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“Seja água, meu amigo”

Guilherme Soárez, CEO da HSM

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Talvez o leitor reconheça a citação acima: é do ator sino-americano Bruce Lee, famoso por seus filmes de artes marciais, em uma entrevista à TV gravada no início dos anos 1970 e que pode ser conferida no YouTube. “Seja água” era seu modo oriental e filosófico de dizer: “Saiba adaptar-se ao contexto que encontrar”. “Se colocarmos a água em um copo, ela se torna o copo; se colocarmos a água em uma chaleira, ela se torna a chaleira”, explicou ele. E, claro, água se molda a diferentes fôrmas e água flui. 

Nesta edição de **HSM Management**, celebramos o 30º aniversário da HSM Educação Executiva. E a reportagem especial sobre os últimos 30 anos do ensino de negócios traduz o princípio de “ser água” na prática. Provedores de educação como a HSM tiveram de permanentemente se adaptar às mutantes necessidades das empresas para ajudar os gestores a fluir nos mutantes contextos em que atuam. 

Simbolicamente, a capa desta revista é de um indivíduo que teve suas grandes conquistas na água: o megacampeão Michael Phelps, que guarda em algum lugar de sua casa uma coleção de 28 medalhas olímpicas, 23 delas de ouro, em um dos esportes mais competitivos do planeta. Phelps, que virá com seu megatécnico, Bob Bowman, à HSM Expo 2017, talvez seja o modelo de alta performance que todos deveríamos tentar seguir. Sua contínua busca da excelência é um mix da disciplina de treinamentos com a incrível capacidade de fluir – quando ele fala de visualização e relaxamento, está falando de limpar a mente para virar água, como diz Lee. 

Os artigos que abordam a nova geração de CEOs brasileiros e os desafios dos CFOs são prova cabal de que ser água é preciso. Esses profissionais são muito diferentes do padrão de cinco anos atrás. Nosso Dossiê, igualmente, mostra que os profissionais de marketing precisam mudar muito, neste mundo de pernas para o ar. Como meu amigo e empreendedor Pedro Waengertner escreveu no LinkedIn um dia desses, a turma do marketing está vivendo uma espécie de apocalipse zumbi, andando como mortos- -vivos em meio ao caos provocado por startups ousadíssimas (do tipo Helix, que é retratada aqui). 

Quem parece ter captado bem o espírito de apocalipse é Walter Longo, que estará conosco no HSM Summit de maio. Em entrevista exclusiva a nossa editora, Adriana, o CEO do Grupo Abril detalha o esforço de adaptar o negócio de mídia às rupturas proporcionadas pela internet. Ele está sendo água. 

Um assunto que me interessa em particular é o do blockchain e, para além do hype, publicamos uma análise do Boston Consulting Group sobre o que a nova tecnologia representa em termos de estratégia empresarial. Nesse caso, cada empresa precisará decidir se (ou quando) migrará do copo para a chaleira. 

Encerro compartilhando uma coincidência feliz: escrevo este texto na maternidade onde minha mulher deu à luz gêmeos – agora sou pai de quatro! Para mim, a chegada dos meninos enfatizou o simbolismo de Lee, uma vez que o milagre da vida acontece dentro d’água, no ambiente aquoso do útero. Talvez seja assim para os seres humanos aprenderem logo a se adaptar e a fluir, não é?

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