Business content, Dossiê: Jovens Talentos, Carreira

Pós-pandemia: as expectativas dos millennials e da geração Z

Jovens brasileiros estão otimistas com o futuro pós-pandemia, mas exigem comprometimento social e ambiental dos empregadores

Compartilhar:

É difícil tirar lições positivas de uma crise sanitária de alcance mundial. Em meio ao avanço da vacinação e à redução do número de casos e mortes por Covid-19, no entanto, a [juventude brasileira está otimista com o futuro pós-pandemia](https://www2.deloitte.com/br/pt/pages/human-capital/articles/millennials-survey.html). A constatação é fruto de um levantamento global da companhia de auditoria e consultoria empresarial Deloitte. A pesquisa ouviu 22,9 mil pessoas em 45 países, entre janeiro e fevereiro de 2021. O público é composto por 14,6 mil millennials (nascidos entre 1983 e 1994) e 8,2 mil da geração Z (nascidos entre 1995 e 2003).

Do total de participantes no estudo, 800 são brasileiros. Nesse recorte, chama atenção o fato de os entrevistados serem mais propensos a afirmar que a pandemia os inspirou a tomar ações positivas para melhorar suas vidas na comparação com a média global.

O impacto benéfico não se resume à vida pessoal. A crise sanitária tornou 81% dos millennials e 78% da geração Z mais atentos às necessidades de outras pessoas em suas comunidades. Os dados indicam um grau de consciência social elevado na comparação com os demais países, onde os índices foram mais baixos: 69% e 68%, respectivamente.

## O pós-pandemia
O comportamento das duas gerações promete ter reflexos no pós-pandemia. Nesse cenário, mais uma vez, a juventude brasileira vislumbra boas perspectivas. As esperanças residem na crença de que as pessoas darão mais importância à saúde – e que a sociedade está melhor preparada para lidar com futuras pandemias.

Ao contrário do resto do mundo, o meio ambiente não aparece entre as três principais preocupações por aqui. Mas os brasileiros são mais confiantes quanto à ideia de que a mudança climática pode ser revertida. Os millennials e a geração Z, no Brasil, acreditam que a sociedade pós-pandemia estará comprometida em tomar medidas que favoreçam o meio ambiente e o clima.

O otimismo em relação à questão ambiental está alicerçado, principalmente, no engajamento pessoal. Portanto, cabe um alerta aos empresários e aos setores de [recursos humanos](https://www.revistahsm.com.br/post/quer-que-sua-carreira-deslanche-aprenda-a-liderar-jovens): os jovens talentos darão as costas para aquelas companhias que não assumirem compromissos reais com o futuro da vida no planeta.

Parte do compromisso passa pela [adoção de ferramentas de ESG](https://www.revistahsm.com.br/post/como-o-esg-esta-relacionado-com-a-gestao-de-pessoas) (environmental, social and corporate governance, que traduzindo significa melhores práticas ambientais, sociais e de governança corporativa) integradas ao planejamento estratégico e presentes em todos os níveis hierárquicos. Em um artigo recente publicado no site de __HSM Management__, o gerente de finanças sustentáveis da Resultante ESG, Lucas Grilo, afirmou que [77% dos millennials consideram os fatores ESG](https://www.revistahsm.com.br/post/esg-a-decada-decisiva-para-o-planeta-e-o-futuro-do-capitalismo) como prioridade para tomar decisões de investimento. Já 83% dos colaboradores se dizem mais leais a uma empresa que possibilita uma contribuição socioambiental positiva.

Além disso, para a CEO da Eureca, Carolina Utimura, as empresas devem acolher e integrar os jovens talentos em posições de liderança. Segundo Utimura, as [novas gerações serão o motor da verdadeira transformação](https://www.revistahsm.com.br/post/meu-ceo-diz-que-agora-e-esg) proposta pelo ESG.

## Visões sobre o mercado de trabalho
Por outro lado, o desemprego encabeça a lista de preocupações, tanto dos millennials quanto da geração Z no Brasil. Os [números do IBGE dão razão à juventude](https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9173-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-trimestral.html?=&t=series-historicas&utm_source=landing&utm_medium=explica&utm_campaign=desemprego). No terceiro trimestre de 2021, a taxa de desemprego no país foi de 12,3% – ou seja, 13,5 milhões de pessoas. Em jovens entre 18 e 24 anos, o índice marcou 25,7%.

De olho no mercado de trabalho, os brasileiros apontam flexibilidade e adaptabilidade como características críticas dos funcionários para empresas de sucesso. Conforme a Deloitte, mais duas competências socioemocionais, ou soft skills, aparecem com destaque: criatividade e empatia.

Na sua [jornada de desenvolvimento profissional](https://www.revistahsm.com.br/post/a-jornada-de-desenvolvimento-do-jovem-no-mercado-de-trabalho), os jovens esperam que as empresas promovam capacitações contínuas em habilidades socioemocionais. Ao preencher uma lacuna na formação, os treinamentos são, inclusive, uma saída para democratizar o acesso ao emprego em um país onde 74 mil vagas podem não ser ocupadas em 2021.

