Economia Criativa

Existe diversidade na publicidade para gamers?

Há muito tempo que jogar videogame deixou de ser algo predominantemente masculino. Mas as mulheres se sentem representadas por essa indústria? E as pessoas não brancas, com deficiência ou LGBTQIAPN+?
Luiz Menezes é Co-fundador da Trope e Gabriele Sales atua no Planejamento de Tráfego da Trope

Compartilhar:

O [mercado global de jogadores digitais](https://newzoo.com/insights/trend-reports/newzoo-global-games-market-report-2021-free-version/) deverá alcançar a marca de 3 bilhões de pessoas e uma receita de US$ 180,3 bilhões, em 2021. [No Brasil, temos aproximadamente 84 milhões de “gamers”](https://www.comscore.com/por/Insights/Apresentacoes-e-documentos/2020/O-mercado-de-Games-no-digital) – o que corresponde a 70% da população digital total – e receita estimada, para este ano, de US$ 2,3 bilhões. Tais números colocam o país na primeira posição em vendas da América Latina, com 30% do mercado, e em 12º lugar no mercado mundial de “games”.

Pesquisas recentes indicam, de modo limitado, uma proporcionalidade entre o sexo masculino e feminino no consumo de jogos e conteúdos digitais. Em um primeiro momento podemos nos encantar com os dados, já que, antes da ascensão dos telefones celulares como principal mídia de jogos, em uma época em que eles só existiam em computadores e consoles dedicados, o público era predominantemente masculino.

Surgem, então, algumas questões. Como é a diversidade na publicidade para gamers? As mulheres se sentem inseridas na publicidade para jogos digitais? E quanto às pessoas não brancas, pessoas com deficiência e LGBTQIAPN+?

## A pesquisa
No estudo que realizamos com 4.042 gamers do recorte “diversidades” (mulheres, pessoas com deficiência – PCD, LGBTQIAPN+ e pessoas não brancas), 59% apontaram que as marcas não representam a diversidade do universo online em sua publicidade ao mercado de jogos digitais. A pesquisa foi realizada entre os meses de junho e julho de 2021 e cobriu todo o território nacional. O método para coleta de dados foi suportado por um questionário de escalas quantitativas, complementado por entrevistas com “focus group” para os dados qualitativos, realizado em parceria com o grupo de pesquisa AlgoritmCOM. Os principais achados deste estudo fornecem insights importantes sobre diversidade e inclusão para que as empresas os utilizem em suas estratégias de marketing e comunicação.

A descrição da amostra ainda exibe outros importantes contornos. O primeiro deles recai para a diversidade étnica, na qual 48,82% das pessoas se consideram brancas e 47,3% se consideram pardas ou pretas. Quanto à orientação sexual, 35,65% se consideram heterossexuais e outros 25,55%, bissexuais. Um terceiro ponto que vale destacar é a identidade de gênero da amostra pesquisada, em que 46,6% se consideram mulheres cisgênero e 39,31% são homens cisgênero. Outras identidades de gênero, como “transexual”, “não-binário” e “gênero fluido” também estão representadas no estudo.

## Diversidade na publicidade?
Sabemos que os respondentes percebem a importância dos investimentos em diversidade na publicidade do mundo gamer, porém a forma como ela tem sido realizada incomoda significativamente. Com relação a produtos ou serviços desenvolvidos para “gamers”, 50% dos respondentes concordam que eles não contemplam a diversidade. Por sua vez, quando questionados sobre a diversidade dentro das empresas, 77% das pessoas creditam uma baixa diversidade interna como possível resultado dessa homogeneização da publicidade.

Outros achados do estudo revelam que, para 73% dos respondentes das gerações Z e Millennial, os algoritmos das redes sociais reforçam o estereótipo de homens brancos como gamers. Complementa esse número o fato de que 8 em cada dez pessoas dessas gerações afirmam que se houvesse mais diversidade na publicidade elas consumiriam mais produtos ou serviços dessas empresas.

Quanto às assertivas relacionadas ao consumo, utilizamos uma escala semântica de modo mais direto e com achados extremamente relevantes. Perguntas como “Escândalos e polêmicas envolvendo marcas impactam na sua decisão de compras?” “A representação em uma publicidade voltada para gamers impacta na sua decisão de compra?” tiveram mais de 70% na escala, sendo que 100% corresponde a “concordo totalmente” e 0% a “discordo totalmente”.

