Direto ao ponto

“Eu fui para a Disney World durante a pandemia”

Enquanto a disseminação do coronavírus ainda assolava a Flórida, Graeme Wood, redator da revista *The Atlantic*, visitava o parque na reabertura

Compartilhar:

Após quatro meses fechado devido à pandemia de Covid-19, o Walt Disney World, em Orlando, reabriu no início de julho. O jornalista Graeme Wood, redator da revista The Atlantic, conta, em primeira pessoa, como foi essa experiência “arriscada e desoladora”.

Ele voou sozinho e, na semana em que chegou, a Flórida registrou a maior contagem de casos de coronavírus em um dia. O aeroporto de onde partiu, em Connecticut, exigia máscaras, e todos as usavam. Na Flórida, alguns passageiros estavam sem, mas a maioria usava máscaras sob o queixo ou com as narinas descobertas, aspirando e expelindo partículas potencialmente virais.

“No ônibus para o resort tive bastante tempo para refletir sobre minhas decisões, como fazer uma viagem com ar-condicionado por essa região quente, durante o pior surto de doença em um século. Uma família de Ohio vinha atrás de mim. Enquanto comiam sanduíches, uma das crianças perguntou à mãe se eles deveriam usar as máscaras entre as mordidas. ‘Bem, aqui é a Flórida’, disse ela, o que pode ser entendido como: ‘Sim, você deveria, mas neste lugar não há lei’”, conta o jornalista.

Ao chegar ao Disney’s Contemporary Resort, ele deixou a bolsa no quarto no andar térreo, com vista para o estacionamento. “A princípio fiquei desapontado, depois percebi minha sorte por não ter que pegar um elevador.”
Na entrada do Magic Kingdom a espera para entrar durou segundos. A Main Street estava desoladora e sombria. A música tocava, mas a cada 10 minutos uma voz a interrompia para instruir a todos: “por favor, use uma cobertura para o rosto. Lave as mãos com frequência. Cubra a boca e o nariz ao tossir e espirrar e mantenha o distanciamento físico”.

Em tempos normais, afirma, seria necessário escolher quatro ou cinco atrações e passar horas na fila. Nesse único dia, foi possível visitar todas as atrações disponíveis. Na Splash Mountain, um dos passeios mais populares, a espera foi de exatamente oito minutos.

As máscaras eram usadas por todos, e Wood ficou grato porque os visitantes obedeciam à regra. Os turistas submeteram-se de boa vontade à autoridade do microestado da Disney World.

Ao voltar para casa, a hora em que passou esperando seu voo no aeroporto de Orlando foi uma das mais desconfortáveis desde o início da pandemia.

“Quando embarquei, o passageiro ao meu lado começou a roncar, com o nariz para fora da máscara. Eu ajustei a ventilação para soprar o ar de suas narinas para o corredor. A simpática comissária deu de ombros, com uma expressão que dizia: Flórida.”

Qualquer semelhança com nossa própria realidade não é mera coincidência.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Liderança
29 de setembro de 2025
No topo da liderança, o maior desafio pode ser a solidão - e a resposta está na força do aprendizado entre pares.

Rubens Pimentel - CEO da Trajeto Desenvolvimento Empresarial

4 minutos min de leitura
ESG, Empreendedorismo
29 de setembro de 2025
No Dia Internacional de Conscientização sobre Perdas e Desperdício de Alimentos, conheça negócios de impacto que estão transformando excedentes em soluções reais - gerando valor econômico, social e ambiental.

Priscila Socoloski CEO da Connecting Food e Lucas Infante, CEO da Food To Save

2 minutos min de leitura
Cultura organizacional
25 de setembro de 2025
Transformar uma organização exige mais do que mudar processos - é preciso decifrar os símbolos, narrativas e relações que sustentam sua cultura.

Manoel Pimentel

10 minutos min de leitura
Uncategorized
25 de setembro de 2025
Feedback não é um discurso final - é uma construção contínua que exige escuta, contexto e vínculo para gerar evolução real.

Jacqueline Resch e Vivian Cristina Rio Stella

4 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
24 de setembro de 2025
A IA na educação já é realidade - e seu verdadeiro valor surge quando é usada com intencionalidade para transformar práticas pedagógicas e ampliar o potencial de aprendizagem.

Rafael Ferreira Mello - Pesquisador Sênior no CESAR

5 minutos min de leitura
Inovação
23 de setembro de 2025
Em um mercado onde donos centralizam decisões de P&D sem métricas críveis e diretores ignoram o design como ferramenta estratégica, Leme revela o paradoxo que trava nosso potencial: executivos querem inovar, mas faltam-lhes os frameworks mínimos para transformar criatividade em riqueza. Sua fala é um alerta para quem acredita que prêmios de design são conquistas isoladas – na verdade, eles são sintomas de ecossistemas maduros de inovação, nos quais o Brasil ainda patina.

Rodrigo Magnago

5 min de leitura
Inovação & estratégia, Liderança
22 de setembro de 2025
Engajar grandes líderes começa pela experiência: não é sobre o que sua marca oferece, mas sobre como ela faz cada cliente se sentir - com propósito, valor e conexão real.

Bruno Padredi - CEP da B2B Match

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
19 de setembro de 2025
Descubra como uma gestão menos hierárquica e mais humanizada pode transformar a cultura organizacional.

Cristiano Zanetta - Empresário, palestrante TED e filantropo

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Inovação & estratégia
19 de setembro de 2025
Sem engajamento real, a IA vira promessa não cumprida. A adoção eficaz começa quando as pessoas entendem, usam e confiam na tecnologia.

Leandro Mattos - Expert em neurociência da Singularity Brazil

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de setembro de 2025
Ignorar o talento sênior não é só um erro cultural - é uma falha estratégica que pode custar caro em inovação, reputação e resultados.

João Roncati - Diretor da People + Strategy

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)