Inteligência coletiva

Você sabe identificar as contribuições de sua equipe?

Essa pode ser a diferença entre uma equipe eficiente ou não, e depende bem mais da liderança do que dos próprios liderados
É sócio da RIA, empresa especializada em construir segurança psicológica em equipes. Criador do PlayGrounded, a Ginástica do Humor, é jornalista (Folha de S.Paulo, Veja, Superinteressante e Vida Simples), foi sócio da consultoria Origami e consultor em branding. Ator e improvisador, integra o grupo Jogo da Cena.

Compartilhar:

Depois de levantar zilhões de dados de equipes internas, o time criado pelo Google para descobrir por que algumas equipes da empresa eram mais eficientes do que outras empacou. A pesquisa buscava algo com uma correlação tão robusta com a eficiência que permitisse prever o que compõe um bom time. Mas as principais hipóteses do estudo haviam caído.

As apostas iniciais tinham a ver com os perfis dos profissionais e com os processos. Só que nenhuma característica dos profissionais (senioridade, formação, personalidade) mostrou relação com eficiência. E havia times usando os mesmos processos, com resultados muito diferentes.

Os pesquisadores decidiram então ampliar o olhar. E não levou muito tempo para um novo padrão emergir: as melhores equipes se assemelhavam na forma de se relacionar. Participação, por exemplo. Um dos traços mais distintivos dos times mais eficientes era que todo mundo falava nas reuniões, por uma quantidade de tempo semelhante.

Quando conto essa história a líderes que querem alta performance de seus times, recebo olhares descrentes. Se alguém vai além e comenta, o discurso gira em torno da mesma ideia. “Acho legal, mas tem que ser assertivo. Porque as pessoas enrolam demais para falar. Além do que, muita gente nem tem o que dizer.”

Se você faz coro a esses gestores, devolvo a você a pergunta que apresento nessas ocasiões: “Estou entendendo que você valoriza a contribuição de seu time, desde que ela seja feita na quantidade de tempo e com a escolha de palavras que você considera adequadas, é isso?”

Segue-se um momento de hesitação, um silêncio reflexivo. Alguém comenta sobre a necessidade humana de controle, rimos de nós mesmos e finalmente nos abrimos para os achados da pesquisa.

Nenhum líder a quem eu perguntei se achava importante a contribuição de seu time me disse que não achava. Mas nem todos sabem reconhecer uma contribuição quando ela aparece. Porque raramente a contribuição vem do jeito que a liderança espera. Talvez não seja sobre o tema mais urgente, nem venha no momento mais adequado, no tom que parece mais correto ou com as palavras que os líderes preferem.

Possivelmente, a contribuição será sobre um assunto delicado, no calor dos acontecimentos, num tom magoado ou desafiador e com palavras pouco lisonjeiras. E são essas contribuições, cheias de autenticidade, as que guardam mais valor. Mas têm mais chance de ser descartadas, porque disparam gatilhos na liderança.
Está questionado as metas? Corpo mole. E ainda faz isso na frente do time? Sabotagem.

Líderes têm poder para calar o dissenso. No entanto, caso se deixem levar pela reação inicial, as lideranças podem calar de vez a colaboração. E, consequentemente, a eficiência que vem associada a ela.

E quem diz isso não sou eu, é o Google.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Cultura organizacional, compliance, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
10 de setembro de 2025
Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura - às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Tatiana Pimenta - CEO da Vittude

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
9 de setembro de 2025
Experiência também é capital. O ROEx propõe uma nova métrica para valorizar o repertório acumulado de profissionais em times multigeracionais - e transforma diversidade etária em vantagem estratégica.

Fran Winandy e Martin Henkel

10 minutos min de leitura
Inovação
8 de setembro de 2025
No segundo episódio da série de entrevistas sobre o iF Awards, Clarissa Biolchini, Head de Design & Consumer Insights da Electrolux nos conta a estratégia por trás de produtos que vendem, encantam e reinventam o cuidado doméstico.

Rodrigo Magnago

2 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

José Blatazar S. Osório de Andrade Guerra, professor e coordenador na Unisul, fundador e líder do Centro de Desenvolvimento Sustentável (Greens, Unisul)

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

Felipe Knijnik, diretor da BioPulse

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025
O PIX ABRIU PORTAS QUE ABRIRÃO MAIS PORTAS!

Carlos Netto, fundador e CEO da Matera

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

João Carlos da Silva Bizario e Gulherme Collin Soárez, respectivamente CMAO e CEO da Inspirali Educação.

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
5 de setembro de 2025
O maior desafio profissional hoje não é a tecnologia - é o tempo. Descubra como processos claros, IA consciente e disciplina podem transformar sobrecarga em produtividade real.

Diego Nogare

6 minutos min de leitura
Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura
Inovação
3 de setembro de 2025
Em entrevista com Rodrigo Magnago, Fernando Gama nos conta como a Docol tem despontado unindo a cultura do design na organização

Rodrigo Magnago

4 min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)