Mais de 80% entendem ser importante as empresas considerarem as causas sociais e as relacionadas à diversidade não somente em momentos de oportunidade como o Dia da Consciência Negra, o mês do orgulho LGBTQIAPN+ ou o Dia Internacional da Mulher, mas serem incorporadas de forma mais ampla às suas estratégias ao longo de suas campanhas publicitárias.

## Percepções do estudo
A partir das análises e dos resultados obtidos, desenvolvemos um esquema de insights para que as empresas possam utilizar no planejamento de suas estratégias de marketing e comunicação, conforme a seguir:

1. As gerações mais jovens reconhecem a importância da publicidade para gamers, mas questionam cada vez mais a maneira como ela vem sendo feita.
2. As minorias não se veem representadas nas publicidades para gamers.
3. A consciência em relação à representação feita pelas marcas de jogos digitais varia de um grupo para outro, entre os que se sentem prejudicados e os que não se sentem.
4. Além da publicidade, as pessoas integrantes dos grupos do recorte “diversidade” (mulheres, pessoas com deficiência, LGBTQIAPN+ e pessoas não brancas) gostariam de perceber representatividade nas equipes das empresas e de produtos e serviços pensados para atender à diversidade.
5. A consciência geracional sobre representatividade afeta diretamente nas escolhas de consumo dos mais jovens.

Trabalhar com representatividade relacionada à diversidade para pessoas com deficiência (PCD), mulheres, segmento LGBTQIAPN+ e pessoas não brancas pode ser uma oportunidade para as empresas ligadas a esse crescente mercado dos jogos digitais mostrarem que reconhecem seu público potencial e estão atentas às suas necessidades. Dessa forma, elas ampliariam sua fatia de mercado e melhorariam o posicionamento de sua marca.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Marketing & growth
21 de outubro de 2025
O maior risco do seu negócio pode estar no preço que você mesmo definiu. E copiar o preço do concorrente pode ser o atalho mais rápido para o prejuízo.

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

5 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
20 de outubro de 2025
Nenhuma equipe se torna de alta performance sem segurança psicológica. Por isso, estabelecer segurança psicológica não significa evitar conflitos ou suavizar conversas difíceis, mas sim criar uma cultura em que o debate seja aberto e respeitoso.

Marília Tosetto - Diretora de Talent Management na Blip

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
17 de outubro de 2025
No Brasil, quem não regionaliza a inovação está falando com o país certo na língua errada - e perdendo mercado para quem entende o jogo das parcerias.

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Tecnologia & inteligencia artificial
16 de outubro de 2025
A saúde corporativa está em colapso silencioso - e quem não usar dados para antecipar vai continuar apagando incêndios.

Murilo Wadt - Cofundador e diretor geral da HealthBit

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
15 de outubro de 2025
Cuidar da saúde mental virou pauta urgente - nas empresas, nas escolas, nas nossas casas. Em um mundo acelerado e hiperexposto, desacelerar virou ato de coragem.

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
14 de outubro de 2025
Se 90% da decisão de compra acontece antes do primeiro contato, por que seu time ainda espera o cliente bater na porta?

Mari Genovez - CEO da Matchez

3 minutos min de leitura
ESG
13 de outubro de 2025
ESG não é tendência nem filantropia - é estratégia de negócios. E quando o impacto social é parte da cultura, empresas crescem junto com a sociedade.

Ana Fontes - Empreendeedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia
10 de outubro de 2025
Com mais de um século de história, a Drogaria Araujo mostra que longevidade empresarial se constrói com visão estratégica, cultura forte e design como motor de inovação.

Rodrigo Magnago

6 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
9 de outubro de 2025
Em tempos de alta performance e tecnologia, o verdadeiro diferencial está na empatia: um ativo invisível que transforma vínculos em resultados.

Laís Macedo, Presidente do Future is Now

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Bem-estar & saúde, Finanças
8 de outubro de 2025
Aos 40, a estabilidade virou exceção - mas também pode ser o início de um novo roteiro, mais consciente, humano e possível.

Lisia Prado, sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)