Direto ao ponto

Impacto social 4.0

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Organizações do terceiro setor costumam ter menos familiaridade com as novas tecnologias do que as empresas. Seja por limitações técnicas, seja por questões financeiras, muitas não conseguem acessá-las e usá-las para ampliar o alcance de suas ações. Para Geoff Mulgan, professor de inteligência coletiva, políticas públicas e inovação social da University College London, isso precisa mudar. “Uma questão importante para a próxima década”, afirma ele em artigo da Stanford Social Innovation Review, “é se a economia social vai se manter à margem da quarta Revolução Industrial ou se vai moldar o desenvolvimento tecnológico de maneiras que beneficiem a sociedade”.

Desde que Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, descreveu a revolução 4.0 em 2016, muito vem sendo dito sobre como a convergência entre as tecnologias digitais, físicas e biológicas transformará o mundo. Para Mulgan, o setor social está ficando para trás. Isso porque as ONGs tendem a se concentrar mais em discutir os impactos éticos da revolução 4.0 do que em encontrar formas de usar inteligência artificial, robótica, realidade aumentada ou big data, entre outras, para gerar impacto social positivo.

## Tecnologia para o bem

Enquanto isso, experimentos interessantes surgem do setor privado. A Open Bionics, por exemplo, usa sistemas de código aberto para criar mãos biônicas e próteses que podem ser reproduzidas por outras instituições a custos acessíveis. Em seu site, crianças sem o antebraço exibem o “hero arm”, uma prótese feita em impressora 3D com direito a design inspirado no Homem de Ferro, nas personagens da animação Frozen ou no robô
BB-8, de Star Wars. “Transformamos deficiências em superpoderes” é o mote da empresa. Outra que aposta na revolução 4.0 é a Aerobotics, que usa drones e inteligência artificial para criar ferramentas inteligentes para a agricultura.

Algumas iniciativas buscam facilitar o avanço tecnológico do setor social. É o caso da AI for Good, plataforma criada pelas Nações Unidas que conecta ONGs, empresas, governos e entidades de cooperação internacional. Seu principal objetivo é identificar e dar escala a projetos que usem inteligência artificial para acelerar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Em outra frente, o Google.org Impact Challenge seleciona e financia organizações que usam novas tecnologias em iniciativas voltadas para a promoção da igualdade de gênero ou o combate ao aquecimento global, entre outras.

## Inovação para o clima

Uma área em que o uso de tecnologias da quarta revolução industrial é urgente é a da mudança climática. O setor social poderia contribuir concentrando esforços em algumas frentes prioritárias.

__Acesso a dados.__ Existem muitas informações já levantadas no mundo sobre a redução de emissões de gases do efeito estufa. Mas há pouca padronização e muito pouco é de conhecimento público. “Organizações públicas e da sociedade civil poderiam liderar o levantamento, a curadoria e a divulgação desses dados, assim como de informações sobre a pegada de carbono de cadeias de fornecimento, cidades e indivíduos”, afirma Mulgan.

__IA e machine learning.__ A inteligência artificial e o aprendizado de máquina já estão sendo usados para antecipar eventos climáticos extremos, reduzir o consumo de energia nas cidades ou tornar o transporte público mais eficiente. As organizações sem fins lucrativos poderiam trabalhar para garantir o uso ético dos algoritmos que permitem esses avanços e para tornar essas soluções mais transparentes.

__Disseminação de conhecimento.__ Assim como acontece com os dados sobre reduções de gases do efeito estufa, o conhecimento sobre as tecnologias que realmente contribuem para mitigar o aquecimento global também é menos compartilhado que o necessário. Mulgan defende a criação de centros, financiados por recursos públicos ou filantrópicos, que promovam sua disseminação.

__Mobilização.__ “Para alcançar o Acordo de Paris, a economia social precisará mobilizar diferentes atores com muito mais sucesso do que no passado”, diz ele. O pulo do gato será acessar a inteligência coletiva: usar a tecnologia para orquestrar dados e insights de diversas fontes para apoiar a inovação social.

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