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O futuro já mudou o modelo de gestão

Complexidade e ambiguidade serão os fatores de maior impacto nos negócios nos próximos dez anos. Você vai ter que gerenciar de outro jeito
CEO da Inova Consulting e da Inova Business School, professor da FIA-USP e do Isvouga, de Portugal, e escreveu 20 livros técnicos sobre marketing, comunicação, tendências e inovação.

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O futuro chegou. E daí? Daí que precisamos aceitar esse fato.
Essa frase tem sido repetida à exaustão em diferentes realidades, mas não há dúvida de que o momento atual facilita enxergar sua relevância. Senão vejamos: esta já é a terceira década do século. E se a primeira década não nos deixou muitos aprendizados, o mesmo não se pode dizer da segunda (2011-2020), cujo legado inclui smartphones, a quarta revolução industrial e a infelizmente famosa Covid-19. São três fenômenos, mas todos os três iniciaram uma transformação que tem tudo para se estabelecer e se fortalecer na terceira década. E isso nos leva à absoluta necessidade de pensar o futuro, pela lente do presente, de maneira pragmática, e entendendo seus impactos nas empresas e nos modelos de gestão.

A gestão de empresas ainda é condicionada pelos princípios da administração da segunda revolução industrial, como produção em massa, divisão de tarefas, uso da energia elétrica etc. Desde a virada do século 19 para o 20, o funcionamento das empresas não sofreu alterações significativas.

Isso significa que, durante dois séculos, a gestão ficou inalterada, baseada na hierarquia de decisões e de funções, com elevado foco na cadeia de valor e atenção máxima ao produto, numa clara visão construída “de dentro para fora”.
Apesar das mudanças iniciadas na década passada, que nos brindaram com a chamada transformação digital, as empresas têm resistido bravamente a alterar seu modo de atuar e de pensar. Modelos mentais enraizados no passado e crenças culturais superadas têm bloqueado a evolução dos negócios, condenando-os mundo afora.

Porém, estou convencido de que tal resistência está perto do fim. Assistiremos, nos próximos anos, a mudanças decisivas dos modelos de gestão, como reação a duas grandes revoluções e a dois desafios significativos. As revoluções são a tecnológica (resultante da evolução exponencial de machine learning, inteligência artificial e conectividade permanente) e a biológica (baseada nos avanços em biologia e neurociência). Os desafios, saber gerir a complexidade e a ambiguidade (o fator de maior impacto na forma como trabalharemos nos próximos 10 anos) e o encurtamento dos ciclos de aprendizagem, que ficam cada vez mais importantes para a sobrevivência dos negócios e o sucesso profissional, e conferem maior importância à gestão da informação.

## Quatro eixos estratégicos
Não chegaremos a 2030 sem um novo modelo de gestão dominante. Ele vem emergindo há algum tempo e tem quatro novos eixos estratégicos:

– __Pessoas:__ líderes presentes orientam e acompanham de perto o desenvolvimento e a performance de seus liderados; colaboradores com elevada capacidade de adaptação ao novo se reinventam rapidamente.
– __Tecnologias:__ soluções tecnológicas se alinham às necessidades de negócios, mercados e clientes. Destacam-se internet de todas as coisas (IoE, na sigla em inglês), que significa tudo conectado o tempo inteiro; tudo como serviço (ou EaaS, entendido como elevada disponibilidade de soluções por assinatura); conectividade, mobile e digitalização para facilitar acesso e compartilhamento; e dinamismo na velocidade da quarta revolução industrial.
– __Informação e dados:__ gestão da informação e dos dados viram o maior ativo dos negócios; há atualização constante dos níveis de informação sobre a cadeia de valor para atuação em tempo real; diversificam-se as fontes de informação para maior robustez do conhecimento.
– __Plataforma/ecossistema:__ ecossistemas de gestão integrada são construídos para melhor entrega e diferenciação no mercado; adotam-se sistemas ajustáveis ao contexto dos clientes e aos demais players; integram-se as funções em busca de um sistema empresarial com o mínimo possível de silos (ele é de fora para dentro); montam-se plataformas capazes de incorporar pessoas e tecnologias que automatizam os processos.

A transição da gestão de dentro para fora para um modelo de fora para dentro não será fácil. Vai requerer de todas as empresas uma jornada de transformação profunda e abrangente, em que praticamente todas as regras e formas de atuar precisarão ser redefinidas. Possivelmente sentiremos vontade de voltar ao passado e uma tensão em relação ao futuro que emerge. Mas não nos enganemos. Esse futuro já chegou.

![Imagens Prancheta 1 cópia 38](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/00rPwU7fCK0OZw5fOIgJb/ecd3c09b60434fd3e4cf168a47ab3d62/Imagens_Prancheta_1_c__pia_38.png)

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