Empreendedorismo
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Como Singapura se reinventou enquanto o Brasil vivia a era do pleno emprego no início dos anos 2000

País do sudeste asiático lidera o ranking educacional PISA, ao passo que o Brasil despencou da 51ª para a 65ª posição entre o início deste milênio e a segunda década, apostando em currículos focados em resolução de problemas, habilidades críticas e pensamento analítico, entre outros; resultado, desde então, tem sido um brutal impacto na produtividade das empresas
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Singapura Singapore Cingapura

Passaram-se dez anos para que o termo “pleno emprego” retornasse às manchetes dos jornais e portais noticiosos brasileiros. Junto com o pleno emprego e de boas notícias, como a expansão do PIB, o aumento da população economicamente ativa e a redução da parcela dos jovens nem-nem (nem estuda e nem trabalha, para quem não conhece a alcunha), contudo, surgem também os sinais de preocupação, sobretudo os relacionados aos gargalos do País para a continuidade do crescimento da economia, pressão inflacionária e por aí vai…

Entre 2007 e 2014, últimos períodos em que tivemos um ritmo de crescimento e emprego acelerados, muito se discutiu sobre a necessidade do Brasil ampliar sua produtividade para se tornar um país desenvolvido, aproveitando o até então início do auge de seu bônus demográfico.

Morando em Singapura desde o ano passado, é fácil perceber o impacto que mudanças estruturais podem promover em um período relativamente curto. Desde 2009, ou seja, período em que falamos do pleno emprego no Brasil, Singapura lidera os rankings educacionais do PISA. O Brasil, por sua vez, em igual intervalo caiu da 51ª posição para a 65ª. O bom desempenho é fruto de políticas educacionais adotadas principalmente nos anos 90 e início dos anos 2000.

O país não apenas construiu escolas, mas também valorizou seus professores e implementou currículos focados em habilidades críticas, resolução de problemas e pensamento analítico, além de incentivar a educação técnica profissionalizante e a inovação tecnológica.

Um exemplo recente é o uso de Inteligência Artificial (IA) em escolas públicas primárias, com iniciativas que ensinam os alunos a usar ferramentas de geração de imagens e prompts para criar projetos, além da Estratégia Nacional de IA, que mira integrar completamente as ferramentas de IA em todas as escolas públicas até 2030, garantindo que os alunos desenvolvam habilidades digitais essenciais para o futuro, uma estratégia de governo que começou há sete anos.

Cenário distinto vive o Brasil, apesar da ampliação da população com Ensino Superior completo e de casos de sucesso na educação básica em estados como o Ceará, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, que têm liderado os rankings do ENEM ano após ano, colhendo frutos de políticas educacionais de longo prazo. Infelizmente o desempenho geral deixa a desejar frente às demandas do mercado de trabalho e competição global. E é neste contexto que gestores e empresários têm de lidar em momento de crescimento acelerado da economia, baixa produtividade e cenário futuro incerto.

Abrir novos postos de trabalho e retornar ao modelo presencial para acelerar a cultura corporativa pode gerar resultados, mas é algo limitado. Já a dinâmica de investimentos em educação e capacitação é um ciclo mais longo, de pelo menos uma década, enquanto lideranças empresariais estão pressionadas a entregar resultados e a se adaptar às transformações tecnológicas e culturais neste momento.

É aí que a IA vem despontando como uma das principais apostas de empresas, ainda muito distante da realidade de Singapura, mas já com bons resultados. Ferramentas de IA, vale destacar, podem automatizar tarefas repetitivas, otimizar processos e apoiar decisões baseadas em dados, promovendo espaço para que os líderes foquem no que mais importa e no que apenas humanos conseguem fazer, como capacidade de empatizar profundamente, pensar soluções em contextos de ambiguidade intensa e a usar a intuição ou acessar conhecimento tácito.

Muito além do trabalho operacional, a GenAI é capaz de potencializar capacidades humanas para knowledge workers, com as primeiras evidências de utilização na capacitação de lideranças indicando que o caminho é promissor: estudo recente com mais de 700 consultores conduzido pela MIT Sloan e o Boston Consulting Group revelou que, ao usar IA de forma crítica e com orientação adequada, o desempenho de trabalhadores qualificados pode aumentar em até 42%. Entretanto, quando utilizada sem a compreensão de seus limites, o desempenho pode cair até 19%, evidenciando a importância de combinar julgamento humano e esforço cognitivo ao aplicar a IA.

Preparar os líderes para o contexto de mundo caótico em que vivemos é urgente, e mundo afora já existem soluções inteligentes que ganham a vez também no desenvolvimento de habilidades de liderança. Com essa tecnologia ganha-se muito em contexto, personalização e escala, pela primeira vez apontadas para a mesma direção neste segmento, possibilitando que todas as camadas de liderança tenham acesso a soluções realmente individualizadas e baseadas em dores reais do dia a dia de negócio. Essa abordagem que enxerga e valoriza o indivíduo, alinhando seus interesses aos da empresa, promove engajamento, produtividade e eficiência em áreas como desenvolvimento humano, que historicamente tem dificuldade de comprovar o resultado de suas iniciativas.

Dessa forma, cria-se um ecossistema de aprendizado constante, onde a evolução conjunta se torna parte integrante da cultura organizacional, garantindo que a produtividade seja sustentável no longo prazo. Dando certo, a jornada de ampliar a produtividade deixará de ser um pesadelo.

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