Uncategorized

Um assunto para a agenda dos líderes

Sem finalidade social, a lei paulista 15.659/15 não “pegou”, mas seus efeitos negativos estão atingindo todas as empresas e agravando a recessão
É presidente da Associação Nacional dos Birôs de Crédito (ANBC) e CEO da Serasa Experian para a América Latina.

Compartilhar:

Ejan Mackaay, autor do livro Análise Econômica do Direito e professor da Université de Montréal, Canadá, afirma que, em qualquer país, o maior desafio do direito é identificar as leis que cumprem sua finalidade social. Na opinião dele, leis que não têm função social invariavelmente fracassam, e os homens públicos precisam saber o que fazer com essa situação. 

Desde setembro do ano passado, o mercado de crédito, os comerciantes e os consumidores têm sido impactados negativamente por uma nova lei paulista, que, apesar da boa intenção, coloca em risco tanto o mercado de crédito como as conquistas sociais recentes. É desnecessário dizer que o crédito tem função social e econômica relevante, pois alimenta toda a cadeia de consumo e produção. No atual momento, ele é fundamental para que empresários e consumidores retomem o fôlego e atravessem a crise econômica. 

Os birôs, que nasceram para proteger o crédito, são chave nesse desafio e garantem a inclusão social e o combate à pobreza. A lei em questão é a 15.659/15, que impõe a substituição da carta simples, com aviso de postagem, usada há mais de 30 anos, pelo modelo com aviso de recebimento (AR) para o devedor e a respectiva assinatura no aviso antes da inclusão do nome na lista de inadimplentes. A lei não “pegou”, como alertou Mackaay. Não tem finalidade social e o custo da mudança é alto – o novo processo é sete vezes mais caro do que a comunicação simples e aumenta a burocracia para empresas e consumidores. 

Com a baixa adesão, em dezembro de 2015, apenas 2% dos inadimplentes foram incluídos nos cadastros de proteção ao crédito. A lei paulista impediu, assim, a negativação de 13 milhões de débitos atrasados, afetando todos os cidadãos. (A ausência de informações atualizadas e fidedignas das empresas de proteção ao crédito acabou contribuindo para a diminuição do volume de empréstimos.) O resultado é que, de setembro a novembro, houve em São Paulo uma redução da ordem de R$ 1,5 bilhão no crédito às famílias. Isso porque, se não tem informação atualizada, o credor não pode prever a probabilidade de o consumidor pagar a dívida e por isso não concederá o crédito. Se o fizer, cobrará juros mais altos. 

A justificativa do projeto de lei seria a de suprir supostas falhas no processo de comunicação das dívidas atrasadas, mas o ranking do Procon-SP de 2014 registrou somente duas reclamações por suposta falta de comunicação dos birôs de crédito no ano inteiro. Nos outros Procons, no Reclame Aqui e no Consumidor.gov.br, as reclamações também são quase inexistentes. Estamos vivendo uma recessão, e a restrição ao crédito só faz agravar o problema. A reabilitação urgente do crédito deve ser um assunto de grande preocupação para qualquer líder de empresa.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o corpo pede pausa e o negócio pede pressa

Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão – e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Inovação e comunidades na presença digital

A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
25 de agosto de 2025
Assédio é sintoma. Cultura é causa. Como ambientes de trabalho ainda normalizam comportamentos abusivos - e por que RHs, líderes e áreas jurídicas precisam deixar a neutralidade de lado e assumir o papel de agentes de transformação. Respeito não pode ser negociável!

Viviane Gago, Facilitadora em desenvolvimento humano

5 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia, Inovação & estratégia, Tecnologia e inovação
22 de agosto de 2025
Em tempos de alta complexidade, líderes precisam de mais do que planos lineares - precisam de mapas adaptativos. Conheça o framework AIMS, ferramenta prática para navegar ambientes incertos e promover mudanças sustentáveis sem sufocar a emergência dos sistemas humanos.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

8 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Finanças, Marketing & growth
21 de agosto de 2025
Em tempos de tarifas, volta de impostos e tensão global, marcas que traduzem o cenário com clareza e reforçam sua presença local saem na frente na disputa pela confiança do consumidor.

Carolina Fernandes, CEO do hub Cubo Comunicação e host do podcast A Tecla SAP do Marketês

4 minutos min de leitura
Uncategorized, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
20 de agosto de 2025
A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais - e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

Ana Fontes

4 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital, Cultura organizacional, Inovação & estratégia
18 de agosto de 2025
O futuro chegou - e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Bruno Pedra, Gerente de estratégia de marca na Blip

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de agosto de 2025
Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas - como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas - e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Carol Zatorre, sócia e CO-CEO da Kyvo. Antropóloga e coordenadora regional do Epic Latin America

4 minutos min de leitura
Liderança, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Como a prática da meditação transformou minha forma de viver e liderar

Por José Augusto Moura, CEO da brsa

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas - e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Por Carolina Ignarra, CEO da Talento Incluir e Larissa Alves, Coordenadora de Empregabilidade da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas, Estratégia
13 de agosto de 2025
Lideranças que ainda tratam o tema como secundário estão perdendo talentos, produtividade e reputação.

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

2 minutos min de leitura
Gestão de Pessoas, Carreira, Desenvolvimento pessoal, Estratégia
12 de agosto de 2025
O novo desenho do trabalho para organizações que buscam sustentabilidade, agilidade e inclusão geracional

Cris Sabbag - Sócia, COO e Principal Research da Talento Sênior

5 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança