Business content, E-dossiê: Gestão de times de híbridos, Desenvolvimento pessoal, Carreira

Linguagem corporal “digital”: como diminuir mal-entendidos e aumentar a conexão no trabalho híbrido

A comunicação se tornou mais digital do que nunca. Adotar uma nova postura em e-mails e chamadas de vídeo abre caminho para a sensação de inclusão e pertencimento nas empresas
É colaborador de HSM Management.

Compartilhar:

A pandemia acelerou a adoção de tecnologias como automação e inteligência artificial em diferentes áreas profissionais. Entre elas estão as categorias de trabalho com alta interação presencial com clientes. É o caso das lojas de varejo, bancos e agências de correios – que migraram em boa parte para o e-commerce e outros tipos de transações digitais, conforme aponta um [estudo](https://www.mckinsey.com/featured-insights/future-of-work/the-future-of-work-after-covid-19/pt-br) da McKinsey divulgado em 2021. Mas o vírus não impactou apenas a relação tête-à-tête entre clientes e prestadores de serviço. Com o home office forçado, a pandemia também afetou as conexões entre colegas de trabalho.

Mesmo agora que o [trabalho híbrido está se consolidando](https://www.revistahsm.com.br/post/saude-emocional-beneficios-flexiveis-gestao-humana-caminhos-para-implementar) – com encontros presenciais aumentando gradualmente –, líderes e gestores precisam considerar que um bate-papo de escritório continua sendo um bate-papo quando feito pela internet. Muitas empresas estão há quase dois anos trabalhando on-line. E há planos de continuar assim em 2022 – à medida que o surgimento de novas variantes do coronavírus dificultam a tomada de uma decisão. Enfim, o mundo continuará valendo-se de aplicativos de mensagem, como Slack, Teams e WhatsApp. E todos – ou quase todos – ainda participarão de inúmeras videoconferências.

Em um cenário de ampla interação virtual, cabe uma maior reflexão sobre o processo comunicacional. Daí a relevância do mais recente livro lançado pela americana [Erica Dhawan](https://ericadhawan.com/about/), especialista em trabalho colaborativo e comunicação em empresas. Dhawan lançou em maio passado “[__Digital Body Language: How to Build Trust and Connection, No Matter the Distancet__](https://www.amazon.com/Digital-Body-Language-Connection-Distance/dp/1250246520)” (“Linguagem corporal digital: como construir confiança e conexão, independentemente da distância”, em tradução literal). A obra é um guia prático sobre a maneira como interpretamos o comportamento digital.

No livro, a autora apresenta informações que corroboram o que os psicólogos dizem há algum tempo: as palavras são apenas uma parcela da nossa comunicação. Para ser mais exata, Dhawan lembra que apenas 25% da comunicação humana frente a frente é verbal. O restante – 75%!! – dessa dinâmica é realizada por meio da postura, dos gestos, das expressões faciais e do tom de voz. Traduzindo essa relação física para a esfera virtual: a linguagem corporal digital pode ser interpretada como gestos e sinais que incluem desde a forma de escrever e usar emojis em e-mails – até a maneira de se portar em uma chamada de vídeo e a falta (ou o excesso) de comunicação com as pessoas do time.

## A nova etiqueta digital
Algumas situações que revelam a linguagem corporal digital: quando as hierarquias em uma sala de reuniões não estão mais evidentes (presencialmente, essa percepção vinha da posição de cada integrante à mesa), elas podem aparecer em um e-mail, na colocação dos endereços nas linhas Para, Cc e Cco.

Frente a frente, as pessoas denotam entusiasmo ao falar rapidamente, sorrir e gesticular. Na linguagem corporal digital, esse sentimento é transmitido com o uso de pontos de exclamação e emojis. A dica pode ser especialmente útil para funcionários menos ativos no ambiente digital – a etiqueta em torno do uso de emoji, inclusive, pode ser confusa.

