Assunto pessoal

Como vai seu planejamento de erros?

As estratégias de sua empresa para evitar erros estimulam os envolvidos a continuar arriscando e aprendendo?
É sócio da RIA, empresa especializada em construir segurança psicológica em equipes. Criador do PlayGrounded, a Ginástica do Humor, é jornalista (Folha de S.Paulo, Veja, Superinteressante e Vida Simples), foi sócio da consultoria Origami e consultor em branding. Ator e improvisador, integra o grupo Jogo da Cena.

Compartilhar:

O tempo passa, o discurso muda, líderes vêm e vão. E falar sobre erros continua sendo um tabu. Até quando se comenta sobre falhas com leveza, sem um estigma negativo, vem alguém do topo da hierarquia fazer um contraponto. O discurso varia, a mensagem é a mesma: não podemos incentivar os erros.
Eu fico com pena. Porque, se você perguntar a qualquer líder se inovação e aprendizagem são importantes, 100% dirão “sim”. E é impossível inovar ou aprender sem errar.

Talvez você agora esteja pensando: “Mas, Rodrigo, há erros e erros. O tratamento para cada um difere”. Concordo contigo. Conheço um modelo que identifica três tipos de falhas.

A primeira categoria é das falhas __preveníveis__, que ocorrem em processos maduros, onde se espera repetição, não criação. Muitos acidentes na operação de máquinas e erros médicos se enquadram aí. Nesses casos, a solução envolve reforçar as diretrizes, por comunicação e treinamento, por exemplo.

O segundo tipo de erro são os __complexos__. É quando um desafio conhecido revela traços novos, por uma mudança das circunstâncias, que extrapolam a competência dos recursos alocados. Em um mundo tão caótico, no qual até os apelidos dados à confusão têm que ser atualizados (VUCA, BANI), esse tipo de falha é cada vez mais comum. Todos nós tivemos resultados não esperados por complexidade nos últimos 18 meses, graças à pandemia. Lidar com esse tipo de fracasso envolve redesenho de estruturas, para incluir as variáveis novas.

O último tipo de falha são as __inteligentes__. É quando eu sei que não sei algo e vou em frente, sabendo que vai dar problema. Nos modelos de agilidade, são os experimentos. Um erro inteligente nos ensina eliminando hipóteses.
“Tá vendo, Rodrigo? Está resolvido. Queremos mais do terceiro tipo, menos do segundo e nada do primeiro.”

Seria ótimo se o território em que operamos fosse igual ao mapa de que dispomos. Mas nunca é o que acontece. O mapa é sempre mais pobre. A melhor classificação de erros ainda será mais limitada que a realidade dinâmica diária. Na prática, tem um pouco de cada erro em toda situação. Nenhum cruzamento de avenidas é igual ao outro. Nenhum organismo corresponde aos livros ou ao que o cirurgião viu antes. Nem nós, os envolvidos, somos os mesmos: hoje estamos mais alertas, amanhã impacientes, depois cautelosos ou pressionados.

Terão vantagem competitiva as equipes que criarem as condições para que todo aprendizado e inovação latentes nos erros possam ser colhidos.
Essa estrada perde-se no horizonte futuro e não tem fim. Deixo aqui uma pergunta para inspirar o primeiro passo: as estratégias da sua organização para evitar erros intencionalmente incentivam os envolvidos a continuar arriscando e aprendendo? Ou inibem o novo e atrasam a evolução?

Compartilhar:

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

ESG, Cultura organizacional, Inovação
6 de agosto de 2025
Inovar exige enxergar além do óbvio - e é aí que a diversidade se torna protagonista. A B&Partners.co transformou esse conceito em estratégia, conectando inclusão, cultura organizacional e metas globais e impactou 17 empresas da network!

Dilma Campos, Gisele Rosa e Gustavo Alonso Pereira

9 minutos min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas, Liderança, Marketing
5 de agosto de 2025
No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real - e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Cristiano Zanetta

6 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Estratégia e Execução, Transformação Digital, Gestão de pessoas
29 de julho de 2025
Adotar IA deixou de ser uma aposta e se tornou urgência competitiva - mas transformar intenção em prática exige bem mais do que ambição.

Vitor Maciel

3 minutos min de leitura
Carreira, Aprendizado, Desenvolvimento pessoal, Lifelong learning, Pessoas, Sociedade
27 de julho de 2025
"Tudo parecia perfeito… até que deixou de ser."

Lilian Cruz

5 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
28 de julho de 2025
A ascensão dos conselheiros de IA levanta uma pergunta incômoda: quem de fato está tomando as decisões?

Marcelo Murilo

8 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Liderança
25 de julho de 2025
Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Bruno Padredi

2 minutos min de leitura
Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura
Liderança, Marketing e vendas
22 de julho de 2025
Em um mercado saturado de soluções, o que diferencia é a história que você conta - e vive. Quando marcas e líderes investem em narrativas genuínas, construídas com propósito e coerência, não só geram valor: criam conexões reais. E nesse jogo, reputação vale mais que visibilidade.

Anna Luísa Beserra

5 minutos min de leitura
Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura