Liderança, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
3 minutos min de leitura

Liderar é, acima de tudo, abrir caminhos.

Ser CEO é mais que ocupar o topo - para mulheres, é desafiar estereótipos e transformar a liderança em espaço de pertencimento e impacto.
Country Manager da Merz Aesthetics® Brasil desde 2020. Com mais de 20 anos de experiência na indústria farmacêutica, é reconhecida por sua liderança humanizada e orientada para resultados. Defensora da equidade de gênero, atua na construção de uma cultura inclusiva e inovadora, sempre com foco na entrega de resultados sustentáveis.

Compartilhar:

Ser CEO vai muito além de liderar uma empresa. Quando se trata de mulheres, essa posição ganha contornos particulares. A trajetória rumo ao topo ainda é marcada por escolhas difíceis, expectativas sociais e pelo desafio de conciliar múltiplos papéis, ao mesmo tempo em que se assume a responsabilidade de abrir caminhos para que outras lideranças femininas também se sintam pertencentes a esses espaços.

Os números mostram a dimensão do desafio. Apenas 6% dos cargos de CEO no mundo são ocupados por mulheres, segundo a oitava edição da pesquisa “Women in the Boardroom”, da Deloitte. Nesse ritmo, a paridade de gênero ainda levará décadas. No Brasil, a presença feminina nesse cargo está em torno de 5%, de acordo com levantamento da Vila Nova Partners e Poder360. Além disso, a permanência dessas executivas costuma ser mais instável: um estudo global da Russell Reynolds aponta que mulheres CEOs enfrentam 33% mais probabilidade de serem demitidas ou renunciarem, permanecendo em média 5,2 anos no cargo – contra 7,9 anos dos homens.

Há, no entanto, sinais de avanço. No setor farmacêutico, uma pesquisa da Sindusfarma revelou que 24% das cadeiras de presidência e country manager já são ocupadas por mulheres. O dado mostra que, em determinados segmentos, a equidade é mais tangível quando há oportunidades estruturadas e ambientes que favorecem a inclusão.

Mas onde está o próximo passo?

O desafio não é apenas aumentar a presença feminina em cargos de liderança. O viés inconsciente continua sendo uma barreira silenciosa e persistente, que afeta não apenas as mulheres, mas também pessoas de diferentes etnias, formações e experiências. Ele se manifesta em processos de seleção, na distribuição de projetos estratégicos, em avaliações de desempenho ou até em percepções subjetivas sobre estilos de liderança. Por isso, a preparação de ambientes verdadeiramente inclusivos deve ser prioridade para empresas e instituições de ensino.

Isso significa revisar práticas de recrutamento, oferecer treinamentos, criar espaços de mentoria, valorizar trajetórias diversas e cultivar culturas organizacionais em que todos se sintam seguros para contribuir. Ambientes assim não apenas promovem justiça e equidade, mas também fortalecem a inovação e tornam a tomada de decisões mais completa e sustentável.

Não se trata apenas de uma pauta social ou de obrigação. Diversidade é uma alavanca estratégica para negócios mais resilientes, sustentáveis e capazes de responder aos desafios de um mundo em transformação. Ainda assim, a figura da liderança muitas vezes continua atrelada a estereótipos masculinos.

A superação dessas barreiras exige resiliência, desenvolvimento de redes de apoio e coragem para persistir diante de negativas. Também requer autenticidade para que líderes ocupem seus espaços de maneira própria, mostrando que a pluralidade de trajetórias enriquece a gestão. Pequenas atitudes cotidianas – como incentivar a busca por oportunidades, compartilhar experiências ou dar visibilidade a diferentes vozes – podem transformar percursos individuais e coletivos.

Cada vez que uma mulher alcança um espaço de decisão, não chega sozinha: leva consigo outras que se inspiram em sua conquista e passam a acreditar que também podem ocupar esses lugares. A liderança inclusiva é, portanto, não apenas uma meta, mas uma necessidade estratégica para a construção de futuros mais equilibrados e inovadores.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Empreendedorismo
Fragilidades de gestão às vezes ficam silenciosas durante crescimentos, mas acabam impedindo um potencial escondido.

Bruno Padredi

5 min de leitura
Empreendedorismo
51,5% da população, só 18% dos negócios. Como as mulheres periféricas estão virando esse jogo?

Ana Fontes

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Marcelo Murilo

7 min de leitura
ESG
Projeto de mentoria de inclusão tem colaborado com o desenvolvimento da carreira de pessoas com deficiência na Eurofarma

Carolina Ignarra

6 min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas
Como as empresas podem usar inteligência artificial e dados para se enquadrar na NR-1, aproveitando o adiamento das punições para 2026
0 min de leitura
ESG
Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Filippe Moura

6 min de leitura
Carreira, Diversidade
Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Ricardo Pessoa

4 min de leitura
ESG
Entenda viagens de incentivo só funcionam quando deixam de ser prêmios e viram experiências únicas

Gian Farinelli

6 min de leitura
Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura