Diversidade

Reservado para a cadeira feminina

As recentes eleições para a renovação das presidências da Câmara e Senado mostraram a necessidade de reforçarmos o papel feminino em espaços políticos
Elisa Rosenthal é a diretora presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário. LinkedIn Top Voices, TEDx Speaker, produz e apresenta o podcast Vieses Femininos. Autora de Proprietárias: A ascensão da liderança feminina no setor imobiliário.

Compartilhar:

Considerada favorita, Simone Tebet (MDB-MS), que concorreu à presidência do Senado Federal, perdeu para o atual presidente eleito Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Ainda em fevereiro, a bancada feminina da Casa levou uma reivindicação ao novo presidente com o [pedido de uma cadeira feminina](https://www.revistahsm.com.br/post/mulheres-jamais-pecam-permissao) nas reuniões de líderes. As mulheres representam 15% do Senado, com 12 parlamentares.

Quando olhamos para a representatividade em conselhos de empresas, uma pesquisa de 2020 da Spencer Stuart, o Board Index 2020, mostra que apenas 11,5% das posições em conselhos das empresas abertas brasileiras são ocupadas por mulheres. Se considerarmos apenas titulares (e não suplentes) a fatia de presença feminina cai para 9,3%.

Quando entrevistei a presidente do Instituto Liberta (e filha do ex-presidente da República), Luciana Temer, para o meu podcast Vieses Femininos ([episódio 58](http://elisatawil.com.br/58-liberta-equidade-sororidade-com-luciana-temer/)), ela reforçou a importância de fazermos política. 

“É participar de decisões”, afirmou. “Fazer política é viver na sociedade. Ninguém vive fora da política (…) em sentido amplo, é a ordem das coisas na sociedade (…) é como é que você vive em comunidade”, acrescentou Luciana Temer.

## Redefinir a política: a tomada de decisão feminina

Para falar sobre o papel da mulher na política é preciso ressignificar o que é política e como a praticamos no dia a dia.

Substantivo feminino, uma palavra que representa a orientação de métodos e práticas da arte de governar, também rege os princípios e opiniões. Ainda pelo sentido figurado, refere-se a “astúcia a fim de se obter algo”, segundo definição do Dicionário Michaelis.

Enquanto a presença feminina nas mesas de decisões ainda necessita de um requerimento, quase que uma permissão para existir (como a reivindicação da bancada feminina do Senado) e não uma premissa, [precisaremos falar sobre o tema](https://www.revistahsm.com.br/post/o-mundo-precisa-de-uma-sacudida).

## ESG e indicadores de pontuação

Uma força aliada que recebemos no contexto atual vem da sigla ESG, amplamente abordada pela edição 143 da Revista HSM. O termo, que vem do inglês Environmental, Social, and Governance (Governança socioambiental), está carregado de significados e atitudes que serão sentidos não só no dia a dia corporativo, como no fluxo de caixa, na reputação das empresas e na representatividade feminina em espaços de decisões.

Em um anúncio feito pela principal empresa de dados para o mercado financeiro, a Bloomberg, o seu mais recente índice de [igualdade de gênero](https://www.revistahsm.com.br/post/mulheres-na-lideranca-qual-a-evolucao-das-premiadas-ouro-e-prata-no-weps), o Gender Equality Index (GEI), segue as movimentações do mercado por transparência de informações relacionadas à governança socioambiental, quem não se adaptar será substituído.

Por exemplo, para uma empresa pontuar no GEI, os fatores avaliados seguem critérios como o compromisso em atrair, reter e desenvolver mulheres para posições de liderança, a igualdade de remuneração e paridade salarial de gênero, [políticas de assédio sexual](about:blank) e posicionamento de marca pró-mulheres.

Como os exemplos trazidos aqui, da requisição da participação feminina nas reuniões de liderança do Senado, e o indicador de pontuação do mercado financeiro, precisamos reservar o espaço da cadeira feminina. 

Quando esse lugar – que não só físico, mas também simbólico, ou seja, representativo e cultural –  existir, e persistir, será ocupado pelas tantas [mulheres que estão à frente dos movimentos e entidades](https://www.revistahsm.com.br/post/a-nova-era-do-empreendedorismo) que representam nossa participação nas decisões e no exercício da política.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Inteligência artificial e gestão, Estratégia e Execução, Transformação Digital, Gestão de pessoas
29 de julho de 2025
Adotar IA deixou de ser uma aposta e se tornou urgência competitiva - mas transformar intenção em prática exige bem mais do que ambição.

Vitor Maciel

3 minutos min de leitura
Carreira, Aprendizado, Desenvolvimento pessoal, Lifelong learning, Pessoas, Sociedade
27 de julho de 2025
"Tudo parecia perfeito… até que deixou de ser."

Lilian Cruz

5 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
28 de julho de 2025
A ascensão dos conselheiros de IA levanta uma pergunta incômoda: quem de fato está tomando as decisões?

Marcelo Murilo

8 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Liderança
25 de julho de 2025
Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Bruno Padredi

2 minutos min de leitura
Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura
Liderança, Marketing e vendas
22 de julho de 2025
Em um mercado saturado de soluções, o que diferencia é a história que você conta - e vive. Quando marcas e líderes investem em narrativas genuínas, construídas com propósito e coerência, não só geram valor: criam conexões reais. E nesse jogo, reputação vale mais que visibilidade.

Anna Luísa Beserra

5 minutos min de leitura
Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura
User Experience, UX
Na era da indústria 5.0, priorizar as necessidades das pessoas aos objetivos do negócio ganha ainda mais relevância

GEP Worldwide - Manoella Oliveira

9 min de leitura