Ainda na conversa cara a cara, inclinar a cabeça para um lado demonstra ao interlocutor que a pessoa está ouvindo com atenção. Na chamada de vídeo, o ouvinte transmite essa preocupação ao manter os olhos na tela, fazendo uma breve pausa para ter certeza de que a outra pessoa terminou de falar. Ou indo além, fazendo um comentário detalhado por e-mail ou no chat da videochamada. São reações melhores do que dizer “O.k.” ou “concordo” na reunião – ou de interromper a pessoa, sem considerar os pequenos atrasos na conexão.

Erica Dhawan sustenta que o desenvolvimento de uma linguagem corporal digital ajuda a todos. A abordagem abre caminhos para um sentimento de inclusão e pertencimento, aumentando a conexão entre os colegas de trabalho. Também reduz consideravelmente o risco de criar mal-entendidos e conflitos generalizados. Problemas que, por sua vez, podem evoluir para ansiedade, medo, desconfiança e paranoia – tanto no local de trabalho quanto na vida social.

No livro, a autora diz que uma linguagem corporal digital é mais provável quando existe colaboração e confiança entre os colegas. A especialista também incentiva os leitores a valorizarem o contato visual, a respeitarem a flexibilidade dos colegas e a entenderem como indivíduos extrovertidos e introvertidos se comunicam. Ao conversar por escrito, é importante revisar qualquer mensagem antes de enviá-la, eliminando o risco de ambiguidades e má interpretação.

Outro ponto de cuidado é o teor das mensagens. Uma [metanálise](https://doi.apa.org/doiLanding?doi=10.1037%2Focp0000293) realizada em 2021 por psicólogos organizacionais da Portland State University – que analisaram 76 artigos de pesquisa, cobrindo mais de 35.000 trabalhadores – descobriu que o trabalho remoto está tornando as pessoas rudes e mal-educadas. Assim como ficam mais corajosas por trás do Twitter, as pessoas estão se tornando mais ousadas nas plataformas de mensagens no local de trabalho. O que pode trazer consequências nada agradáveis. Em julho, a Netflix demitiu três executivos sêniores de marketing por criticarem seu chefe em uma conversa pública no Slack.
A comunicação online proporciona uma sensação de distância – mas, ao mesmo tempo, é parte indispensável da nova cultura organizacional. Estar disposto a revisar a linguagem corporal digital faz parte do desenvolvimento pessoal. E, de quebra, adiciona uma importante camada de segurança à harmonia da empresa.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Como a inteligência artificial impulsiona as power skills

Em um universo do trabalho regido pela tecnologia de ponta, gestores e colaboradores vão obrigatoriamente colocar na dianteira das avaliações as habilidades humanas, uma vez que as tarefas técnicas estarão cada vez mais automatizadas; portanto, comunicação, criatividade, pensamento crítico, persuasão, escuta ativa e curiosidade são exemplos desse rol de conceitos considerados essenciais nesse início de século.

iF Design Awards, Brasil e criação de riqueza

A importância de entender como o design estratégico, apoiado por políticas públicas e gestão moderna, impulsiona o valor real das empresas e a competitividade de nações como China e Brasil.

Transformando complexidade em terreno navegável com o framework AIMS

Em tempos de alta complexidade, líderes precisam de mais do que planos lineares – precisam de mapas adaptativos. Conheça o framework AIMS, ferramenta prática para navegar ambientes incertos e promover mudanças sustentáveis sem sufocar a emergência dos sistemas humanos.

O que move as mulheres da Geração Z a empreender?

A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais – e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura
Liderança, Marketing e vendas
22 de julho de 2025
Em um mercado saturado de soluções, o que diferencia é a história que você conta - e vive. Quando marcas e líderes investem em narrativas genuínas, construídas com propósito e coerência, não só geram valor: criam conexões reais. E nesse jogo, reputação vale mais que visibilidade.

Anna Luísa Beserra

5 minutos min de leitura
Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura
User Experience, UX
Na era da indústria 5.0, priorizar as necessidades das pessoas aos objetivos do negócio ganha ainda mais relevância

GEP Worldwide - Manoella Oliveira

9 min de leitura
Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
Esse fio tem a ver com a combinação de ciências e humanidades, que aumenta nossa capacidade de compreender o mundo e de resolver os grandes desafios que ele nos impõe

CESAR - Eduardo Peixoto

6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.

Rafael Ferrari

12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura