce do excesso - nasce do equilíbrio entre metas desafiadoras e respeito à saúde de quem entrega os resultados.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional.

4 minutos min de leitura
Uncategorized
22 de outubro de 2025
No setor de telecom, crescer sozinho tem limite - o futuro está nas parcerias que respeitam o legado e ampliam o potencial dos empreendedores locais.

Ana Flavia Martins - Diretora executiva de franquias da Algar

4 minutos min de leitura
Marketing & growth
21 de outubro de 2025
O maior risco do seu negócio pode estar no preço que você mesmo definiu. E copiar o preço do concorrente pode ser o atalho mais rápido para o prejuízo.

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

5 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
20 de outubro de 2025
Nenhuma equipe se torna de alta performance sem segurança psicológica. Por isso, estabelecer segurança psicológica não significa evitar conflitos ou suavizar conversas difíceis, mas sim criar uma cultura em que o debate seja aberto e respeitoso.

Marília Tosetto - Diretora de Talent Management na Blip

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
17 de outubro de 2025
No Brasil, quem não regionaliza a inovação está falando com o país certo na língua errada - e perdendo mercado para quem entende o jogo das parcerias.

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança