Desenvolvimento pessoal

Alexandre Fetter: embalado em música

Compartilhar:

“Você satisfaz minha alma, satisfaz minha alma”. Amanhece em Orlando, na Flórida. O despertador toca, e a voz de Bob Marley inunda o quarto de Alexandre Fetter. Assim começam os dias do radialista gaúcho. “Sempre escolho músicas diferentes, que vão reger o meu estado de espírito. Com um Marley, é impossível acordar de mau humor”, brinca Fetter, 52 anos, 32 deles dedicados à comunicação. Ele está no ar em duas emissoras de Porto Alegre – Atlântida e 102.3, ambas do grupo de mídia RBS. 

A música é um de seus segredos para nunca perder o pique. Foi nessa batida que, em 1996, Fetter liderou uma revolução no dial FM da capital gaúcha.  A Felusp, na época, era uma rádio alternativa na rabeira do Ibope. Fetter tinha deixado o microfone e a gerência de programação da Atlântida – maior rede jovem do sul do País – para apresentar um projeto que pretendia turbinar a competitividade da emissora.  “Havia saído de uma Ferrari para dirigir um Palio”, ele compara. Era preciso produzir muito mais com bem menos estrutura. O primeiro passo? Mudar o mindset da empresa.  

O estúdio, antes montado em um local escuro, ganhou iluminação natural. Já as cadeiras foram abolidas. Os locutores passaram a fazer seus horários em pé, ganhando mais liberdade de expressão corporal. A ideia era mudar o ânimo da equipe, injetando dinamismo no ambiente e, por consequência, no produto final. 

Funcionou. A Felusp, rebatizada como Pop Rock, dominou o segmento jovem no fim dos anos 1990 e começo dos anos 2000. O bom resultado fez um time de radialistas mudar de patamar no mercado. A Atlântida, inclusive, passou a copiar a concorrente Pop Rock. Mas não dava certo. “É que não eram as mesmas pessoas”, justifica. Fetter acredita que a sintonia da equipe é uma das chaves da produtividade.

O líder, nesse sentido, deve apaziguar vaidades e atuar como um catalisador de talentos. “A função do líder é achar o local em que cada profissional rende mais. Eles podem não concordar num primeiro momento, mas depois vão agradecer a você”, afirma. Em 2006, Fetter retornou ao Grupo RBS e assumiu o desafio de coordenar as emissoras de entretenimento da empresa, inclusive a Atlântida. De lá para cá, acumulou mais cases de sucesso. 

O maior deles é o Pretinho Básico, um bate-papo de uma hora que reúne humoristas e locutores da Atlântida. A atração vai ao ar em duas edições – às 13h e às 18h. Fetter ancora o programa direto de sua casa, nos Estados Unidos, para onde se mudou com a família em 2017. A tecnologia e a diferença branda de fuso horário (apenas duas horas a menos) facilitaram a empreitada.

**DESAFIOS DE GERENCIAR A DISTÂNCIA**

O contato remoto, entretanto, tem lá seus entraves. “Existem dificuldades em gerir um grupo a distância. Há pessoas que não se sentem confortáveis em se reportar a quem não está presencialmente”, explica Fetter, que hoje atua como um conselheiro dos projetos que liderava antes de deixar o País. 

Na prática, ele não se desvinculou de sua cidade natal. É que, além das rádios, ele ainda tem outros dois negócios. Um deles é a rede de hamburguerias Severo Garage. Lançada em 2016 e gerida ao lado de outros três sócios, a empresa tem 30 lojas – no Rio Grande do Sul e em outros três estados: São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. A Severo deve fechar 2019 faturando R$ 30 milhões. Fetter também é sócio do Porto Alegre Comedy Club, um híbrido de bar e clube de stand up, inaugurado em maio. “Meus dias passaram a ter 48 horas: as 24 horas de Orlando e as 24 horas de Porto Alegre”, brinca. Ou seja, o ritmo de vida é bem corrido. Mas Fetter não reclama. “Gosto de criar produtos e compartilhar alegria, seja com música, comida ou entretenimento”, diz. Nada como produzir aquilo que satisfaz a alma. 

> **Melhor hábito.** Acordar com música. “Procuro sempre escolher uma música diferente para começar o dia. São as músicas que regem o meu estado de espírito.” 
>
> **Pior hábito.** Dispersão. Por ter déficit de atenção, Fetter diz que sua mente é muito ativa. Às vezes, trabalha com dezenas de janelas abertas no computador. Sabe que precisa focar mais.
>
> **Horário em que produz mais.** “Antes, era a madrugada. Porém não tenho mais o ócio criativo. Gosto de andar com um caderno para anotar ideias, a qualquer hora. É melhor que o tablet. A escrita à mão tem mais emoção.” 
>
> **Férias.** Fetter costuma dividir em três ao longo do ano. A primeira parte inclui 15 dias seguidos. O restante se converte em dois períodos de uma semana.
>
> **Tecnologia.** “Uso bastante o WhatsApp, em razão da distância [entre Orlando e Porto Alegre]. Também me comunico muito com as pessoas pelas redes sociais. Hoje, entretanto, aprendi a filtrar melhor esse tipo de interação.”
>
> **Ano sabático.** “Ando pensando muito nesse tema, em como eu reagiria. Acho que vou me permitir em breve. Pode ser uma oportunidade para repensar a vida.”

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inteligência artificial e gestão, Estratégia e Execução, Transformação Digital, Gestão de pessoas
29 de julho de 2025
Adotar IA deixou de ser uma aposta e se tornou urgência competitiva - mas transformar intenção em prática exige bem mais do que ambição.

Vitor Maciel

3 minutos min de leitura
Carreira, Aprendizado, Desenvolvimento pessoal, Lifelong learning, Pessoas, Sociedade
27 de julho de 2025
"Tudo parecia perfeito… até que deixou de ser."

Lilian Cruz

5 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
28 de julho de 2025
A ascensão dos conselheiros de IA levanta uma pergunta incômoda: quem de fato está tomando as decisões?

Marcelo Murilo

8 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Liderança
25 de julho de 2025
Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Bruno Padredi

2 minutos min de leitura
Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura
Liderança, Marketing e vendas
22 de julho de 2025
Em um mercado saturado de soluções, o que diferencia é a história que você conta - e vive. Quando marcas e líderes investem em narrativas genuínas, construídas com propósito e coerência, não só geram valor: criam conexões reais. E nesse jogo, reputação vale mais que visibilidade.

Anna Luísa Beserra

5 minutos min de leitura
Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura
User Experience, UX
Na era da indústria 5.0, priorizar as necessidades das pessoas aos objetivos do negócio ganha ainda mais relevância

GEP Worldwide - Manoella Oliveira

9 min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)