Uncategorized

CEOs bilíngues em gênero

Pesquisas apontam que o engajamento da alta liderança é essencial para “fechar a boca do jacaré” do gráfico que compara carreiras de homens e mulheres
É diretora de produtos e sócia da consultoria de diversidade de gênero ImpulsoBeta.

Compartilhar:

Em 2011, apenas 12% dos CEOs globais afirmaram que a retenção de talentos femininos seria um importante desafio para os negócios nos três anos seguintes. Em 2015, esse número mudou para 64%, segundo pesquisa da PwC. Eles ainda disseram já ter uma estratégia traçada para aumentar a diversidade de gênero em sua organização nos 12 meses posteriores à pesquisa. A tendência dos CEOs de promover diversidade de gênero vem acompanhada de uma mudança de estratégia de que esse não é mais assunto só de recursos humanos, e sim uma responsabilidade de líderes e gestores.

Ainda é o começo de uma jornada, mas a nova postura é promissora para acelerar a igualdade de gênero nas empresas. O gatilho para disparar esse processo são os resultados positivos das empresas que investiram em diversidade de gênero nos últimos anos. Múltiplos estudos apontam que maior número de mulheres nas posições de liderança significa maior lucro, maior inovação, menores riscos e até maior responsabilidade social corporativa.

Agora, a pergunta de 1 milhão de dólares é: como fazer isso acontecer? As primeiras empresas começaram investindo em capacitação de mulheres. Cursos de liderança feminina eram vistos como a receita mágica para fechar a “boca do jacaré”, como é conhecido o gráfico que compara carreiras de homens e mulheres. Elas são em maior número no início do pipeline e minguam no topo da hierarquia; com eles ocorre o oposto. No Brasil, as mulheres representam 60% dos universitários e mais de 50% dos profissionais que entram no mercado, mas elas são só 8% dos conselheiros nas mais de 800 companhias de capital aberto analisadas em pesquisa da FGV liderada pela professora Lígia Pinto – o mesmo percentual desde 2002, sem alteração, apesar dos investimentos em diversidade.

Por isso, as organizações estão se dando conta de que ações isoladas voltadas para mulheres não vão gerar o resultado esperado. O que pode realmente fazer diferença? Recentemente, uma pesquisa da consultoria BCG com mais de 200 mil entrevistados ao redor do mundo deixou claro o caminho. O levantamento mostrou que as mulheres começam sua carreira com tanta ambição quanto os homens, mas veem, com o passar do tempo, seus níveis de ambição variarem de acordo com a empresa. Segundo a pesquisa, a maior razão da queda de ambição de liderança das mulheres é a cultura enviesada das organizações, não seu status familiar. Nas empresas vistas como menos diversificadas, as mulheres têm uma ambição 17 pontos percentuais inferior à dos homens. Por outro lado, naquelas percebidas como inclusivas, a ambição delas não difere da deles.

A boa notícia é que a cultura inclusiva está totalmente dentro do controle dos CEOs. Como testemunha Rachel Maia, CEO da Pandora, a liderança comprometida com a igualdade de oportunidades foi o que mais fez diferença nas empresas pelas quais ela passou (e conseguiu chegar a CEO). “Se a liderança estiver comprometida, ela cria a cultura e a coisa avança”, diz Rachel. A pesquisadora inglesa Avivah Wittenberg-Cox foi além, lançando o conceito de “líderes bilíngues em gênero”, ou seja, líderes que desenvolvem um tipo de competência gerencial que permite entender as diferenças entre homens e mulheres. Está lançado o desafio.

Compartilhar:

Artigos relacionados

O que move as mulheres da Geração Z a empreender?

A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais – e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

O fim dos chatbots? O próximo passo no futuro conversacional 

O futuro chegou – e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Como o fetiche geracional domina a agenda dos relatórios de tendência

Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas – como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas – e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Processo seletivo é a porta de entrada da inclusão

Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas – e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas, Liderança, Marketing
5 de agosto de 2025
No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real - e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Cristiano Zanetta

6 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Estratégia e Execução, Transformação Digital, Gestão de pessoas
29 de julho de 2025
Adotar IA deixou de ser uma aposta e se tornou urgência competitiva - mas transformar intenção em prática exige bem mais do que ambição.

Vitor Maciel

3 minutos min de leitura
Carreira, Aprendizado, Desenvolvimento pessoal, Lifelong learning, Pessoas, Sociedade
27 de julho de 2025
"Tudo parecia perfeito… até que deixou de ser."

Lilian Cruz

5 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
28 de julho de 2025
A ascensão dos conselheiros de IA levanta uma pergunta incômoda: quem de fato está tomando as decisões?

Marcelo Murilo

8 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Liderança
25 de julho de 2025
Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Bruno Padredi

2 minutos min de leitura
Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura
Liderança, Marketing e vendas
22 de julho de 2025
Em um mercado saturado de soluções, o que diferencia é a história que você conta - e vive. Quando marcas e líderes investem em narrativas genuínas, construídas com propósito e coerência, não só geram valor: criam conexões reais. E nesse jogo, reputação vale mais que visibilidade.

Anna Luísa Beserra

5 minutos min de leitura
Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura