Assunto pessoal

O remédio está em você

Os hormônios da felicidade, produzidos de maneira natural na “farmácia da mente”, podem ser acionados todos os dias para ajudar a enfrentar a montanha-russa da vida
Fernanda Bornhausen é psicóloga, empresária, conselheira de empresas e cofundadora do Social Good Brasil.

Compartilhar:

Em 2018, passei por um momento de forte estresse. Precisei buscar tratamento para o desequilíbrio causado pelo aumento expressivo do cortisol decorrente do problema que estava enfrentando, e decidi me submeter a um tratamento integral, muito além dos remédios paliativos. Isso me trouxe a vontade de entender melhor o bem-estar que substâncias produzidas pelo nosso próprio corpo podem proporcionar, de maneira natural e gratuita, se as ativarmos diariamente em nossa rotina. Então, fui estudar.

Eu já me interessava pelo assunto desde 2013, quando completei 50 anos e passei a adotar hábitos de vida mais saudáveis para enfrentar as subidas e as descidas da montanha-russa da vida. Foi nessa época que comecei a compreender como funciona o que chamei de SEDO – os hormônios da felicidade. Criei a sigla para memorizar os nomes: serotonina, endorfina, dopamina e oxitocina.

Os chamados hormônios da felicidade são neurotransmissores capazes de gerar sensações como alegria, recompensa e bem-estar. Todos eles são produzidos pelo próprio corpo e liberados em situações específicas (veja ao lado).

## Hormônios de prateleira
Nas prateleiras da farmácia da mente, você encontra uma série de produtos – mas esses quatro hormônios são realmente fundamentais para o nosso bem-estar. A serotonina é produzida principalmente no intestino, e ajuda a equilibrar o humor, a regular o apetite e o sono, a termos relações sexuais saudáveis, dentre outros benefícios.

A endorfina, por sua vez, é produzida pela hipófise e se espalha por todo o corpo pelo sangue. Sua liberação ocorre na prática de exercícios físicos e em atividades que despertem os sentidos, como ouvir música, apaixonar-se e ter relações sexuais. A ingestão de certos alimentos como pimenta e chocolate amargo também ajuda na liberação de endorfina, conhecida como o “hormônio do prazer”.
A dopamina é produzida no sistema nervoso central e nas suprarrenais. Está envolvida nas emoções, nos processos cognitivos, no controle dos movimentos, na função cardíaca, no aprendizado, na capacidade de atenção e nos movimentos intestinais. Aumenta a libido, promove o aumento da massa muscular, melhora a saúde intestinal, e ajuda a coordenar e controlar movimentos. Também é conhecida por sua participação no ciclo de recompensa, estimulando nosso cérebro a completar tarefas. E é exatamente por causar sensação de prazer que sua liberação é estimulada por algumas drogas viciantes.

A oxitocina é um hormônio produzido no cérebro, que tem papel importante para facilitar o parto e a amamentação. É conhecida como “hormônio do amor”, devido a sua participação na interação social, na diminuição da ansiedade e no aumento da conexão entre parceiros. Como atua nos relacionamentos, ajuda no combate à depressão e à ansiedade, e aumenta o prazer no contato íntimo.

## A farmácia da mente na prática
De acordo com Candace Pert, doutora em farmacologia pela Johns Hopkins University, “cada um de nós tem, ao preço mais econômico, sua própria farmácia de luxo, que produz todos os medicamentos de que precisamos para o bom funcionamento do corpo e da mente”. Essa foi minha inspiração para criar um programa que ajuda as pessoas a ativarem o SEDO da maneira que mais lhes agradar.

No meu caso, optei por inserir na minha rotina a dança, pois ela é três em um (S + E + D) e já está provado em estudos que dançar ainda combate o envelhecimento. Experimente dançar todos os dias por 30 minutos com as músicas que ativam suas boas memórias (S) e a dose do trio está aplicada. Se você conseguir fazer ao ar livre, a dose se intensifica. Se dançar rindo com amigos, a dose se potencializa. Se ainda conseguir completar com outros 30 minutos de exercícios (no meu caso, faço musculação diária em casa), sua dose de D aumenta ainda mais. Na minha agenda diária também estão a meditação e a prática da gratidão: uma combinação certeira de S + O. Também tomo doses diárias de convivência e risos com os amigos, e não economizo afeto com os que amo, em especial com minha família e meus times de trabalho.

