ESG, Inteligência artificial e gestão, Diversidade, Diversidade

IA nos negócios: evitando a perpetuação de preconceitos

Racismo algorítimico deve ser sempre lembrado na medida em que estamos depositando nossa confiança na inteligência artificial. Você já pensou sobre esta necessidade neste futuro próximo?
CEO e Partner da Nossa Praia e Chief Sustainability Officer da BPartners.co Conselheira da Universidade São Judas, 99 jobs, Ampro – Associação de Marketing Promocional, APD - Associação Pró Dança e Plan International

Compartilhar:

Joy Buolamwini, mulher preta, estava no primeiro ano de sua pós-graduação no MIT em 2015 quando criou um experimento chamado “Aspire Mirror”, que tentava mudar a imagem de seu rosto na tela do computador, para funcionar como se fosse um espelho, mas os softwares simplesmente não conseguiam reconhecer sua face. A Amazon criou um programa de inteligência artificial para encontrar bons candidatos a vagas de emprego, que discriminava mulheres no processo de seleção.

A empresa deixou de usar o programa, mas só descobriu a falha após um ano de desenvolvimento. Uma [campanha de uma rede de farmácias patrocinadora da Seleção Brasileira Feminina de Futebol](https://www.youtube.com/watch?v=4S9ebTxKePM) mostra uma resposta enviesada dos três chatbots de IA mais conhecidos do mundo – entre eles o ChatGPT – , que dizia que quem havia feito mais gols pela Seleção Brasileira era Pelé, quando a resposta correta seria Marta (119 gols, contra os 95 dele).

O que essas histórias nos alertam sobre a Inteligência Artificial?

__Há um iminente risco de perpetuarmos os preconceitos de gênero, raça e etnia de nossa sociedade se continuarmos a usar a IA como temos feito até hoje. Um viés que pode trazer severos danos de imagem e reputação das marcas e consequências ainda piores para as pessoas impactadas pelos erros da tecnologia.__

Esse alerta se torna ainda mais urgente considerando uma [pesquisa do BCG que ouviu 1.400 executivos C-level](https://www.bcg.com/publications/2024/from-potential-to-profit-with-genai), que diz que 89% dos líderes consideram a IA e a GenAI uma das três prioridades tecnológicas para suas empresas, sendo que mais da metade (51%) coloca estas tecnologias no topo da lista dos investimentos.

Se os negócios estão sendo redesenhados usando tecnologias emergentes como a IA, o que precisa ser feito para evitar erros como os das histórias contadas no início deste artigo?

Em primeiro lugar, alertar os executivos, lideranças e CEOs que tomam as decisões de investimentos na tecnologia sobre a importância da diversidade e da responsabilidade ética das marcas como premissas de desenvolvimento, em especial enquanto a regulamentação da IA ainda não foi aprovada. Afinal, os algoritmos da inteligência artificial são treinados com base em dados que precisam __prever a diversidade de raça, gênero e etnia da população brasileira__ e mundial.

Parece óbvio, mas por que ainda precisamos falar sobre isso? Uma pesquisa do Google for Startups, “[O Impacto e o futuro da Inteligência Artificial no Brasil](https://startup.google.com/intl/pt-BR/inteligencia-artificial/)” mostrou que falta diversidade nas empresas de IA: 49% não têm mulheres na liderança, 61% não têm pessoas negras nestes cargos e 71% não têm pessoas LGBTQIAPN+. Sem o olhar diverso, será que os programas de IA e os algoritmos que estão sendo desenvolvidos nesse ecossistema têm a premissa de incluir todas as pessoas em sua diversidade? Muito provavelmente não.

Uma iniciativa brasileira que está indo na contramão desta tendência é a [DEB](https://www.instagram.com/chamaadeb/), uma IA desenvolvida pelo [Instituto Identidades do Brasil](https://www.simaigualdaderacial.com.br/), ONG que promove a igualdade racial no mercado de trabalho e na sociedade. Desenvolvida por uma equipe de especialistas em diversidade do Instituto, DEB tira dúvidas sobre a pauta étnico-racial, apoiando o letramento racial de empresas e organizações.

Antes de finalizar, quero destacar uma fala de Joy Buolamwini, a pesquisadora do início desse texto que, depois de ter descoberto as falhas nos sistemas de reconhecimento facial de pessoas pretas, intensificou os estudos e fundou a Liga da Justiça Algorítmica, além de publicar o best-seller Unmasking AI. Sua reflexão resume de forma exemplar porque as empresas têm de se preocupar com o tema, se não pela questão ética, pelo impacto disso no negócio: “Se você criou uma ferramenta de IA que não funciona para a maioria das pessoas do mundo, você acha que realmente criou uma boa ferramenta?”

Compartilhar:

CEO e Partner da Nossa Praia e Chief Sustainability Officer da BPartners.co Conselheira da Universidade São Judas, 99 jobs, Ampro – Associação de Marketing Promocional, APD - Associação Pró Dança e Plan International

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura
Liderança
3 de novembro de 2025
Em um mundo cada vez mais automatizado, liderar com empatia, propósito e presença é o diferencial que transforma equipes, fortalece culturas e impulsiona resultados sustentáveis.

Carlos Alberto Matrone - Consultor de Projetos e Autor

7 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
31 de outubro de 2025
Entenda como ataques silenciosos, como o ‘data poisoning’, podem comprometer sistemas de IA com apenas alguns dados contaminados - e por que a governança tecnológica precisa estar no centro das decisões de negócios.

Rodrigo Pereira - CEO da A3Data

6 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
30 de ouutubro de 2025
Abandonando o papel de “caçador de bugs” e se tornando um “arquiteto de testes”: o teste como uma função estratégica que molda o futuro do software

Eric Araújo - QA Engineer do CESAR

7 minutos min de leitura
Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de outubro de 2025
Programas corporativos de idiomas oferecem alto valor percebido com baixo custo real - uma estratégia inteligente que impulsiona engajamento, reduz turnover e acelera resultados.

Diogo Aguilar - Fundador e Diretor Executivo da Fluencypass

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Inovação & estratégia
25 de outubro de 2025
Em empresas de capital intensivo, inovar exige mais do que orçamento - exige uma cultura que valorize a ambidestria e desafie o culto ao curto prazo.

Atila Persici Filho e Tabatha Fonseca

17 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)