Uncategorized, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
4 minutos min de leitura

O que move as mulheres da Geração Z a empreender?

A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais - e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.
Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME. Vice-Presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e Membro do Conselho da Presidência da República – CDESS. Presidente do W20, grupo de engajamento do G20. Conselheira da UAM/Grupo Ânima. Reconhecida no ranking Melhores Líderes do Brasil da Merco e por prêmios como: Bloomberg 500 mais influentes da América Latina 2024, Melhores e Maiores 2024, Empreendedor Social 2023, Executivo de Valor 2023 e Forbes Brasil Mulheres Mais Poderosas 2019. Autora do livro “Negócios: um assunto de mulheres - A força transformadora do empreendedorismo feminino".

Compartilhar:

O conceito de trabalho como o conhecíamos está em transformação. A Geração Z, daqueles nascidos a partir de 1997, criou uma nova lógica de carreira. Em vez de buscar uma jornada linear, que começaria com o estágio na profissão escolhida e seguiria subindo na mesma área degrau por degrau em um emprego tradicional, essa nova geração modificou tudo: Desde carreiras multi-áreas até a escolha pelo empreendedorismo, com a abertura de seus próprios negócios, sejam eles impulsionados por identificação, pela necessidade de construir uma fonte de renda extra ou uma vida com a sonhada autonomia.

Essa guinada não é fruto apenas de um desejo por independência. Ela tem raízes em fatores econômicos, sociais e culturais. De um lado, o mercado formal ainda apresenta barreiras de acesso e inclusão para as mulheres, especialmente para aquelas que vêm de contextos periféricos. De outro, há uma geração cada vez mais conectada e disposta a transformar suas habilidades em oportunidade de negócio.

Também é uma geração com mais valores ligados a propósito e consciência socioambiental.  A pesquisa “Think Consumer Goods”, conduzida pela consultoria Offerwise e divulgada pelo Google, mostra que 43% dos consumidores brasileiros já apontam a sustentabilidade como um fator determinante na decisão de uma marca. Quando olhamos especificamente para a Geração Z, esse número é ainda mais expressivo. Diversidade, inclusão e impacto social deixaram de ser diferenciais e se tornaram pré-requisitos.

Na prática, isso significa que os jovens desejam resolver problemas reais da sociedade, criar impacto positivo e, ao mesmo tempo, gerar renda. O relatório da Deloitte sobre essa faixa etária reforça esse cenário: 75% deles avaliam as ações sociais de uma empresa antes de aceitar um emprego e o mesmo critério vale na hora de empreender.

Novos formatos de negócio: dropshipping, creator economy e monetização digital

Além dos modelos tradicionais, há também o crescimento de formatos de negócio que se conectam diretamente com as características digitais dessa juventude. Por exemplo, o dropshipping, venda de produtos pela internet sem precisar manter um estoque próprio, se popularizou por exigir baixo investimento inicial e permitir uma operação 100% on-line

Outro fenômeno em expansão é a creator economy, ecossistema  dos criadores de conteúdo digital que monetizam sua audiência por meio de plataformas. Muitos começaram sua jornada empreendedora como influenciadores nas redes sociais e, a partir dessa audiência, passaram a vender produtos, serviços ou experiências. Plataformas como Instagram, TikTok e YouTube se transformaram em vitrines e canais de venda. Há ainda um aumento nos negócios de impacto social. São empreendimentos que têm como objetivo central gerar mudança social ou ambiental, algo que se conecta com os valores dessa faixa etária. Não é coincidência que esse comportamento também se reflita na escolha dos modelos de negócio.

Uma geração que redefine o sucesso

Para essa geração, sucesso não se mede apenas por lucro. Ter flexibilidade de horário, trabalhar com o que gosta e fazer a diferença na vida das pessoas são métricas igualmente importantes. Esse novo olhar sobre o mercado de trabalho ainda tem gerado impacto.

O estudo da Deloitte mostra que os jovens não querem seguir carreiras lineares, como seus pais e avós. Eles buscam projetos multifuncionais, experiências variadas e ambientes inclusivos, onde possam aprender e contribuir desde o início. Além disso, preocupações como saúde mental e qualidade de vida são decisivas: 40% da Geração Z afirmam que o nível de estresse no trabalho influencia diretamente sua decisão de permanecer ou não em uma empresa.

Papel das redes de apoio

Ao longo da minha trajetória na Rede Mulher Empreendedora (RME), tenho visto cada vez mais mulheres mais novas buscando capacitação, mentoria e conexão com outras empreendedoras. Esses espaços de troca são fundamentais para o amadurecimento de ideias e o fortalecimento dos negócios dos dois lados.

Importante lembrar que não podemos romantizar o empreendedorismo: ele ainda é bastante difícil, especialmente para as pessoas que não nasceram privilegiadas. Também não podemos confundir empreendedorismo com a precarização do trabalho – como por exemplo transformar massas de trabalhadores CLT em “PJ” que recebem muito pouco pelo serviço e chamá-los de “empreendedores”. A grande maioria não teve muita escolha.

E ainda existem desafios como, por exemplo, o acesso a crédito, a profissionalização e a superação de preconceitos estruturais. Mas é inegável: essa geração chegou para transformar o cenário do empreendedorismo no Brasil. E o melhor que podemos fazer é abrir caminhos, oferecer ferramentas e, sobretudo, escutar o que o que eles têm a dizer.

Compartilhar:

Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME. Vice-Presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e Membro do Conselho da Presidência da República – CDESS. Presidente do W20, grupo de engajamento do G20. Conselheira da UAM/Grupo Ânima. Reconhecida no ranking Melhores Líderes do Brasil da Merco e por prêmios como: Bloomberg 500 mais influentes da América Latina 2024, Melhores e Maiores 2024, Empreendedor Social 2023, Executivo de Valor 2023 e Forbes Brasil Mulheres Mais Poderosas 2019. Autora do livro “Negócios: um assunto de mulheres - A força transformadora do empreendedorismo feminino".

Artigos relacionados

O que move as mulheres da Geração Z a empreender?

A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais – e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

O fim dos chatbots? O próximo passo no futuro conversacional 

O futuro chegou – e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Como o fetiche geracional domina a agenda dos relatórios de tendência

Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas – como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas – e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Processo seletivo é a porta de entrada da inclusão

Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas – e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura
Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura
Liderança
15 lições de liderança que Simone Biles ensinou no ATD 2025 sobre resiliência, autenticidade e como transformar pressão em excelência.

Caroline Verre

8 min de leitura
Liderança
Conheça 6 abordagens práticas para que sua aprendizagem se reconfigure da melhor forma

Carol Olinda

4 min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura