Estratégia e Execução

Tomando decisões difíceis

Lidar com escolhas complexas é inevitável, mas algumas ferramentas e ações podem ajudar no processo de tomada de decisão
Luciano possui +20 anos de experiência no mercado digital tendo iniciado sua carreira no portal UOL, trabalhou 10 anos no Google Brasil em diversas áreas e foi diretor no Facebook Brasil a frente de uma equipe de vendas em São Paulo. É escritor e autor do livro "Seja Egoísta com sua Carreira", embaixador da Escola Conquer e faz parte do conselho consultivo da Agile.Inc.

Compartilhar:

Esses dias realizei uma sessão de mentoria para uma profissional jovem e muito talentosa. Depois de investir anos fazendo a graduação e iniciar o mestrado em uma área específica, ela percebeu que estava no caminho errado. 

Os estágios e o pouco tempo que trabalhou no segmento foram suficientes para ela concluir que ali não era o lugar que queria construir e viver sua carreira. Durante nosso bate-papo, ela mostrou ainda mais desconforto sobre o fato de estar no meio de um mestrado dessa mesma área. 

Ela pensou em desistir, mas toda vez que comentava isso com algum familiar ou amigo a resposta era a mesma: “ah, mas você vai perder todo o ano que já investiu no mestrado? É melhor terminar”.

Será que é mesmo? O meu papel como mentor não é de dizer o que as pessoas têm ou não que fazer, mas ajudá-las a [expandir suas perspectivas e considerar outros ângulos](https://www.revistahsm.com.br/post/planejar-ou-nao-planejar-a-carreira-eis-a-questao) sobre uma determinada questão. A minha resposta para o depoimento dela foi a seguinte: “você perdeu um ano, ou vai perder dois se continuar a fazer algo que não gosta?”

Ela ficou um pouco mexida com meu comentário e contou que já pensou em desistir muitas vezes, mas tem medo de tomar uma decisão errada, medo de decepcionar as pessoas ao redor, medo de como vai contar para os pais e se aquela é mesmo a melhor decisão.

Na vida, vamos ter que tomar muitas decisões difíceis (saudades de ser criança, né minha filha?), não tem jeito. Já que esse é o destino inevitável de todos nós, temos que aprender a lidar com ele da melhor forma possível. Eu resolvi então compartilhar com ela e vocês o meu processo para tomar decisões difíceis, que pode ajudar a ter um olhar mais amplo sobre nossas decisões.

## Coloque os prós e contras em uma folha de papel 

Algo que gosto de fazer é um exercício simples, principalmente quando a resposta é sim ou não ou algo binário. Eu pego uma folha de papel, coloco a questão no topo da página, traço uma linha no meio para formar duas colunas e coloco ‘Pros’ de um lado e ‘Contras’ do outro. 

Faço então uma profunda reflexão sobre o assunto e preencho com tudo que me vem à cabeça, com o que as pessoas me falaram, com o que pesquisei e qualquer outra forma de obter os cenários possíveis. 

Depois disso, coloco tudo que escrevi em uma gaveta (real ou virtual) e releio um ou dois dias depois para complementar. Esse exercício, apesar de simples, é muito poderoso para ampliar o nosso olhar sobre o tema e suas repercussões.

## Converse com um amigo

A nossa postura para questões que nos afetam pode ser muito enviesada com o que queremos, sabemos e nossa história de vida. Ter [a opinião de um “terceiro](https://www.revistahsm.com.br/post/voce-pede-opiniao-so-para-quem-concorda-com-voce)” pode nos fazer considerar cenários ou situações que não conseguiríamos sozinhos.

O simples fato de narrar o que te incomoda já é em si poderoso e algo que pode nos trazer novas ideias e perspectivas, ainda mais com alguém que confiamos comentando e compartilhando o que acha e faria. 

Contudo, cuidado: a decisão sobre a nossa vida é nossa, de mais ninguém. Nunca a terceirize. Pegue tudo que foi conversado, jogue no seu filtro e use apenas o que achar que pode ser útil.

## Tenha um mentor 

Todos na vida [deveriam ter um mentor](https://www.revistahsm.com.br/post/a-essencia-da-mentoria). Eu tive o privilégio de ter vários no meu caminho profissional, e tenho muitos que se tornaram amigos e pessoas que eu, de tempos em tempos, recorro para arejar a cabeça, ter novas ideias e, assunto deste artigo, tomar decisões importantes.

Um mentor não tem que ser um ancião que medita no topo de uma floresta ou um CEO de uma empresa gigante. Ele pode ser qualquer um que tenha experiência e você confia, um colega de trabalho, um ex-líder, um professor, alguém do seu círculo de amigos ou um profissional contratado.

Hoje em dia temos sites que disponibilizam mentores feras para papos por hora a preços que variam bastante (deem uma olhada, por exemplo, no [MeetHub](https://www.meethub.com.br/home)). Ter um olhar experiente para nossas questões é extremamente rico.

Espero que o meu processo para tomada de decisões, seja pelo exercício, a conversa com um amigo ou o trabalho com um mentor, possa inspirar e ajudar todos a tomarem melhores decisões para as coisas importantes da sua vida. Boa escolha.

Compartilhar:

Luciano possui +20 anos de experiência no mercado digital tendo iniciado sua carreira no portal UOL, trabalhou 10 anos no Google Brasil em diversas áreas e foi diretor no Facebook Brasil a frente de uma equipe de vendas em São Paulo. É escritor e autor do livro "Seja Egoísta com sua Carreira", embaixador da Escola Conquer e faz parte do conselho consultivo da Agile.Inc.

Artigos relacionados

Reputação sólida, ética líquida: o desafio da integridade no mundo corporativo

No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real – e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura
User Experience, UX
Na era da indústria 5.0, priorizar as necessidades das pessoas aos objetivos do negócio ganha ainda mais relevância

GEP Worldwide - Manoella Oliveira

9 min de leitura
Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
Esse fio tem a ver com a combinação de ciências e humanidades, que aumenta nossa capacidade de compreender o mundo e de resolver os grandes desafios que ele nos impõe

CESAR - Eduardo Peixoto

6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.

Rafael Ferrari

12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Inclusão
Imagine estar ao lado de fora de uma casa com dezenas de portas, mas todas trancadas. Você tem as chaves certas — seu talento, sua formação, sua vontade de crescer — mas do outro lado, ninguém gira a maçaneta. É assim que muitas pessoas com deficiência se sentem ao tentar acessar o mercado de trabalho.

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Saúde Mental
Desenvolver lideranças e ter ferramentas de suporte são dois dos melhores para caminhos para as empresas lidarem com o desafio que, agora, é também uma obrigação legal

Natalia Ubilla

4 min min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Cris Sabbag, COO da Talento Sênior, e Marcos Inocêncio, então vice-presidente da epharma, discutem o modelo de contratação “talent as a service”, que permite às empresas aproveitar as habilidades de gestores experientes

Coluna Talento Sênior

4 min de leitura