Quando o assunto é atrair e reter jovens talentos, ações de diversidade e inclusão também são prioridades. Foi o que fez a [Dow ao promover a ascensão de pessoas negras](https://www.revistahsm.com.br/post/case-dow-capacitacao-diversidade-e-inclusao), com deficiência, mulheres e LGBTI+ na empresa. Afinal, a geração do milênio e a geração Z no Brasil são significativamente mais propensas do que a média global a acreditar que o racismo sistêmico é generalizado nas companhias.

É por essas e outras que o [employee value proposition](https://www.revistahsm.com.br/post/repense-seu-evp-para-jovens-talentos) não pode ser mais baseado apenas em salário e estabilidade. Devem entrar na conta, por exemplo, a segurança psicológica, lideranças emocionalmente inteligentes, cultura organizacional inclusiva e liberdade para os colaboradores serem autênticos. Até porque 47% dos millennials e 48% da geração Z pesam suas crenças pessoais, que têm fortes raízes sociais e ambientais, para escolher um empregador.

Ao mesmo tempo, um olhar deve estar voltado para a saúde mental das novas gerações. Isso porque 52% dos millennials e 54% da geração Z dizem que são estressados o tempo todo ou a maior parte do tempo. Para piorar, na pandemia, a maioria dos entrevistados pela Deloitte afirmou que seu empregador não tomou [medidas para apoiar seu bem-estar mental](https://www.revistahsm.com.br/post/como-cuidar-de-jovens-talentos-durante-o-isolamento). É hora de reverter esse quadro, olhando para as ambições da juventude e dando vazão para seu otimismo com o futuro.

__*O E-dossiê: Jovens Talentos é uma coprodução de HSM Management e Eureca.*__

Compartilhar:

Artigos relacionados

“Womenomics”, a economia movida a equidade de gênero

Imersão de mais de 10 horas em São Paulo oferece conteúdo de alto nível, mentorias com especialistas, oportunidades de networking qualificado e ferramentas práticas para aplicação imediata para mulheres, acelerando oportunidades para um novo paradigma econômico

“Strategy Washing”: quando a estratégia é apenas uma fachada

Estamos entrando na temporada dos planos estratégicos – mas será que o que chamamos de “estratégia” não é só mais uma embalagem bonita para táticas antigas? Entenda o risco do “strategy washing” e por que repensar a forma como construímos estratégia é essencial para navegar futuros possíveis com mais consciência e adaptabilidade.

Como a inteligência artificial impulsiona as power skills

Em um universo do trabalho regido pela tecnologia de ponta, gestores e colaboradores vão obrigatoriamente colocar na dianteira das avaliações as habilidades humanas, uma vez que as tarefas técnicas estarão cada vez mais automatizadas; portanto, comunicação, criatividade, pensamento crítico, persuasão, escuta ativa e curiosidade são exemplos desse rol de conceitos considerados essenciais nesse início de século.

iF Design Awards, Brasil e criação de riqueza

A importância de entender como o design estratégico, apoiado por políticas públicas e gestão moderna, impulsiona o valor real das empresas e a competitividade de nações como China e Brasil.

Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital, Cultura organizacional, Inovação & estratégia
18 de agosto de 2025
O futuro chegou - e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Bruno Pedra, Gerente de estratégia de marca na Blip

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de agosto de 2025
Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas - como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas - e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Carol Zatorre, sócia e CO-CEO da Kyvo. Antropóloga e coordenadora regional do Epic Latin America

4 minutos min de leitura
Liderança, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Como a prática da meditação transformou minha forma de viver e liderar

Por José Augusto Moura, CEO da brsa

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas - e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Por Carolina Ignarra, CEO da Talento Incluir e Larissa Alves, Coordenadora de Empregabilidade da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas, Estratégia
13 de agosto de 2025
Lideranças que ainda tratam o tema como secundário estão perdendo talentos, produtividade e reputação.

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

2 minutos min de leitura
Gestão de Pessoas, Carreira, Desenvolvimento pessoal, Estratégia
12 de agosto de 2025
O novo desenho do trabalho para organizações que buscam sustentabilidade, agilidade e inclusão geracional

Cris Sabbag - Sócia, COO e Principal Research da Talento Sênior

5 minutos min de leitura
Liderança, Gestão de Pessoas, Lifelong learning
11 de agosto de 2025
Liderar hoje exige mais do que estratégia - exige repertório. É preciso parar e refletir sobre o novo papel das lideranças em um mundo diverso, veloz e hiperconectado. O que você tem feito para acompanhar essa transformação?

Bruno Padredi

3 minutos min de leitura
Diversidade, Estratégia, Gestão de Pessoas
8 de agosto de 2025
Já parou pra pensar se a diversidade na sua empresa é prática ou só discurso? Ser uma empresa plural é mais do que levantar a bandeira da representatividade - é estratégia para inovar, crescer e transformar.

Natalia Ubilla

5 minutos min de leitura
ESG, Cultura organizacional, Inovação
6 de agosto de 2025
Inovar exige enxergar além do óbvio - e é aí que a diversidade se torna protagonista. A B&Partners.co transformou esse conceito em estratégia, conectando inclusão, cultura organizacional e metas globais e impactou 17 empresas da network!

Dilma Campos, Gisele Rosa e Gustavo Alonso Pereira

9 minutos min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas, Liderança, Marketing
5 de agosto de 2025
No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real - e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Cristiano Zanetta

6 minutos min de leitura