Uncategorized

Má utilização de recursos em TI impacta índice de inovação do Brasil

Nada melhor do que uma obra inacabada para evidenciar como a gestão de recursos do governo poderia ser mais eficiente. Problemas no gerenciamento de recursos também são uma parte da resposta para entender por que, apesar de gastar muito com tecnologia, as organizações brasileiras, tanto na esfera pública quanto privada, estão ficando para trás quando o assunto é capacidade de inovar.
GVP e Gerente Geral da Rimini Street América Latina

Compartilhar:

O Brasil ocupa atualmente a oitava posição entre as maiores economias do mundo, com um PIB de R$ 7,3 trilhões em 2019, de acordo com o [IBGE](https://sgndr.live/click?redirect=https%3A%2F%2Fwww.ibge.gov.br%2Fexplica%2Fpib.php&dID=1592507141464&linkName=%20IBGE). 

Em relação aos investimentos em TI, o país ocupa posição similar, no 9º lugar no ranking mundial de investimentos no setor, de acordo com dados da ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software) e do IDC. Considerando o que foi gasto em TI com software, hardware e serviços, o Brasil registrou, em 2018, o valor de US$ 47 bilhões. 

Ou seja, analisando-se rankings globais, há uma correlação entre o tamanho de nossa economia e nossos gastos com tecnologia.  

Já quando se fala em inovação, a situação começa a se mostrar preocupante. Em 2019, o Brasil caiu duas posições no Índice Global de Inovação (IGI), passando a ocupar o 66º posto, entre 129 países, de acordo com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). 

O resultado disso é muito claro: quando o assunto é tecnologia, estamos investindo mal. Mas o que, afinal, está levando as organizações brasileiras, tanto na esfera pública quanto privada, a não aproveitarem seu potencial para inovar mais? 

Uma série de fatores levaram a essa situação, um deles é o alto investimento que se fez nas últimas décadas em softwares de gestão e tecnologias de bancos de dados que fossem sólidos, estáveis e confiáveis para aguentar altos volumes de transações. 

Esses investimentos foram necessários no passado para dar segurança aos negócios, porém, ao longo dos anos, foram se acumulando altos custos com manutenção e atualização, o que drenou recursos em demasia e impediu as empresas de direcionarem aportes para a inovação. 

O que acontece na prática é que os grandes fabricantes de TI se aproveitam de um histórico de práticas monopolistas em seus serviços de suporte a seus produtos, nos quais eles têm 90% de margem. 

Funciona assim: para cada 10 dólares que o cliente paga pelo suporte, o fabricante gasta apenas um dólar como serviço devolvido ao cliente. Logo, as empresas estão se dando conta de que o modelo de suporte e manutenção dos fabricantes está pouco adaptado às novas necessidades do mercado. 

Sair dessa condição imposta pelos fabricantes é crucial para que as empresas possam retomar o controle de seus investimentos e, então, direcionar recursos para inovar e obter vantagem competitiva para os negócios.

E os analistas do setor concordam. De acordo com o Gartner, (“CEO Top Business Priorities for 2018 and 2019”), as empresas estão gastando demais, em torno de 90%, com suporte, operações e melhorias contínuas, e recebendo em troca benefícios limitados dos fabricantes de TI. 

Os custos operacionais e de manutenção consomem a maior parte dos orçamentos de TI, o que os deixa com apenas 10% disponíveis para iniciativas de transformação dos negócios nas companhias. 

Novas lideranças estão mudando drasticamente modelos que impedem a inovação
—————————————————————————

Para quebrar esses modelos ultrapassados é necessário que as empresas tenham lideranças com conhecimento, ousadas e corajosas. Está chegando ao comando das organizações uma nova geração de líderes que questionam práticas estabelecidas e buscam alternativas de parcerias mais vantajosas no mercado, sem se sentirem presos ao fabricante A ou B por conta do nome ou do status que aquela marca representa. 

Isso felizmente já está acontecendo e impactando os grandes fabricantes de Tecnologia, que como vimos anteriormente, drenam um dinheiro valioso que as empresas poderiam usar para inovar e promover a transformação dos seus negócios. 

E pior: além de os clientes pagarem muito por suporte e manutenção, muitos deles consideram que o serviço oferecido por esses grandes fabricantes muitas vezes é ineficiente e de baixa qualidade, consumindo horas preciosas dos colaboradores para resolverem problemas, em vez de se dedicarem a tarefas mais estratégicas. 

Saia de contratos de adesão – liberte sua empresa
————————————————-

Essa é uma dica valiosa quando se fala de provedores de suporte. O contrato de adesão é uma espécie de contrato celebrado entre duas partes, em que os direitos, deveres e condições são estabelecidos pelo proponente, sem que o aderente possa discutir ou modificar seu conteúdo ou que tem esse poder de forma bastante limitada. 

Contratos unilaterais deste tipo são comuns no mercado de Tecnologia e muito praticados por grandes fabricantes. Logo, as empresas devem procurar parceiros com contratos bilaterais, com o apoio de advogados especialistas em propriedade intelectual, que poderão orientar sobre como aderir a novas parcerias com fornecedores de TI que sejam mais flexíveis. 

Foi-se o tempo em que não havia alternativas no mercado e os clientes viam-se praticamente obrigados a seguir as imposições dos fabricantes sem poder de barganha. Hoje em dia não há mais espaço para práticas monopolistas que não têm o cliente no centro de suas decisões. Se esse é o seu caso, procure já parceiros independentes, sem que haja conflito de interesse entre o cliente e o fabricante.