Dedico muitas horas semanaisa um trabalho voluntário que tem um propósito transformador massivo no Social Good Brasil, organização que idealizei e da qual sou uma das cofundadoras, o que ativa em alto grau a O, a oxitocina. Amo ler e estudar – hobbies também funcionam como uma dose extra de O.

Para que você possa optar pelas melhores maneiras de inserir a O do SEDO na sua rotina diária, compartilho aqui alguns insights dos estudos do Dr. Paul Zak, do Laboratório de Neurociências na Claremont University, da Califórnia, especialista no estudo dos efeitos da oxitocina:
– ela aumenta a experiência de empatia;
– ativa a dopamina e a serotonina;
– reduz a ansiedade e reforça a importância dos comportamentos sociais.

No fim de dezembro criei o perfil no Instagram @sedo.farmaciadamente para compartilhar, diariamente, dicas, estudos e novidades sobre o SEDO, tanto minhas quanto das pessoas que me acompanham. Meu intuito é o de espalhar conhecimento sobre os benefícios do SEDO e inspirar as pessoas para experimentarem a produção do quarteto de maneira natural todos os dias.

![Imagens Prancheta 1 cópia 19](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/2b0ypBXBz8HYTbrQVLJs4m/6d0b413b32ad8d25f9943ab4d2da64bd/Imagens_Prancheta_1_c__pia_19.png)

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Inovação & estratégia, Liderança
29 de agosto de 2025
Estamos entrando na temporada dos planos estratégicos - mas será que o que chamamos de “estratégia” não é só mais uma embalagem bonita para táticas antigas? Entenda o risco do "strategy washing" e por que repensar a forma como construímos estratégia é essencial para navegar futuros possíveis com mais consciência e adaptabilidade.

Lilian Cruz, Cofundadora da Ambidestra

4 minutos min de leitura
Empreendedorismo, Inovação & estratégia
28 de agosto de 2025
Startups lideradas por mulheres estão mostrando que inovação não precisa ser complexa - precisa ser relevante. Já se perguntou: por que escutar as necessidades reais do mercado é o primeiro passo para empreender com impacto?

Ana Fontes - Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Tecnologia & inteligencia artificial
26 de agosto de 2025
Em um universo do trabalho regido pela tecnologia de ponta, gestores e colaboradores vão obrigatoriamente colocar na dianteira das avaliações as habilidades humanas, uma vez que as tarefas técnicas estarão cada vez mais automatizadas; portanto, comunicação, criatividade, pensamento crítico, persuasão, escuta ativa e curiosidade são exemplos desse rol de conceitos considerados essenciais nesse início de século.

Ivan Cruz, cofundador da Mereo, HR Tech

4 minutos min de leitura
Inovação
25 de agosto de 2025
A importância de entender como o design estratégico, apoiado por políticas públicas e gestão moderna, impulsiona o valor real das empresas e a competitividade de nações como China e Brasil.

Rodrigo Magnago

9 min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
25 de agosto de 2025
Assédio é sintoma. Cultura é causa. Como ambientes de trabalho ainda normalizam comportamentos abusivos - e por que RHs, líderes e áreas jurídicas precisam deixar a neutralidade de lado e assumir o papel de agentes de transformação. Respeito não pode ser negociável!

Viviane Gago, Facilitadora em desenvolvimento humano

5 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia, Inovação & estratégia, Tecnologia e inovação
22 de agosto de 2025
Em tempos de alta complexidade, líderes precisam de mais do que planos lineares - precisam de mapas adaptativos. Conheça o framework AIMS, ferramenta prática para navegar ambientes incertos e promover mudanças sustentáveis sem sufocar a emergência dos sistemas humanos.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

8 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Finanças, Marketing & growth
21 de agosto de 2025
Em tempos de tarifas, volta de impostos e tensão global, marcas que traduzem o cenário com clareza e reforçam sua presença local saem na frente na disputa pela confiança do consumidor.

Carolina Fernandes, CEO do hub Cubo Comunicação e host do podcast A Tecla SAP do Marketês

4 minutos min de leitura
Uncategorized, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
20 de agosto de 2025
A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais - e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

Ana Fontes

4 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital, Cultura organizacional, Inovação & estratégia
18 de agosto de 2025
O futuro chegou - e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Bruno Pedra, Gerente de estratégia de marca na Blip

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de agosto de 2025
Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas - como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas - e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Carol Zatorre, sócia e CO-CEO da Kyvo. Antropóloga e coordenadora regional do Epic Latin America

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)