ESG
7 min de leitura

Diversidade e futuro: o que os brasileiros pensam sobre essa relação?

Prever o futuro vai além de dados: pesquisa revela que 42% dos brasileiros veem a diversidade de pensamento como chave para antecipar tendências, enquanto 57% comprovam que equipes plurais são mais produtivas. No SXSW 2025, Rohit Bhargava mostrou que o verdadeiro diferencial competitivo está em combinar tecnologia com o que é 'unicamente humano'.
CEO e Partner da Nossa Praia e Chief Sustainability Officer da BPartners.co Conselheira da Universidade São Judas, 99 jobs, Ampro – Associação de Marketing Promocional, APD - Associação Pró Dança e Plan International

Compartilhar:

multiculturalidade

Qual a melhor maneira de prever o futuro? A palestra de Rohit Bhargava, especialista em marketing e fundador da Non-Obvious Company, me chamou a atenção pelo título: “7 segredos não óbvios para entender as pessoas e prever o futuro”. Para mim, sua provocação faz todo o sentido. Afinal, o futuro não é construído apenas por algoritmos e máquinas, mas por escolhas humanas. Entender essas escolhas é o que permite às empresas e às marcas antecipar o futuro com maior precisão.

Para ajudar as pessoas a enxergar o que passa despercebido pela maioria e identificar tendências que podem se transformar em vantagem competitiva, Rohit compartilhou sete dicas, ou “segredos” para entender melhor o comportamento humano. Vamos a eles:

  1. Ser unicamente humano é uma vantagem – A confiança e a conexão humana permanecem insubstituíveis.
  2. A identidade molda as crenças – Compreender a identidade cultural e pessoal é fundamental para prever comportamentos.
  3. Vencedores não são o mesmo que campeões – O verdadeiro impacto vem daqueles que elevam os outros, não apenas daqueles que vencem.
  4. Respostas fáceis e óbvias costumam ser distrações – Ter pensamento crítico ajuda a evitar padrões enganosos.
  5. Pessoas e experiências devem surpreender você – A abertura a perspectivas e pontos de vista diferentes impulsiona a inovação.
  6. O significado surge das interseções – Os melhores insights surgem ao nos abrirmos a diferentes visões e experiências.
  7. A “não descoberta” pode ser mais valiosa que a descoberta – Reavaliar suposições pode levar a ideias revolucionárias.

Quero destacar os três últimos pontos, que reforçam o papel da diversidade na inovação e na capacidade de antecipação do futuro. Foi esse o recorte que eu e minha parceira Lígia Mello, da Hibou, decidimos explorar em pesquisa. Para quem não acompanhou meu último artigo, nossa proposta é repercutir no Brasil os insights e tendências apresentados no SXSW 2025. Para isso, a Hibou realizou um levantamento por meio de painel digital com 1.154 brasileiros, maiores de 18 anos, das classes A, B, C e D, no dia 11 de março. A pesquisa tem uma margem de erro de 2,8%.

Os brasileiros concordam que a diversidade ajuda a antecipar o futuro?

A pesquisa revelou que 42% dos participantes acreditam que a diversidade de pensamentos melhora a capacidade de antecipar tendências. Entre eles, 23% enxergam essa diversidade como essencial para prever o futuro com mais precisão, enquanto 19% concordam, mas ressaltam que é necessário um propósito bem definido para análises mais completas e precisas.  Em contrapartida, 12% dos entrevistados discordam dessa relação, defendendo que previsões eficazes dependem exclusivamente de especialistas na área, e 7% afirmam que o futuro é imprevisível, independentemente de quem o analisa.

Minha experiência profissional, seja como executiva ou empreendedora, sempre comprovou que a diversidade da equipe traz múltiplos olhares para uma questão, o que as capacita a questionar o óbvio e antecipar mudanças, criando um verdadeiro diferencial competitivo para as organizações.

O que impulsiona a inovação, segundo os brasileiros?

A tecnologia aparece como fator central para a inovação, segundo 51% dos entrevistados. Dentro desse universo, 26% apontam novas tecnologias como o principal motor de transformação, enquanto 25% destacam o uso estratégico de dados e a inteligência artificial. A educação e a capacitação para novas habilidades são consideradas as mais importantes por 21% dos participantes, enquanto 19% acreditam que a diversidade de ideias e perspectivas tem um papel relevante na inovação, superando até mesmo os avanços científicos, citados por 18%.

Sempre gosto de enfatizar que a tecnologia é, sim, uma alavanca poderosa para a inovação, mas ela, por si só, não resolve problemas inesperados. Quando combinamos avanços tecnológicos com diversidade de pensamentos temos um potente catalisador de transformações significativas nas empresas.

Diversidade e produtividade caminham juntas?