Saída é suporte independente 
—————————–

Para dar uma guinada nessa situação e conseguir reduzir custo drástica e imediatamente, procure provedores de suporte independente. Em seu relatório [“Gartner Research Report − Predicts 2020”](https://sgndr.live/click?redirect=https%3A%2F%2Fwww.riministreet.com%2Fgartner-report-reduce-legacy-software-costs-to-drive-innovation%3Futm_source%3Dpressrelease%26utm_campaign%3Dpr_gartner_predicts&dID=1592507141464&linkName=%E2%80%9CGartner%20Research%20Report%20%E2%88%92%20Predicts%202020%E2%80%9D), o instituto faz recomendações claras para que as empresas considerem fornecedores de suporte independente em alternativa ao suporte do fabricante de software, a fim de estender a vida e manter o alto desempenho do parque já existente, otimizando os investimentos feitos no passado e podendo financiar a inovação futura. 

No mesmo estudo, o Gartner aponta que o mercado de suporte independente vai passar de US$ 351 milhões em 2019 para US$ 1,05 bilhão até 2023, um aumento de 200%, indicando o claro potencial para novas alternativas de serviços de suporte à TI. 

Outro ponto importante a ser considerado nesse cenário é que algumas empresas enxergam que o futuro da TI é open source. Acontece que existe um tempo de migração e nem todo o parque poderá ser migrado, pois há versões muito antigas que  os fabricantes de software optam por não mais prover suporte completo. 

Com o suporte independente isso não é um problema, pois diferentemente do fabricante, fornecedores independentes não têm restrição a prestar serviços de manutenção a versões antigas de sistemas e tecnologias, e com a vantagem de custos bem mais vantajosos – no mínimo 50% a menos, de acordo com o Gartner. Em resumo, consegue-se obter economias significativas para investir na transformação do negócio.

Lembre-se de que sair do status quo, ousar e implementar mudanças exige coragem, mas é só assim que se consegue sair do lugar-comum e de fato inovar e aproveitar dessa nova onda de prosperidade tecnológica. Mudança é palavra de ordem!

Compartilhar:

Artigos relacionados

ESG, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
3 de setembro de 2025
O plástico nasceu como símbolo do progresso - hoje, desafia o futuro do planeta. Entenda como uma invenção de 1907 moldou a sociedade moderna e se tornou um dos maiores dilemas ambientais da nossa era.

Anna Luísa Beserra - CEO da SDW

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Empreendedorismo, Tecnologia & inteligencia artificial
2 de setembro de 2025
Como transformar ciência em inovação? O Brasil produz muito conhecimento, mas ainda engatinha na conversão em soluções de mercado. Deep techs podem ser a ponte - e o caminho já começou.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação

5 minutos min de leitura
Liderança, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
1 de setembro de 2025
Imersão de mais de 10 horas em São Paulo oferece conteúdo de alto nível, mentorias com especialistas, oportunidades de networking qualificado e ferramentas práticas para aplicação imediata para mulheres, acelerando oportunidades para um novo paradigma econômico

Redação HSM Management

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
1 de setembro de 2025
Na era da creator economy, influência não é mais sobre alcance - é sobre confiança. Você já se deu conta como os influenciadores se tornaram ativos estratégicos no marketing contemporâneo? Eles conectam dados, propósito e performance. Em um cenário cada vez mais automatizado, é a autenticidade que converte.

Salomão Araújo - VP Comercial da Rakuten Advertising no Brasil

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Liderança
29 de agosto de 2025
Estamos entrando na temporada dos planos estratégicos - mas será que o que chamamos de “estratégia” não é só mais uma embalagem bonita para táticas antigas? Entenda o risco do "strategy washing" e por que repensar a forma como construímos estratégia é essencial para navegar futuros possíveis com mais consciência e adaptabilidade.

Lilian Cruz, Cofundadora da Ambidestra

4 minutos min de leitura
Empreendedorismo, Inovação & estratégia
28 de agosto de 2025
Startups lideradas por mulheres estão mostrando que inovação não precisa ser complexa - precisa ser relevante. Já se perguntou: por que escutar as necessidades reais do mercado é o primeiro passo para empreender com impacto?

Ana Fontes - Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Tecnologia & inteligencia artificial
26 de agosto de 2025
Em um universo do trabalho regido pela tecnologia de ponta, gestores e colaboradores vão obrigatoriamente colocar na dianteira das avaliações as habilidades humanas, uma vez que as tarefas técnicas estarão cada vez mais automatizadas; portanto, comunicação, criatividade, pensamento crítico, persuasão, escuta ativa e curiosidade são exemplos desse rol de conceitos considerados essenciais nesse início de século.

Ivan Cruz, cofundador da Mereo, HR Tech

4 minutos min de leitura
Inovação
25 de agosto de 2025
A importância de entender como o design estratégico, apoiado por políticas públicas e gestão moderna, impulsiona o valor real das empresas e a competitividade de nações como China e Brasil.

Rodrigo Magnago

9 min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
25 de agosto de 2025
Assédio é sintoma. Cultura é causa. Como ambientes de trabalho ainda normalizam comportamentos abusivos - e por que RHs, líderes e áreas jurídicas precisam deixar a neutralidade de lado e assumir o papel de agentes de transformação. Respeito não pode ser negociável!

Viviane Gago, Facilitadora em desenvolvimento humano

5 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia, Inovação & estratégia, Tecnologia e inovação
22 de agosto de 2025
Em tempos de alta complexidade, líderes precisam de mais do que planos lineares - precisam de mapas adaptativos. Conheça o framework AIMS, ferramenta prática para navegar ambientes incertos e promover mudanças sustentáveis sem sufocar a emergência dos sistemas humanos.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

8 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)