Gestão de Pessoas

O tripé do novo recrutamento

People analytics, ciência e a psicologia organizacional: entenda como o perfil cultural e os dados dos candidatos irão ajudar o RH a tomar as melhores decisões nos processos de recrutamento e seleção
É diretor de marketing da Kenoby, software para gestão do recrutamento e seleção, que utiliza a ciência da psicologia organizacional para conectar os talentos às empresas e construir igualdade de oportunidades de empregos.

Compartilhar:

O caminho que algumas empresas estão trilhando para abraçar o futuro, começa a ser mais nítido. A transformação digital e cultural passou a fazer parte da rotina do RH, que teve a coragem de abandonar antigas formas de recrutamento. Para esse caminho ser consolidado, é necessária uma mudança de mentalidade, ao passo que motivados por uma visão ampla e menos enviesada.

Os times de recrutamento já entenderam que vivem o futuro, e estão “abrindo mão” de alguns pré-requisitos na escolha de candidatos. Num passado não muito distante, e de certa forma ainda atual, diversas exigências eram estabelecidas para a contratação, como o domínio do inglês, faculdades de primeira linha, certificações e experiências. Esses, entre muitos outros fatores, barram grande parte da população aos processos seletivos.

Pouco a pouco, esses profissionais de RH têm percebido, graças aos novos métodos de recrutamento, que avaliar um talento somente pelo seu currículo, ignorando seu perfil cultural e comportamental, pode eliminar muitas pessoas com potencial.

Além da exclusão, o recrutamento à moda antiga, digamos assim, afeta diretamente os índices e planos de ampliação de diversidade, como por exemplo, para jovens pretos, pessoas trans, pessoas PCD, e muitas outras. O Brasil é um país desigual, economicamente e de oportunidades, e precisamos falar sobre isso para que essa realidade seja transformada de maneira justa.

## Recrutamento científico, tecnológico e cultural

Paralelamente, muito se discute sobre o uso da tecnologia no R&S, e a importância de tê-la como aliada do RH, e não como uma inteligência programada, excluindo a humanização. No mesmo ritmo em que a área se torna cada vez mais estratégica e ágil para as empresas, as contratações de novos talentos exigem, em mesma escala, a utilização de métodos inteligentes e com embasamento científico.

O mapeamento cultural, por exemplo, é uma excelente ferramenta para ajudar as empresas na busca de profissionais com estilo de trabalho semelhante aos delas. Isso proporciona um aumento do sucesso nas contratações e valoriza profissionais que combinam culturalmente com as contratantes.

O “futuro” sempre parece muito distante, mas esse é o RH do futuro, e as empresas que não acompanharem essa transformação, tanto tecnológica quanto cultural, estarão em constante retrocesso. Com os recentes desafios que a pandemia impõe, fica nítido o quanto a digitalização tem ajudado nas contratações à distância. A tecnologia é essencial nas relações, e vital para o sucesso do recrutamento e seleção, sendo possível contratar talentos em todo País. Ou seja, a barreira geográfica já foi superada.

## Contratação à base de dados

Uma pesquisa realizada pela Kenoby, em janeiro deste ano, com analistas de RH, coordenadores gerentes, diretores, business partners, presidentes, CEOs, sócios, entre outros cargos, mostrou que a maioria das empresas, no Brasil, pretende investir em tecnologias para tornar o RH mais estratégico.

O levantamento mostrou que 38,8%, ainda analisam a possibilidade, 15% disseram não ser uma prioridade e 45% apontaram já ter um planejamento para isso acontecer. A pesquisa revelou, ainda, o quão tecnológico ou automatizado já é o RH. Cerca de 59% dos respondentes disseram ser “mais ou menos tecnológicos e/ou automatizados”, 20% afirmaram não ser nem um nem outro e apenas 19% disseram ser totalmente tecnológicos.

Observando o movimento do mercado, o recrutamento será cada vez mais baseado em dados e, principalmente, nas habilidades individuais de cada candidato, relacionando capacidades pessoais às necessidades empresariais. Unindo perfis que tenham uma cultura mais próxima das empresas, cria-se conexões, deixa-se de lado pré-julgamentos, os vieses inconscientes, características físicas ou técnicas no currículo para possibilitar novas contratações.