A relação entre diversidade e produtividade é evidente para a maioria dos entrevistados. Para 57% deles, as equipes mais produtivas em que já trabalharam eram compostas por pessoas com experiências e conhecimentos distintos, reforçando a ideia de que a troca de perspectivas impulsiona melhores resultados. Essa afirmação é fácil de ser percebida, afinal, diante de um desafio, olhar o problema sob diferentes pontos de vista é a melhor maneira para encontrar uma saída “fora da caixa”.

A cultura influencia as crenças?

Quando questionados sobre a influência do ambiente cultural na formação de crenças e comportamentos, 45% dos participantes reconheceram essa relação. Desses, 16% acreditam que essa influência é muito forte, enquanto 29% consideram o ambiente relevante, mas buscam referências externas para formar suas opiniões. Por outro lado, 27% afirmam que experiências pessoais têm um peso maior do que a cultura em que estão inseridos, e 18% não veem qualquer relação entre ambiente cultural e crenças.

Novas culturas mudam opiniões?

Apesar de a maioria dos entrevistados (52%) discordar da ideia de que conhecer uma nova cultura pode mudar sua opinião sobre algo importante, 31% afirmam que suas perspectivas foram ampliadas ao entrar em contato com diferentes visões de mundo.

Esses dois últimos resultados confirmam que a abertura a outros pontos de vista – sejam estes vivências pessoais, acesso a outras culturas ou a conhecimentos distintos – amplia a possibilidade de desenvolvimento de pensamento crítico, uma das habilidades mais valorizadas nos profissionais do futuro.

Os dados da pesquisa reforçam a importância da diversidade para a inovação e a antecipação de tendências, ainda que nem todos os brasileiros reconheçam essa relação de forma direta. Empresas que desejam se preparar para o futuro devem investir não apenas em tecnologia, mas também em um ambiente que estimule o pensamento diverso e a colaboração entre diferentes áreas e perspectivas. E vocês, estão prontos para enxergar além do óbvio e se preparar para o futuro?

Compartilhar:

CEO e Partner da Nossa Praia e Chief Sustainability Officer da BPartners.co Conselheira da Universidade São Judas, 99 jobs, Ampro – Associação de Marketing Promocional, APD - Associação Pró Dança e Plan International

Artigos relacionados

Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Tecnologia & inteligencia artificial
26 de agosto de 2025
Em um universo do trabalho regido pela tecnologia de ponta, gestores e colaboradores vão obrigatoriamente colocar na dianteira das avaliações as habilidades humanas, uma vez que as tarefas técnicas estarão cada vez mais automatizadas; portanto, comunicação, criatividade, pensamento crítico, persuasão, escuta ativa e curiosidade são exemplos desse rol de conceitos considerados essenciais nesse início de século.

Ivan Cruz, cofundador da Mereo, HR Tech

4 minutos min de leitura
Inovação
25 de agosto de 2025
A importância de entender como o design estratégico, apoiado por políticas públicas e gestão moderna, impulsiona o valor real das empresas e a competitividade de nações como China e Brasil.

Rodrigo Magnago

9 min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
25 de agosto de 2025
Assédio é sintoma. Cultura é causa. Como ambientes de trabalho ainda normalizam comportamentos abusivos - e por que RHs, líderes e áreas jurídicas precisam deixar a neutralidade de lado e assumir o papel de agentes de transformação. Respeito não pode ser negociável!

Viviane Gago, Facilitadora em desenvolvimento humano

5 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia, Inovação & estratégia, Tecnologia e inovação
22 de agosto de 2025
Em tempos de alta complexidade, líderes precisam de mais do que planos lineares - precisam de mapas adaptativos. Conheça o framework AIMS, ferramenta prática para navegar ambientes incertos e promover mudanças sustentáveis sem sufocar a emergência dos sistemas humanos.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

8 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Finanças, Marketing & growth
21 de agosto de 2025
Em tempos de tarifas, volta de impostos e tensão global, marcas que traduzem o cenário com clareza e reforçam sua presença local saem na frente na disputa pela confiança do consumidor.

Carolina Fernandes, CEO do hub Cubo Comunicação e host do podcast A Tecla SAP do Marketês

4 minutos min de leitura
Uncategorized, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
20 de agosto de 2025
A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais - e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

Ana Fontes

4 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital, Cultura organizacional, Inovação & estratégia
18 de agosto de 2025
O futuro chegou - e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Bruno Pedra, Gerente de estratégia de marca na Blip

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de agosto de 2025
Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas - como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas - e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Carol Zatorre, sócia e CO-CEO da Kyvo. Antropóloga e coordenadora regional do Epic Latin America

4 minutos min de leitura
Liderança, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Como a prática da meditação transformou minha forma de viver e liderar

Por José Augusto Moura, CEO da brsa

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas - e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Por Carolina Ignarra, CEO da Talento Incluir e Larissa Alves, Coordenadora de Empregabilidade da Talento Incluir

5 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)