Quando o processo seletivo é baseado em estudo e metodologias ágeis e não somente em currículo, dinâmicas, ou recomendações de profissionais, a pessoa candidata já tem um ganho, pois ela será avaliada por outros critérios, dessa vez, com reais embasamentos. A transformação digital permitiu essas novas formas de recrutar e, por isso, o currículo deixa de ser fator essencial e é tão somente complementar ao processo.

Utilizar as avaliações culturais, comportamentais e técnicas, e não apenas considerar faculdades ou experiências anteriores, reflete em possibilidades abertas para todas as pessoas, e não só para as que preenchem um tal requisito, maioritariamente, feito por uma pequena parcela social. Isso é contratar e recrutar sem viés, e os benefícios são claros: mais diversidade, melhores resultados e menos turnover. Um recrutamento que é baseado no processo científico e humano, capaz de fazer o match perfeito entre empresa, vaga e talento, além de trazer precisão aos processos, valoriza o potencial individual.

O foco sai do currículo e vai para a pessoa, com suas análises de fit cultural, fit técnico e soft skills do futuro. O RH agora tem agora dados valiosos nas mãos (people analytics), que ajudam a tomar decisões mais precisas. É um sinalizador de caminho de onde e para onde o RH está indo e pode chegar. Esse é o movimento, e o futuro já chegou.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Os sete desafios das equipes inclusivas

Inclusão não acontece com ações pontuais nem apenas com RH preparado. Sem letramento coletivo e combate ao capacitismo em todos os níveis, empresas seguem excluindo – mesmo acreditando que estão incluindo.

Reaprender virou a palavra da vez

Reaprender não é um luxo – é sobrevivência. Em um mundo que muda mais rápido do que nossas certezas, quem não reorganiza seus próprios circuitos mentais fica preso ao passado. A neurociência explica por que essa habilidade é a verdadeira vantagem competitiva do futuro.

Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia
10 de outubro de 2025
Com mais de um século de história, a Drogaria Araujo mostra que longevidade empresarial se constrói com visão estratégica, cultura forte e design como motor de inovação.

Rodrigo Magnago

6 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
9 de outubro de 2025
Em tempos de alta performance e tecnologia, o verdadeiro diferencial está na empatia: um ativo invisível que transforma vínculos em resultados.

Laís Macedo, Presidente do Future is Now

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Bem-estar & saúde, Finanças
8 de outubro de 2025
Aos 40, a estabilidade virou exceção - mas também pode ser o início de um novo roteiro, mais consciente, humano e possível.

Lisia Prado, sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
7 de outubro de 2025
O trabalho flexível deixou de ser tendência - é uma estratégia de RH para atrair talentos, fortalecer a cultura e impulsionar o desempenho em um mundo que já mudou.

Natalia Ubilla, Diretora de RH no iFood Pago e iFood Benefícios

7 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de outubro de 2025
Como a evolução regulatória pode redefinir a gestão de pessoas no Brasil

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

4 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
3 de outubro de 2025
Ser CEO é mais que ocupar o topo - para mulheres, é desafiar estereótipos e transformar a liderança em espaço de pertencimento e impacto.

Giovana Pacini, Country Manager da Merz Aesthetics® Brasil

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
3 de outubro de 2025
A IA está redefinindo o trabalho - e cabe ao RH liderar a jornada que equilibra eficiência tecnológica com desenvolvimento humano e cultura organizacional.

Michelle Cascardo, Latam Sr Sales Manager na Deel

5 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
2 de outubro de 2025
Na indústria automotiva, a IA Generativa não é mais tendência - é o motor da próxima revolução em eficiência, personalização e experiência do cliente.

Lorena França - Hub Mobilidade do Learning Village

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

Chico Araújo - Diretor-executivo do Instituto Inteligência Artificial de Verdade - IAV e Cofundador do The Long Game

10 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
1º de outubro de 2025
No mundo pós-IA, profissionais 50+ são mais que relevantes - são pontes vivas entre gerações, capazes de transformar conhecimento em vantagem competitiva.

Cris Sabbag - COO da Talento Sênior

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança